#05 - Outubro 2022
Boletim Ressonâncias #04
#04 – Setembro 2022
Editorial
Diego Cervelin – Licene Garcia – Valéria Beatriz Araújo
Equipe editorial do boletim Ressonâncias
Colegas,
Neste quarto número de RESSONÂNCIAS contaremos, em primeiro lugar, com as instigações apresentadas por Valesca Lopes em torno da terceira atividade preparatória da 3ª Jornada da EBP-Seção Sul: A escuta analítica, que tratou do eixo político proposto Flávia Cêra (EBP/AMP), “Ecos dos corpos, ecos do Outro”, comentado pela colega Lucíola Freitas de Macêdo (EBP/AMP). Valesca, extraindo ressonâncias do que foi apresentado, faz ecoar a centralidade da política do sintoma, tanto em sua vertente identidade quanto ao que se remete a sua própria opacidade.
Ressonâncias da terceira preparatória da 3a Jornada da EBP-SUL
Valesca Lopes
Coordenadora do CIEN-SC
Antes da abertura da 3a Atividade Preparatória da 3a Jornada da Seção Sul é apresentado um clip da música de Marisa Monte e Jorge Drexler onde o som ecoa “Vento que levanta a onda, que carrega o barco, que ondula o mar”, “o vento que é movimento do ar” e ainda, “vamos levantar a vela, abrir a janela, ventilar a dor”. A psicanálise possibilita operar com a falta, produzir movimento. Um saber fazer com o sintoma, um fazer de outra maneira. Éric Laurent afirma que “o analista assume a responsabilidade da escuta para fazer surgir a presença de um sentido diferente do senso comum, de uma parte do discurso que sempre escapa. A isso se acrescenta a crença do analisando de que o analista tem em seu poder o saber no lugar do objeto demandado. Qualquer demanda implica a escuta, o silêncio da escuta como lugar reservado ao que, naquilo que se diz, excede a intenção. Essa escuta silenciosa vem marcar o lugar do desejo que, no discurso, se ignora.”
A arte de bem ouvir e o acontecimento imprevisto
Cleudes Maria Slongo
Membro EBP/AMP
Recolhido em seu silêncio o analista não se pronuncia. Espera e se cala, para que o outro – único sujeito em jogo no dispositivo – fale. Para tanto, deve poder suportar sua posição de objeto de um vazio para que se produza um saber na experiência analítica e que ao final, no momento de concluir, possa ser depurado. “O calar-se contém um valor tático e estratégico na direção do tratamento; é um modo de deixar seu curso ao trabalho do inconsciente”[i]. É também o silêncio da prudência, da discrição que alcança seu limite no encontro com o instante oportuno ou, como diria Freud, no instante preciso em que o leão salta.
Escansão
Juan Cruz Galigniana
Participante da Comissão de Referências Bibliográficas
Em um tempo em que as modalidades de escuta se multiplicam e intensificam as tentativas de constranger o discurso psicanalítico a uma lógica toda e à institucionalização do saber, Laurent aborda as singularidades atuais da escuta psicanalítica. Ele delineia um pouco da trajetória percorrida pela noção de interpretação do primeiro ao último ensino, da interpretação tradução à interpretação assemântica e o escrito.