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Abertura da VI Jornada da EBP – Seção Sul

Marcia Stival (EBP/AMP)

A construção da VI Jornada da EBP-Seção Sul teve como uma das primeiras iniciativas a concepção do título.

A visada era tratar de um tema que conversasse com o aforisma lacaniano “Não há relação sexual”, transformado em título para o próximo Congresso da Associação Mundial de Psicanálise. O tom foi encontrado quando a referência à fala de praticantes, sobre seus analisantes, trouxe à tona o desejo de saber sobre o gozo.

Então, do encontro entre o escutado em supervisões e a escritura lógica do aforisma, uma questão surgiu: Cadê o gozo? Já se decantava uma proposta de localização.

Com o resgate de significantes surgidos em atividades da EBP-Seção Sul, a estruturação do subtítulo foi tecida. Evidenciou-se o interesse pelos ecos da atualidade, nos posicionamentos dos falasseres que buscam análise. E como fica o gozo em tempos diferentes de uma experiência analítica? Desse percurso, adveio o título: Cadê o gozo? O que diz a época e a clínica.

E o tempo ganhou lugar, remetendo a significantes como urgência, entrevistas preliminares, início de uma análise, experiências que duram.

A direção que estávamos propondo para dimensionar o gozo, nesta altura, abarcava a localização e o tempo. Outros horizontes surgiram à medida que as atividades preparatórias aconteceram. Fizemos três encontros híbridos, realizados a partir dos espaços da Seção Sul. Encontros pontuais, que visavam introduzir uma base para a investigação, a partir do argumento e dos três eixos que foram nomeados: o gozo e a época, o gozo desde o início das análises e vicissitudes do gozo nas análises que duram.

Entre as preparatórias, realizamos encontros com praticantes da Psicanálise residentes em outras cidades e estudantes de Psicologia inscritos em Ligas de Acadêmicos. Foram oportunidades para abordar o tema da Jornada e salientar o trabalho da Seção Sul, evidenciando que a proposta de um dos cartéis formados para esta Jornada, tratando do gozo e da Escola, vinha num bom momento.

Dessa maneira, levar até os jovens o trabalho e o foco de pesquisa da EBP-Seção Sul colocou em pauta a articulação entre a época que vivemos, a clínica e a política da psicanálise.

O período preparatório contou com a preparação de boletins que, como o próprio nome adiantava, fez PULSaR o interesse pelo “gozo, suas vicissitudes, sua gramática, sua contingência, seu possível e seu impossível”[1], como disse a Comissão de Boletins. Neles, bibliografias escolhidas com precisão. Foram extrações de passagens de textos e comentários que ecoaram de maneira orientadora.

Uma identidade visual foi elaborada e esteve presente nas variadas formas de divulgação da Jornada e dos conteúdos produzidos. Foi um dos modos encontrados para enlaçar os trabalhos das Comissões, cada qual com suas funções e especificidades, mas que conversaram ao longo desses meses.

Como ressonâncias desse período preparatório, saliento a quantidade de textos enviados, visando apresentação, bem como o número relevante de inscritos para uma Jornada presencial e, principalmente, as transferências de trabalho que se efetivaram.

Dias antes de escrever esta abertura, deparei-me com a seguinte frase de Jacques-Alain Miller: “O tempo me conduz ao lugar e eu adicionei o laço.”[2]

Houve uma alternância na sequência com que os significantes se apresentaram, mas estiveram presentes na construção desta Jornada.

Pelo laço de trabalho já iniciado, meus agradecimentos:

a Marina Recalde e a Ondina Machado, nossas convidadas;

à diretoria da EBP-Seção Sul, pela confiança que me depositou e pelas experiências ensinantes;

aos colegas com quem tive trocas valiosas e orientadoras, em diferentes momentos;

aos colegas que aceitaram coordenar e fazer parte das Comissões: Epistêmica, de Infraestrutura, de Boletins, de Referências, de Divulgação, de Acolhimento e Psicanálise nas Cidades;

a Cleci, secretária da Seção Sul;

a Edson Mohr, bibliotecário da EBP-Seção Sul;

a Bruno Senna, designer responsável pela parte visual e gráfica da VI Jornada;

a cada um que se debruçou e escreveu textos para a Jornada, aos comentadores e coordenadores das mesas.

As experiências do período preparatório se encerraram. Agora, nos caberá fazer desta Jornada um bom encontro. E é isso o que desejo para nós.


[1] CERVELIN, Diego; ARAÚJO, Valéria Beatriz; BAPTISTA, Fernanda; SANTOS, Priscila Sá. Um osso… em torno do tempo e daquilo que ele permite localizar. In: Boletim PULSaR 4

[2] MILLER, Jacques-Alain. El lugar y el lazo. Los cursos psicoanalíticos de Jacques-Alain Miller. Buenos Aires: Paidós, 2013, p. 12.

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