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nº3

EDITORIAL

Comissão editorial do boletim P U L S a R

Esta terceira edição do boletim P U L S a R contempla, logo nas Ancoragens, dois eixos temáticos de nossa jornada, a saber: o gozo desde o início da análise, escrito por Célia Ferreira Carta Winter, e as vicissitudes do gozo nas análises que duram, elaborado por Luís Francisco Espíndola Camargo. Neste espaço que permeia o início, o meio e quiçá o fim de uma análise, o farol que nos ilumina, aqui, entre outros possíveis, é o tempo, uma vez que, ao falar sobre o espaço falamos em realidade do tempo, já que nos referimos ao movimento, como aponta Miller em A erótica do tempo. Trata-se de uma erótica que inscreve as relações temporais do gozar próprio de cada ser falante.   

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Eixo 2: O gozo desde o início da análise

Célia Ferreira Carta Winter (EBP/AMP)

Quando alguém procura análise, na maioria das vezes, o que busca é alívio. O dito tão difundido de que “falar faz bem” propicia inícios com falas angustiadas, queixas, insatisfações, recriminações dirigidas ao Outro: “o parceiro que não escuta, o chefe insuportável, a família que sufoca, o mundo injusto”. O sujeitodemanda, muitas vezes, implicitamente: “escute meu sofrimento, confirme minha dor, dê sentido ao meu caos, alivie-me”. Ele busca, no analista, um Outro supostamente saber, capaz de decifrar e sanar.

Pontos de investigação EIXO 2

  • Como recolher as manifestações do gozo na queixa inicial, nos sintomas expressos por quem procura uma análise e nas formações do inconsciente?
  • Quais seriam as modalizações do dito, demonstrando implicação do falasser na queixa com a qual goza?
  • Como fazer emergir uma demanda de análise, quando há descrença no inconsciente?
  • A respeito do laço transferencial e da acolhida da demanda de análise, o que se manifesta do gozo?
  • Como se apresenta a relação entre o gozo e a ética da psicanálise no momento da entrada em análise?
  • Como se apresenta a função do analista em identificar e manejar o gozo para além da terapêutica?
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Eixo 3: As vicissitudes do gozo nas “análises que duram”

Luis Francisco Espíndola Camargo (EBP/AMP)

Ao ler pela primeira vez o título deste eixo – As vicissitudes do gozo nas análises que duram – pensei ser inevitável articular a palavra “vicissitudes” ao título da Jornada, Cadê o gozo?

O advérbio “cadê” é uma palavra genuinamente brasileira, cujo primeiro registro se encontra no livro “Contos do Sertão” (1912) de Viriato Correa 1. Trata-se de uma variação bem-sucedida de “quede”, expressão da qual surgiu o “cadê”. Um estudo realizado por Araújo2 em cartas do século XX demonstrou que essa expressão é uma contração constituída por aglutinação, assumindo a carga enfática…

Pontos de investigação EIXO 3

  • Como se relacionam o sintoma analítico e a palpitação do gozo?
  • O que ensinam as análises que duram com relação aos impasses na transferência?
  • Em relação ao gozo no corpo, como se dão seus desdobramentos no prosseguimento da análise?
  • Como se apresenta a articulação entre saber e gozo numa análise que dura?
  • O sujeito suposto saber que instaura a transferência e o suposto ler de outro modo operam de distintas maneiras no modo de gozo?
  • A respeito da estagnação gerada pela repetição e dos encaminhamentos que apontam seu atravessamento, o que as análises que duram ensinam sobre a repetição?
  • Quais as relações entre as vicissitudes do gozo e a presença do analista?
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ANCORAGENS

No princípio era o gozo: a contingência, o real, a transferência… uma primeira passagem

Adriana Rodrigues (EBP/AMP)

De maneira geral, a busca por uma análise acontece quando um encontro contingente irrompe e perturba a homeostase de um arranjo sintomático que, até então, vigorava de forma minimamente exitosa. Podemos dizer que a movimentação entre o gozo, a contingência, o real e a transferência, operam como os desencadeadores do início de uma análise. O mal-estar que se produz aparece na narrativa e nas primeiras queixas do analisante. Miller, no texto Como começam as análises, afirma que, “para ir ao analista, é preciso já ter interpretado o próprio sintoma, dando a ele um significado inconsciente, ou seja, “não sei ler isso sozinho””.

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Uma análise que dura

Gresiela Nunes da Rosa (EBP/AMP)

Quanto tempo precisa se passar para que possamos dizer que uma análise dura? Seria esse um tempo cronológico? Com Lacan aprendemos a “calcular” o tempo em outra dimensão que não a cronológica. Falamos de um tempo lógico. O tempo seria então marcado por um tipo de sucessão de acontecimentos que implicam uma consequência. Mas como pensar essa “sucessão”?

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Osso 1

Fernanda Baptista
(Participante das atividades da EBP-Sul)

Em seu texto, Célia Winter nos lembra que o analista deve estar advertido que aquele que busca um psicanalista nada sabe do seu gozo, o que ele busca é aliviar-se de seu sofrimento, mas que a aposta será justamente provocar uma torção para que se abra uma pergunta para além da queixa. Para uma pergunta supõe-se que haja uma resposta, ou muitas. O que implica em um esforço de construção. Um sentido que pode se ordenar, um ganho de saber, um tempo de decifração do inconsciente.

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Osso 2

Priscila de Sá Santos
(Participante das atividades da EBP-Sul)

As vicissitudes do gozo nas análises que duram. O texto de Luis Francisco inicia por um escrutínio de palavras. Pensa o advérbio da questão do título da Jornada e encontra na origem da palavra “cadê” a frase “o que é feito de”. “Cadê o gozo?” pode ser ouvido como “o que é feito do gozo?”. Também traz as alterações e mudanças contidas na palavra “vicissitude”, o que pode levar à variações da questão: o que é feito do gozo em uma análise que dura? Que mutações, neste percurso?

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Referências e citações – #3

Para este Boletim, o trabalho da Comissão centrou-se sobre as referências do eixo 2 e 3 da Jornada, a partir dos argumentos aportados por Célia Winter e Luis Francisco Camargo, recolhendo-as dos textos de Freud, Lacan e Miller e também de alguns testemunhos de passe.

Do eixo 3, nos interessou destacar a chave de leitura centrada sobre o gozo excesso e o gozo satisfação para tratar o paradoxo entre o prazer e o gozo. Lemos em Jesus Santiago que o “Gozo-excesso se caracteriza pela irrupção e transbordamento desse equilíbrio, gerando um desequilíbrio que se manifesta no sujeito de modo penoso e dispendioso […]. O gozo conflui para o sofrimento e o sublime se converte no horrível”, e ele acrescenta que [o] gozo-satisfação pode incluir o excesso e sintomatizá-lo uma vez que se mostra permeável aos poderes da fala.

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