Neste primeiro aporte da Comissão de Referências à VI Jornada da Seção Sul daremos destaques…
Osso 2
Flávia Cêra (EBP / AMP)
Cadê o gozo? Esse é o convite à investigação que a EBP-Seção Sul lançou para este ano. Marcia Stival compartilhou conosco os caminhos que percorreu no seu argumento que nos lançou a uma proveitosa conversa no lançamento da VI Jornada. Deixo aqui as notas do que seguiu comigo perguntando, ressoando, avançando. Nos perguntamos sobre a localização do gozo não porque ele se esconde, ele desfila na fala, nas repetições, nas queixas, ele está infiltrado na linguagem que é, justamente, como o inconsciente se estrutura. Mas o que é difícil de apreender nele? O gozo existe e não é apenas um. São pelo menos três nomeados por Lacan: gozo fálico, gozo sentido e Outro gozo. São experimentados como excesso ou como falta, mas são sempre uma presença. Lacan propôs lê-lo também em relação a cada um dos quatro discursos para estabelecer algum tipo de laço. Como cada discurso tenta dominar o gozo para que um laço seja possível? Por que o discurso analítico é o único que não busca dominar o gozo? Me parece que essa é uma pergunta que poderemos responder através da jornada clínica e também da pergunta sobre o laço e a relação que Marcia propôs para a pesquisa, sobre o que existe e o que não existe. Mas para não nos perdermos na conceitualização, lembro aqui da última Jornada da Seção Sul em que Graciela Brodsky trabalhou a relação entre gozo e discurso e apontou que o objeto a é uma bússola clínica importante que nos permite distinguir um gozo localizado de um gozo errante. Me parece que este é um desafio: encontrar os instrumentos de leitura e localização do gozo. Na ocasião do lançamento levantamos os sintomas como outra bússola importante. Que caminhos eles percorrem e o que eles nos ensinam sobre o gozo?