Flávia Cêra (EBP / AMP) Cadê o gozo? Esse é o convite à investigação que…
Referências e citações – 1
Neste primeiro aporte da Comissão de Referências à VI Jornada da Seção Sul daremos destaques às citações de alguns autores que foram lembrados no debate na Atividade de Abertura da Jornada.
E também, como não faltaram adjetivações para o gozo nessa primeira atividade: Gozo obscuro, gozo singular, gozo fálico, gozo do Um, gozo do blá-blá-blá, gozo do Ⱥ (Outro barrado) e gozo do sentido, estamos indicando, como leitura inicial, o texto “Os Seis Paradigmas do Gozo” de Jacques-Alain Miller. Nele, Miller organiza, recorta, localiza o que ele nomeia a doutrina do gozo no ensino de Lacan, situando-a nos Seminários e nos Escritos. Nesse condensado de três aulas de seu curso de 1999, JAM, como nós, se pergunta, “cadê o gozo”, ao mesmo tempo em que localiza, a cada momento, de qual gozo se trata na relação com os três registros Imaginário, Simbólico e Real, propondo assim outra chave de leitura, outros nomes, à miríade de termos do nosso debate inicial e elevando-os ao estatuto de paradigmas: Gozo imaginarizado, gozo significantizado, gozo impossível (ou real), gozo normal, gozo discursivo e o gozo Uno (ou da não relação, gozo sem Outro). É um escrutinamento que serve como guia para nos orientar na leitura sobre o gozo, não só em Lacan, mas também em Freud, se acrescentamos os significantes libido e satisfação que são pertinentes ao conceito de gozo.
Miller, J-A – Os seis paradigmas do gozo – In: Opção Lacaniana online Opção Lacaniana online nova série Ano 3 • Número 7 • março 2012. Disponível em http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_7/Os_seis_paradigmas_do_gozo.pdf. Acesso em: 08.06.25.
Das citações:
Graciela Brodsky – “A expressão um gozo contínuo daria para uma conferência inteira. Porque o que ninguém me perguntou ainda (…) é a relação entre o gozo opaco, impossível de capturar, do que não se pode falar, do que não se sabe nada, com o que Lacan chamou de gozo feminino. (…) era isso que Lacan chamou alguma vez de o gozo da vida, não o gozo do objeto a, não é o gozo fantasmático, mas o gozo da vida.”
BRODSKY, G., O Suporte corporal. Conferência realizada no V Jornada da EBP-Sul ocorrida em 05.10.24 em Florianópolis/SC, disponível no Boletim Modos de Usar #8: https://ebp.org.br/sul/o-suporte-corporal/. Acesso em: 06.06.25
Jacques-Lacan – “…bastaria a ascensão ao Zênite social do objeto que chamo pequeno a, pelo efeito de angústia provocado pelo esvaziamento com que nosso discurso o produz, por faltar à sua produção. (…) é por tal queda que o significante recai no signo, a prova disso é dada, entre nós, pelo fato de que, quando não se sabe a que santo recorrer(…), compra-se qualquer coisa, um carro, em especial, com o qual se dá sinal de inteligência, digamos, do próprio tédio, ou seja, do afeto do desejo de Outra-coisa”.
LACAN, J., Radiofonia. In Outro escritos. Rio de Janeiro: JZE, 2003. p. 411-412.
Jacques-Alain Miller – “A prática freudiana abriu caminho ao que se manifestou (…) como uma “liberação do gozo”. A prática freudiana antecipou a ascensão do objeto a ao Zênite social, ela contribuiu para instalar essa ascensão (…). A prática lacaniana tem de lidar com as consequências desse sucesso sensacional. Consequências ressentidas como da ordem da catástrofe. A ditadura do mais-de-gozar devasta a natureza, faz romper casamentos, dispersa a família, remaneja o corpo, não apenas nos aspectos da cirurgia estética, ou da dieta (…) ela realiza também uma intervenção muito mais profunda sobre o corpo”.
MILLER, J-A. Uma fantasia. IV Congresso de la AMP – 2004 – Comandatuba – Bahia. Brasil. Disponível em: https://2012.congresoamp.com/pt/template.php?file=Textos/Conferencia-de-Jacques-Alain-Miller-en-Comandatuba.html
Comissão de Referências
Gleuza Salomon, Laureci Nunes (coord.), Mauro Agosti Marchitelli, Paula Moreau e Paula Nocquet (coord.)