Noite de Cartéis

O mais-um

Durante 2021, esta Diretoria de Cartéis se propõe dar especial destaque à função do mais-um.

A qual lógica responde um grupo de estudo, por exemplo, da psicanálise, de quatro ou cinco integrantes, para constituir-se enquanto cartel? O Cartel não é só o nome de um grupo de trabalho, mas também é, em si mesmo, um convite ao trabalho, um empurrão ao trabalho. Qual seria o lugar do mais um nesse empurrão ao trabalho?

Para isto acontecer é condição que um mais-um seja nomeado ou bastaria com que a função mais-um circulasse dentre os quatro ou cinco que se escolheram para trabalhar? Consideramos essa circulação da função como fundamental para que ela não se fixe em um único integrante que ocupe o lugar de líder do grupo. Em particular, a nossa experiência como cartelandos e mais-um nos ensina sobre a tendência transferencial que existe em todo grupo a dar consistência à função de líder e sua identificação ao ideal. Nesse sentido é função do mais-um velar pela transferência de trabalho.

Foi necessário que com Lacan o final da análise fosse interrogado para que a resolução da transferência tomasse outro rumo diferente da identificação ao analista. Foi nesse movimento que com Lacan surgiu a função do mais-um.

É essa função que nos propomos interrogar nesta Diretoria, partindo da ideia de que é uma função que não responde a protocolos e que cada sujeito, convocado pela transferência de alguns outros a ocupá-la, tem de se haver, a cada vez, com a construção singular da mesma.

Uma questão que se impõe nestes tempos de pandemia e de trabalhos on-line: Do que não podemos abrir mão sob pena de banalizar e degradar da experiência do cartel?