skip to Main Content

Osso 1

Mariana Zelis (EBP / AMP)

Foi lançado o argumento para a VI Jornada da Seção Sul: Cadê o gozo? O que diz a época e a clínica, apresentado por Márcia Stival. A pergunta, em seu contexto clínico e político, orientará nosso trabalho de pesquisa e abriu uma rica discussão na primeira preparatória realizada.

Se esta pergunta pressupõe um lugar, que lugar seria para o gozo? Ou melhor, de que lugar falamos?

O argumento desdobra várias linhas de pesquisa, pinçarei três.

A partir dos discursos como lugares e funções nos quais, segundo o argumento, “pressupomos que há um trato diferenciado em relação ao gozo, conforme o discurso em questão. Aí já temos pistas: o gozo ocupa um lugar. Ele acontece no corpo ou toca o corpo, que é suporte do discurso[1]”.

A partir do sintoma como bússola para ler e interpretar o que envelopa o modo singular de gozo.

E a questão que considero fundamental do argumento e abre a pesquisa sobre os sintomas contemporâneos: “Se a ordem não é dada pelo Nome-do-Pai, o Outro do Outro, o que assume o ordenamento é o dizer. Com isso, a leitura da época assume valor de relevância por que o dizer, que inclui o corpo, é também o que favorece os laços entre os corpos falantes?[2]”.

O que nos levaria a perguntar, o que regularia o gozo na contemporaneidade?

Quando o S2 que barra o gozo (S1) e produz uma significação como bússola na vida subjetiva já não opera como função, o que estaria no seu lugar? Identificações rígidas que cristalizam em identidades?

Por último retomo a pergunta, de que lugar falamos?

Lacan abordou o lugar em termos topo-lógico encontrando assim uma ferramenta para cernir e transmitir o que não é transmissível, o gozo, o real da psicanálise, o que o significante não poderá absorver, um topos que estabelece uma intima extimidade subjetiva. Assim, com a introdução da topologia dos nós, os gozos pluralizados podem ser localizados fazendo bordas entre os três registros, o gozo fálico, o gozo do sentido e o gozo Outro, se deslocando de acordo ao momento nodal subjetivo[3].

Uma questão de pesquisa!


[1] Lacan, J. O Seminário, livro 19: … ou pior. Rio de Janeiro: Zahar, 2012, p. 221

[2] Stival, M. Argumento da VI Jornada Seção Sul. Cadê o gozo? O que diz a época e a clínica.

[3] Lacan, J. O Seminário, livro 23: o sinthoma. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 47.

Back To Top