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SEMINÁRIOS POR CONTA E RISCO – O ULTIMÍSSIMO LACAN E ATUALIDADE CLÍNICA

Por Zelma Abdala Galesi(AP, membro da EBP/AMP)

Neste seminário iremos dimensionar a lenta mais progressiva desintegração no mundo atual da Ordem Simbólica e a ascensão da dimensão do Gozo na civilização. Não há mais o Outro para situar o gozo dos sujeitos, portanto, temos “uma desordem do real” como diz Miller. J. Lacan em “Télévision”, como consequência dessa queda do Outro simbólico.  Tratamos de dimensionar essas questões a partir da separação do Inconsciente Transferencial sintomático e o Inconsciente Real e sua relação com o Sinthoma.


Uma autorização singular. Autorizar-se a inventar um sexo[1]

Por Oscar Reymundo (EBP/AMP)

O seminário tratou dos arranjos possíveis que os seres falantes, um por um e a cada vez, na relação com a linguagem, podem inventar para posicionar-se perante os enigmas da natureza, da vida com os outros, da morte e da sexualidade, já que não podem contar com o programa da vida instintual.

O destaque dado à atualidade da descoberta freudiana com relação à inexistência no inconsciente de uma inscrição da diferença entre os sexos abriu a pergunta acerca de como a psicanálise lacaniana situa e trata a diferença entre o masculino e o feminino, considerando que não há uma fórmula que permita aos seres falantes situar-se naturalmente e sem divisões subjetivas enquanto homens e mulheres.

Partindo do ordenamento pelo significante fálico, presente no primeiro ensino lacaniano, foi abordada a problematização introduzida por Lacan ao colocar que na vida do ser falante nem tudo é discurso, que também há um corpo que goza, e inaugurando, assim, uma dimensão na qual as palavras não bastam para nomear o que agita o corpo vivo de cada ser falante. A partir daí, a disjunção entre o ser falante e o corpo que goza entra na dimensão do real de que se ocupa a psicanálise lacaniana: não existe relação, conjunção, entre o ser falante e o corpo enquanto sede do gozo pulsional.

Destacou-se, ainda, que os debates acadêmicos sobre o gênero, sobre as identidades e sobre a sexualidade que se desenvolvem em nossa cultura geram questões que interrogam alguns capítulos da teoria psicanalítica, criando situações não apenas salutares mas inevitáveis em se tratando de uma teoria, de uma clínica, de uma política e de uma ética que muito devem à cultura e que estão vivas e abertas às novas subjetividades dos tempos que correm.

Cristiane abordou, através de um caso clínico que foi acompanhado no âmbito da “Janela da Escuta”, os impasses e as invenções que foram possíveis para uma adolescente trans perante o enigma da sua sexualidade. Escutamos como, com a delicadeza do caso apresentado, os profissionais que acompanharam o processo conseguiram aprender sobre uma clínica de borda que permitiu à adolescente sentir-se acolhida e contida e  assim, sob transferência, uma passagem ao ato pôde tornar-se um ato de passagem, que precisa de um tempo de compreender para ser realizado.

[1] Resenha do Seminário oferecido “por conta e risco” do autor, nos dias 12 e 26 de maio de 2021, e que teve como convidada Cristiane Freitas da Cunha Grillo [EBP/AMP], coordenadora do Projeto “Janela da Escuta” ligado à UFMG. Tanto Oscar quanto Cristine são integrantes do “Observatório de Gênero, Biopolítica e Transexualidade ” da FAPOL.
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