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Editorial Modos de Usar #08

Teresa Pavone (EBP/AMP)

Wassily Kandinsky

É com satisfação que apresento o VIII Boletim da Seção Sul ao modo de conclusão de um tempo de muito trabalho que consolidou a fundação da Seção Sul junto a tantos colegas trabalhadores decididos debruçados sobre o ensino de Lacan e sobre a prática da Psicanálise. Como diretora de Biblioteca e editora do Boletim Modos de Usar durante estes quatros primeiros anos de trabalho da Seção Sul, deixo aqui expressos meus agradecimentos aos colegas e parceiros que compuseram as instâncias da Seção Sul nas gestões de 2019 a 2022  e  de 2022 a 2025. Os textos que seguem tratam da extração de pontos cruciais, de elaborações vivas e contundentes, de trabalhos realizados no estilo particular de membros e de participantes da Seção Sul e do Uno que rege a Seção Sul e a EBP, e, especialmente, trata das ações e atividades ocorridas no último semestre de 2024 e início de 2025.

O primeiro  texto é o de Nohemí Brown, presidente do Conselho da EBP da Seção Sul, trazendo notícias do Seminário do Conselho: Onde Estou no Dizer – Enunciação e Experiência, que trabalhou sobre o texto de Miller “ A Teoria de Turim: sobre o sujeito da Escola”.  Ela comenta dois trabalhos de  participantes do seminário que apresentaram trabalho, Gresiela Nunes da Rosa e Artur Cipriani. Ela  destaca  uma pergunta disparadora do trabalho e que  “reverbera” nos dois textos comentados e diz  considerar que cada um dos textos, à sua maneira, visa elucidar ou pontuar: O que é a Escola Sujeito?  Afirma a importância de não se ter de antemão uma resposta. Ela escreve: é importante não dar por suposto o que isso quer dizer. Essa é a pergunta que se abre inclusive já com o título do texto de Jacques-Alain Miller, a que se refere quando fala do Sujeito da Escola? Sujeito dividido? Sujeito barrado? Sujeito suposto saber? Após os destaques e elaborações de Nohemí, segue na íntegra o texto de Graziela Nunes da Rosa (membro da EBP/AMP) cujo título é  “Todo contato é crise” e o de Artur Cipriani, participante da Nova Política da Juventude, “Onde estou no dizer?” .

O texto de Célia Carta Winter “Entre panfletos e gelatinas: A escuta do real na Nova Política da Juventude”, na mesma linha, trata do Seminário da Diretoria (2024):  A Experiência de  Escola

 e de sua ação em relação à Nova Política da Juventude. Célia comenta dois trabalhos apresentados nesse seminário por participantes da Nova Política da Juventude: o de Mariana Dias – “Uma experiência com a Escola e a NPJ: notas de rodapé” , e o de Paula Nathalie Nocquet – “A transferência de trabalho e o panfleto”. Destaco dois parágrafos do texto de Célia, que com certeza despertará o agudo interesse de leitura dos textos dessa seção do Boletim:

Há gestos que carregam em si o germe de um futuro. Lacan, ao entregar panfletos a Miller, faz um ato. Paula Nocquet e Mariana Dias, em seus textos para a Nova Política da Juventude (NPJ), seguem essa trilha: uma com a solidez de quem aposta na causa analítica, outra com a leveza de quem sonha gelatinas tricolores. 

Paula fala de transferência de trabalho; Mariana, de sonhos que rabiscam carteiras. O que une esses fios? A noção de que a formação analítica é um banquete de restos, onde se come o Dasein com colher de poesia.

Adriana, diretora de Cartel, e sua comissão comentam sobre a última atividade da diretoria, a Noite de “Procura-se Cartel”, que, segundo ela, ocorreu de forma descontraída e divertida, mas que teve o efeito de formar vários cartéis. A conversa e discussão não deixaram de ter o mérito de elaborações preciosas acerca do trabalho de cartel e de sua função no ensino de Lacan. Assim escrevem sobre a atividade:

Enfatizamos na ocasião que o saber de um  cartel não visa um estado de completude, universalização, finalização. Busca-se decantar uma experiência, catar seu resto, apostar em seu furo. A lógica não-toda fálica abre uma brecha ética, por vezes difícil de assimilar, mas que pode nos tranquilizar dos ideais de um produto brilhante, um final almejado, o produto-fálico.

Por último figuram neste Boletim os comentários precisos e provocativos das Noites de Biblioteca que ocorreram no segundo semestre de 2024 e estimularam ricas conversações para a reflexão da política, da clínica e do epistêmico da psicanálise de orientação lacaniana. Valéria Beatriz Araújo escreve sobre a Noite de Biblioteca que contemplou a apresentação do livro de  Henri Kaufmanner e ressalta  que o livro é uma obra que toca de perto o mal estar contemporâneo. E desenvolve sobre dois aspectos da sua leitura: O estatuto da morte em nosso tempo e o arrebatamento.

A Noite de Biblioteca que ocorreu no âmbito da Universidade Federal de Florianópolis no dia 03 de outubro teve Graciela Brodsky como convidada apresentando seu livro: “Los psicoanalistas y el deseo de enseñar”, e  segue comentada por Paula Lermen.  Paula sistematizou perguntas cruciais para desenvolver seus comentários sobre esta especial Noite de Biblioteca. São elas: “O que um analista deve saber?” e “Por que se ensina?”

Da primeira questão destaco o trecho: Todos os discursos estão assentados sobre a falta, nos diz Graciela, mas alguns discursos se ocupam de desvelar a falta, como o histérico, e outros se empenham em escamoteá-la, como o universitário, que busca tamponar toda falta com saber, com o saber-todo.  Da segunda interrogação recorto, entre tantos outros pontos dignos de destaque:  A transmissão inclui o gozo, o sintoma, é uma solução que amarra algo para aquele que transmite [5]. Lacan se dizia um “perfeito histérico” [6], e seu ensino que “não concede nada ao Outro” [7] continuamente produz o efeito de produzir desejo.

Sobre a última Noite de Biblioteca de 2024, Psicanálise conexão Cinema, a convidada foi Heloísa Caldas (AME,EBP/AMP), que  fez uma apresentação sobre o  filme “A voz humana”, de Pedro Almodóvar,  e é Mariana Zelis, diretora tesoureira e de Secretaria da EBP- Seção Sul,  que faz seus comentários para o Boletim a  partir da questão que a mobilizou e que considera como uma questão condensadora da discussão que ocorreu naquela Noite de Biblioteca. Mariana escreve: Poderia  resumir numa pergunta o eixo do debate dessa noite: Haveria alguma saída para o amor devastação que não seja pela via mortífera?  Com certeza este como todos os outros textos deste Boletim vale a pena a sua leitura!

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