Teresa Pavone (EBP/AMP) É com satisfação que apresento o VIII Boletim da Seção Sul ao…
DA DIRETORIA DE CARTÉIS
Adriana Rodrigues (EBP/AMP)
Juliana Rego Silva
Maria Luiza Rovaris
Mauro Agosti
Verônica Montenegro

Escolhemos encerrar a gestão 2023-2025 da Diretoria de Cartéis e Intercâmbio da EBP Seção Sul com uma noite de encontros entre os interessados em experimentar, pela primeira vez ou não, o dispositivo criado por Lacan e destacado como central na formação do analista e na sustentação da sua Escola. Assim, realizamos na noite de 02 de abril o “Procura-se Cartel”, que se fez a partir de uma animada conversa sobre os principais pontos em relação ao que é e como se constitui um cartel.
Ao longo da atividade e como ressonância das conversas que fizemos, os temas de interesse foram surgindo, os encontros se fazendo, resultando em oito iniciativas de cartel, e muitos outros colegas apresentando e deixando seus temas de interesse para vir a formar um cartel.
O ponto final da atividade trouxe, em forma de brincadeira, algo do funcionamento dessa atividade que se destacou e que, de modo cômico, surgiu com o nome de “tinder do cartel”, numa referência ao aplicativo de encontros amorosos. Depois de muitos risos, a precisão realmente necessária aqui apareceu entre os participantes: o cartel, dispositivo central na formação do analista, funciona fundamentado na libido colocada na relação singular de cada um com o desejo de saber, com as transferências de trabalho, na relação com a escola e com o traço que conecta cada uma de modo único com a psicanálise.
Enfatizamos na ocasião que o saber de um cartel não visa um estado de completude, universalização, finalização. Busca-se decantar uma experiência, catar seu resto, apostar em seu furo. A lógica não-toda fálica abre uma brecha ética, por vezes difícil de assimilar, mas que pode nos tranquilizar dos ideais de um produto brilhante, um final almejado, o produto-fálico.
Escrever não é uma obrigação, mas é desejável que a experiência de cartel decante em um produto que poderia vir a produzir uma conversação entre vários.
Também não é indispensável que seja escrito, mas é um fato que sendo endereçado para a Escola este formato é prezado. Há algo na escrita que é produzido de modo singular, nesse processo que enlaça à teoria que resta ao que tocou de cada um, permitindo avançar em algum ponto, escancarando que mesmo num trabalho entre outros, há algo da solidão em relação à causa analítica que ali se contorna. É desejo, é enunciação, é estilo, é consentir com o furo que insiste e nos permite traçar um caminho que só descobrimos depois. Pode-se pensar que a escrita do produto só vai ser descoberta quando ela estiver finalizada. Ainda com ideias prévias, há algo da experiência do inconsciente, em relação à causa analítica e ao processo da análise, que vai permitindo tocar em pontos da teoria, diferentes, ainda que os mesmos… a cada vez, a cada cartel, a cada produto que cai.
Seguimos a lógica dos dejetos: fazemos o que dá com o que nos acontece. Dos restos e furos de muitas pessoas desejantes de se aproximarem da Escola, trabalhamos e investimos na ideia de que o Cartel pudesse estar mais “na boca” de todos nós. E é com essa perspectiva que damos as boas vindas a nova gestão da Diretoria de Cartéis e Intercâmbio da EBP Seção Sul, tendo como coordenadora a querida Maria Teresa Wendhausen. Que seja um lindo, prazeroso e frutífero trabalho!
Nossos sinceros agradecimentos à Diretoria da EBP Seção Sul por nos confiar a oportunidade de desenvolver essa função tão especial!