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Osso 2

Priscila de Sá Santos
(Participante das atividades da EBP-Sul)

As vicissitudes do gozo nas análises que duram. O texto de Luis Francisco inicia por um escrutínio de palavras. Pensa o advérbio da questão do título da Jornada e encontra na origem da palavra “cadê” a frase “o que é feito de”. “Cadê o gozo?” pode ser ouvido como “o que é feito do gozo?”. Também traz as alterações e mudanças contidas na palavra “vicissitude”, o que pode levar à variações da questão: o que é feito do gozo em uma análise que dura? Que mutações, neste percurso?

A proposta do texto do Eixo 3 abre a discussão para pensarmos sobre as transformações e dificuldades que ocorrem nesse processo que é seguir com uma análise. Inicialmente são vários e notáveis os efeitos. Há retificações, nomeações e leituras que perturbam a defesa e deslocam os sintomas. Mas até que isso tudo dê lugar a um final, ou ao menos se aproxime do sinthoma, há esse tempo que Miller[1] chama de “intermediário”. Um tempo marcado por outro ritmo, onde as mutações – e as vicissitudes – do gozo estão em questão: perda ou ganho de gozo? Perda e ganho de gozo? O que se passa quando estão em jogo a repetição e a iteração na transferência, as vacilações, o real como inércia?

A conversação da preparatória trouxe alguns apontamentos: o inconsciente intermedia a relação entre saber e gozo e em uma análise que segue, o discurso do analisante passa por uma redução e, como diz Jorge Assef[2], se organiza em torno daquilo que insiste. Quando o excesso e o sofrimento podem ser cedidos pela experiência de um gozo-satisfação – e quando o serviço ao Outro é descartado – como ensina o passe de Carolina Koretsky, há, de fato, uma recuperação de gozo, e um “gozar se machucando menos”, como diz Ana Aromi[3], citada no início das discussões propostas pelo Pulsar.

Outras questões interessantes também surgiram: que tempo para dizer que uma análise dura? Como considerar as análises com psicóticos, em relação à duração? De que forma tomar as dificuldades que acontecem em relação à repetição e à transferência, nas análises que duram?

São muitas e férteis as considerações sobre o tempo e os caminhos do gozo na análise, e esperamos que elas sigam para a escrita dos trabalhos e para as conversações que teremos na Jornada. Até breve!


[1] Miller, J.A. Sutilezas analíticas. Buenos Aires: Paidós, 2012.

[2] Assef, J. O tiempo intermedio de un análisis. In: CYTHERE – Revista de la Rede Universitaria Americana. N1. Agosto, 2018. 

[3] Aromí, A. Vamos lá! In: Opção Lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise, São Paulo, n. 89, p. 79, dez. 2024.

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