skip to Main Content

Referências e Citações #4

“O ato analítico é um punhal afiado, que permite através da palavra o corte delicado entre o gozo vivificante e o gozo mortificante, entre o gozo feminino e o gozo superegoico. Permite separar o gozo feminino de seu algoz, de seu sonho mentiroso, de um parceiro que convida à eternidade, de seu preço impagável, de seu martírio sadomasoquista, de seu Deus-Diabo, de seu dono escravizador – daquele que não é nenhum ‘Ele’ encarnado e que tem um nome formulado conceitualmente por Freud como ‘Supereu’”

Guimarães, Lêda. Gozos da mulher – da devastação à vivificação. Petrópolis; KBR editora digital ltda, 2014, quarta capa.

Com a preciosa citação de nossa saudosa colega Lêda Guimarães finalizamos a contribuição da equipe de referência para a construção da VI Jornada. Registramos essa e outras citações que nos saltaram aos olhos esperando que possam ser úteis para a compreensão do palpitante tema que tem nos colocado em trabalho: o gozo e suas vicissitudes.

SIGMUND FREUD

“Estabelecemos o conceito de libido como uma força quantitativamente variável que poderia medir os processos e transformações no âmbito da excitação sexual […] essa excitação sexual é fornecida não só pelas chamadas partes sexuais, mas por todos os órgãos do corpo.”

FREUD, Sigmund (1901 – 1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). In: _____. Um caso de histeria, três ensaios sobre a teoria da sexualidade e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1980 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 7, p. 204

“O conceito de ‘sexualidade’ e, ao mesmo tempo, de pulsão sexual, teve, é verdade, de ser ampliado de modo a abranger muitas coisas que não podiam ser classificadas sob a função reprodutora, e isso provocou não pouco alarido num mundo austero, respeitável, ou simplesmente hipócrita.”

FREUD, Sigmund (1925 – 1926). Além do princípio do prazer (1920). In: _____. Além do princípio de prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 18, p.71

“Dos três fatores que reconhecemos como sendo decisivos para o sucesso ou não do tratamento analítico –a influências dos traumas, a força constitucional das pulsões e as alterações do eu– o que nos interessa aqui é apenas a segunda, a força das pulsões […]. Não, queremos dizer outra coisa, algo que pode ser grosseiramente descrito como um ‘amansamento’ (domesticação) da pulsão. […] Se nos perguntarem por quais métodos e meios esse resultado é alcançado, não será fácil achar uma resposta. Podemos apenas dizer: “So muss denn doch die Hexe dran” – a Metapsicologia da Feiticeira [remete-se à frase do Fausto de Goethe: “temos de convocar a feiticeira em nosso auxílio].”

FREUD, Sigmund (1937 – 1939). Análise terminável e interminável (1937). In: _____. Moisés e o monoteísmo, esboço de psicanálise e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 23, p.256

JACQUES LACAN

“Isso quer dizer que há alguma coisa da qual não podemos gozar. Chamemos isso de o gozo de Deus, estando aí incluído o sentido de gozo sexual.”

Lacan, J. (1975-1976) Seminário: O livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007,  p.59

“O masoquismo é o ápice do gozo dado pelo real.”

Lacan, J. (1975-1976) Seminário: O livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007,  p.76

“O que se escreve, em suma, o que seria isso? As condições de gozo. E o que se conta, o que seria? Os resíduos do gozo.” 

Lacan, J. O seminário: mais ainda, livro 20 (1972 -1973). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985, p. 177

“Basta que vocês vão olhar em Roma a estátua de Bernini para compreenderem logo que ela está gozando, não há dúvida. E do que é que ela goza? E claro que o testemunho essencial dos místicos é justamente o de dizer que eles o experimentam, mas não sabem nada dele.”

Lacan, J. (1972-1973) O Seminário, livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985, p. 103

Gozo do Outro

“E por isso que o superego, tal como apontei há pouco com o Goza!, é correlato da castração que é signo com o que se paramenta a confissão de que o  gozo do Outro, do corpo do Outro, só se promove pela infinitude.”

Lacan, J. (1972-1973) Seminário: O livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985, p.16

“Não há relação sexual porque o gozo do Outro, tornado como corpo, e sempre inadequado – perverso de um lado, no que o Outro se reduz a objeto a, e do outro, eu direi louco, enigmático.”

Lacan, J. (1972-1973) Seminário: O livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985, p.197

“O gozo do Outro do Outro, não é possível pelo simples fato de que ele não existe.”

Lacan, J. (1975-1976) Seminário: O livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007, p.54

Gozo Fálico

“Há por outro lado, o gozo dito do falo, na medida em que ele sai da relação do simbólico com o real”. 

Lacan, J. O Seminário, livro 23: o sinthoma, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. p. 54.

“O gozo dito fálico não é certamente, em si mesmo, o gozo peniano. O gozo peniano advém a propósito do imaginário, isto é, do gozo do duplo, da imagem especular, do gozo do corpo. Ele constitui propriamente os diferentes objetos que ocupam as hiâncias das quais o corpo e o suporte imaginário. […] Isso na medida em que, no sujeito que se sustenta no falasser, que é o  que designo como sendo o inconsciente, há a capacidade de conjugar a fala e o que concerne a um certo gozo, aquele dito do falo, experimentado como parasitário, devido a essa própria fala, devido ao falasser.”

Lacan, J. (1975-1976) Seminário: O livro 23: o sinthoma.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007, p.55.

Gozo Feminino

“[…] por ser não-toda, ela tem, em relação ao que designa de gozo a função fálica, um gozo suplementar”.

Lacan, J. (1973) Seminário: O livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar Ed. 1985. p. 99

“Há um gozo, já que nos atemos ao gozo, gozo do corpo, que é [..] para além do Falo”.

Lacan, J. (1973) Seminário: O livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar Ed. 1985. p. 100

“[…] Há um gozo dela sobre o qual talvez ela mesma não saiba nada a não ser que o experimenta – isto ela sabe. Ela sabe disso, certamente, quando isso acontece. Isso não acontece a elas todas”.

Lacan, J. (1973) Seminário: O livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar Ed. 1985. p. 100

 JACQUES-ALAIN MILLER

“en el análisis que dura […] es algo del orden de la cesión de libido, la retirada de la libido, de algunos elementos trazables que se extrajeron en la época de la revelación”. 

Miller, J-A. Sutilezas analíticas. Buenos Aires: Paidós, 2025, p.115

“El ojo puede -y debería- servir al cuerpo para orientarse en el mundo, para ver, y helo aquí que comienza a servir a lo que Freud llama la Schaulust, el placer de ver. Este es un placer en absoluto regulado, que desborda la finalidad vital e incluso conduce a anularla. Por eso, el Lust. Se diría que es el placer vuelto goce, y que el placer en sentido propio, según nuestro uso de los términos, se transforma en goce cuando desborda el saber del cuerpo, cuando deja de obedecerle.”

Miller, J-A. La experiencia de lo real en la cura psicoanalítica. Buenos Aires: Paidós, 2011, p. 368

“Precisamente, según mi experiencia, la Coca-Cola tiene la propiedad de que beberla da sed, y así captamos la característica esencial de este plus de gozar: al mismo tiempo que da una satisfacción, profundiza la «falta en gozar».”

Miller, J-A. La experiencia de lo real en la cura psicoanalítica. Buenos Aires: Paidós, 2011, p.256

“El rostro verdadero de aquello que se presenta como sacrificio, es goce.”

Miller, J-A. Lógicas de la vida amorosa. Buenos Aires: Manantial: 2009, p.48

“Decir que las pulsiones son míticas es considerar más bien que son un mito de lo real. Hay real bajo el mito, y ese real es el goce.”

Miller, J-A. El ser, es el deseo. Aula  do 11 de maio de 2011 do curso de J.-A.Miller, L´Un tout seul, inédito. Estabelecimento do texto: Christiane Alberti y Philippe Hellebois.

“Ahora bien, al escrutar más adelante el goce propio de la mujer (…) aísla una parte de goce (…) Y lo planteó como no-simbolizable, como indecible y como teniendo afinidad con el infinito. Se trata de un goce que no ha sido triturado por la “máquina no-sí” de la que les hablé antes. A ese goce se lo encuentra, a veces, en los sueños.”

Miller, J-A. El ser y el Uno (inédito). ¿Qué es lo real? (clase del 2 de marzo de 2011). En Freudiana, n. 61. Barcelona. ELP- Catalunya. 2011.

“El pase del parlêtre no es, pues, el testimonio de una travesía del fantasma, sino la elucidación de la relación con el goce, de cómo el sujeto cambió respecto de lo que no cambia, su modo de gozar, y cómo se elaboraron para él las variaciones de su verdad, su camino de mentira.” 

Miller, J-A. Sutilezas analíticas. Buenos Aires: Paidós, 2025, p.146

“[…] Lacan retoma al comienzo de su Seminario Aún: el gozar del cuerpo del Otro va al lugar de cierto gozar del cuerpo propio. Es decir que lo que funda eso que llamamos acto sexual es esta transferencia de goce. […] lo que se transfiere en la forma de objeto de goce es la sustracción de goce en el nivel del uso del órgano y, más generalmente, en el nivel del cuerpo propio.” 

Miller, J-A. Donc. La lógica de la cura (1993 – 1994). Buenos Aires, Ed. Paidós, 2011,  p. 475

Back To Top