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Boletim Corpografias #2

#02 – JUNHO 2024

EDITORIAL

Comissão do Boletim: Juan Cruz Galigniana (Coord.), Andrea Tochetto, Luciana Romagnolli, Paula Nocquet, Silvia Lazarini

Nesta edição do boletim trazemos algumas repercussões da primeira noite preparatória da 5° Jornada da Ebp-Seção Sul, em que foi apresentado o eixo: “O interpretador é o analisando”. Nele, Liège Goulart convida-nos a indagar sobre “qual a função do analista que segue seu analisando interpretador?” e levanta uma provocação assertiva e instigante: “Como opera o discurso analítico para tocar o corpo aprisionado e extrair um outro corpo?” Questões em aberto que, dentre outras propostas pelo eixo, servem de orientação para a problematização da clínica atual e para a busca de maneiras de operar que permitam a uma análise, no caso a caso, “pescar e destacar o lugar de onde isso goza”.

Kandinsky, “Kleines Warm” (1928)

O interpretador é o analisando

Liège Goulart (EBP/AMP)

Para que uma análise aconteça, é necessário instaurar a máquina do sentido: recolher, dos ditos, os tropeços, os lapsos, os significantes privilegiados que fazem laço para esse sujeito, sujeito ao fantasma; recolher as mensagens cifradas e acolher o deciframento interpretativo que o próprio sujeito do inconsciente já realiza.

Kandinsky, “Yellow, red, blue“ (1925)

O interpretador é o analisante, sendo que o corpo é o dele.

Gilberto Rudeck da Fonseca (EBP/AMP)

Inicio com esta afirmação que não é cheia de equívocos. De que  corpo estamos falando? Resultado de um discurso do qual o  corpo é seu suporte. Quando partimos do gozo, “isso quer dizer que o corpo não é inteiramente só, que há um corpo”, pode  haver nesta história vários corpos aprisionados, e até uma séries  de corpos.

Kandinsky, “Ohne Titel” (1940)

O interpretador é o analisando?

Gustavo Ramos (EBP/AMP)

À primeira vista, o título deste eixo me causou um certo estranhamento. Como assim o interpretador é o analisando? Se formos partir desse ponto, qual seria, então, a função do analista? Qual a função do analista diante de um equívoco do analisando? É por essa via que minha questão de cartel se delineou.

Não é todo o equívoco que vai servir de material para a interpretação e é por esse motivo que Lacan vai desmistificá-lo ao dizer que é ele, o equívoco, quem faz explodir as ficções. Estas estão contaminadas pelos traços do Outro…

Franz W. Seiwert, “Stark Abstrahierte Halbfigur” (1920)

A interpretação na orientação pelo real

Samyra Assad (EBP/AMP)

Pergunto-me se o fato de que o “O interpretador é o analisando”, tal como Lacan o diz na página 224 em seu Seminário 19, “…ou pior”, corresponderia a uma interpretação simbólica, que se dirige à verdade, via uma interpretação que se dirige ao ser, à ficção.

Ainda que isso faça parte de um percurso analítico, essa proposição me fez pensar em um passo além, já que o Seminário 19 antecede ao último e ao ultimíssimo ensino de Lacan, a partir do desenvolvimento da noção do UM, de uma ex-sistência que faz parte do corpo como suporte do discurso, terreno primitivo da marca de uma língua.

Kandinsky, “Ineinander (Intermingling)” (1928)

O corpo na interpretação

Paula Nocquet

O título do eixo O interpretador é o analisante tão logo me remete ao inconsciente intérprete que propõe J-A Miller. O inconsciente é o nosso primeiro intérprete e se oferece à interpretação, como vemos nos sonhos. É o inconsciente que bem conhecemos, um grande trabalhador de ciframentos que Freud  nos deu tantas provas. Ainda que em partes uma análise possa consistir em uma interpretação com efeito de sentido, aportando S2, é preciso em algum momento que, ao em vez  de favorecer a produção de sentido, isso se esvazie, isolando os S1. Assim, temos a primeira e segunda clínica que não se excluem, mas, se referem a formas diferentes de pensar  o inconsciente e, talvez, formas diferentes de pensar o corpo.

A interpretação e seus entre-laços

Verónica Montenegro
Picasso, “Girl before a mirror (1932)

Os corpos flóridos I” – Francisco Faria – Técnica mista, 200×180 cm. 1992.

Baptista, J.V & Faria, F. Corpografias: Autópsia poética das passagens. São Paulo, Ed. Iluminuras, 1992, p. 51.

A duração do ato

Cauana Mestre
Lygia Clark, “Composição” (1953)

A criança e o seu dizer

Soledad Torres

Para o discurso analítico a criança é quem é “sujeito suposto saber”, igual é o adulto.  Lembremos que desde a descoberta freudiana da sexualidade infantil perversa-polimorfa, a criança passou a ser escutada como um sujeito em pleno exercício em relação ao inconsciente, o desejo e o gozo que a habita.

Daniel Roy (2023), no seu texto Sonhos e fantasmas na criança, nos diz…

Henry L. Saÿen, “Daugther in a rocker” (1918)

Envio de trabalhos

Nova playlist proposta pela comissão de acolhimento:


Diretoria – Célia Ferreira Carta Winter, Mariana Zelis, Teresa Pavone, Adriana Rodrigues

Coordenação – Gresiela Nunes da Rosa (EBP/AMP)

Comissão de Boletim: Juan Cruz Galigniana (coord.), Andrea Tochetto, Luciana Romagnolli, Paula Nocquet e Sílvia Lazarini.

Criação e Editoração: Bruno Senna – sennabruno@gmail.com

 

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