#01 - MAIO 2024
Boletim Ressonâncias #01
#01 – Maio 2022
Apresentação do boletim
Por Diego Cervelin – Licene Garcia – Valéria Beatriz Araújo
Equipe editorial do boletim Ressonâncias
Quando falamos de ressonâncias, é difícil não pensar em música – e, quem sabe, em músicas que tocam mesmo na ausência de palavras encadeadas ou de todas aquelas harmonias que, vez e outra, povoam os devaneios de cada um. De fato, uma experiência de escuta, seja ela analítica ou não, implica ressonâncias, ou seja, uma sorte de transmissão das ondas através de um ou mais corpos. Mas veja-se que esse prolongamento de sons e ruídos também comporta uma boa dose de distância, contato e até mesmo de… atrito: afinal, as cordas não ressoam se não forem dedilhadas, beliscadas, marteladas, friccionadas, assim como as membranas dos tambores tampouco ressoam se não forem percutidas. E isso de tal modo que as resultantes das forças em jogo possam vibrar pelo ar, ganhando corpo e volume.
Apresentação do tema de trabalho da EBP – Seção Sul 2022
Por Louise Lhullier
Diretora da EBP – Seção Sul
O valor da escuta é amplamente reconhecido nos dias de hoje. Com a globalização, essa valorização pode ser encontrada “praticamente em todas as partes do mundo”. Como assinalou Jacques-Alan Miller recentemente, há uma aceitação ampla de que “escutar alguém dizer de suas desgraças, dizer do que se passa em sua vida e lhe é doloroso e escutar sem sancionar, sem punir, sem desaprovar […] faz bem, produz uma satisfação”.
Ao longo de sua história, a psicanálise tem enfrentado a necessidade de marcar a especificidade de sua prática e de seu discurso, como uma condição para manter-se viva e responder desde a ética que a caracteriza aos impasses atuais da civilização. Os exemplos de descaminhos não são poucos e devem nos servir de advertência.
Argumento da 3ª Jornada da EBP – Seção Sul
Por Mariana Zelis (EBP/AMP)
Coordenadora da 3ª Jornada da EBP Seção Sul.
A escuta analítica não se refere ao escutar nem ao ouvir enquanto ações de percepção dos sons, pelo sentido da audição, ou pelo sentido comum de uma frase falada. Já a definição de escuta, como ato de escutar, como lugar de onde se escuta, localiza uma diferença entre a escuta e o escutar-ouvir.
O que escuta um analista quando ouve?
Desde Freud, a escuta analítica se afastou do senso comum: a “atenção flutuante” é uma escuta que flutua entre consciente, pré-consciente e inconsciente abrindo através da associação livre, a via do deciframento, da verdade mentirosa, da ficção e das fixações do sujeito, como respostas singulares ao real da linguagem.