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Atividades da Diretoria de Cartéis e Intercâmbio. 1º semestre 2022

Arte: Marinela Goulart

O objetivo de pesquisa que esta Diretoria se deu ao assumir está centrado na função do Mais-Um. Inicialmente, tratou-se de aprofundar nessa função no trabalho do dispositivo Cartel. Com o decorrer do trabalho foi se recolocando a questão em termos da relação da função Mais-Um com a Escola.

O Cartel como laço com a Escola”.

Oscar Reymundo (EBP/AMP)

Dentre os pontos desenvolvidos por Rômulo Ferreira da Silva (EBP/AMP) na sua rica intervenção cabe destacar:

A concepção do que é uma Escola de psicanálise determina o que é o cartel. Assim, é indicado que haja, ao menos, uma experiência de cartel para que se vislumbre a entrada como membro da Escola, pois ela é uma experiência de cartel ampliado ao extremo. O Mais-Um que proporciona avanços sobre o tema do cartel, volta ao ponto inicial da formação de cartel como cartelizante em nova empreitada. Trata-se de um movimento nem sempre fácil de sustentar porque a função do Mais-Um frequentemente esbarra com a função do mestre. Rômulo também fundamentou a ideia de que o cartel não existe sem uma Escola. Ele faz parte de um tecido no qual os pontos de amarração lhe dão sustentação, e a partir de cada uma dessas pequenas dobras, amarradas uma a uma, uma Escola se constitui.

Noite de Intercâmbio – Feminino e Violência

 Valeria Beatriz Araujo
Diego Cervelin

Do texto apresentado pela colega Blanca Musachi, “Subversivo feminino”, destacamos:

Blanca trouxe para a atividade de intercâmbio questões fundamentais para o tema do feminino, referido enquanto “alteridade e enigma, tanto para homens como para mulheres. […] alteridade radical, como diferença absoluta”. O feminino enquanto gozo como tal, do indizível, uma demonstração daquilo que Lacan assinala em relação à mudez das mulheres.

Mas, que silêncio é esse? Pergunta-se Blanca. O percurso de sua reflexão nos leva ao silêncio de um impossível de dizer, silêncio não como taceo, mas como sileo, solidário de um furo da significação.

De Freud a Lacan, passando também por Miller, Blanca aponta para a retomada que Lacan fará da recusa do feminino como um limite freudiano para a cura, avançando para uma direção da análise que conduz a um consentimento com esse não todo. Com Miller, ela nos traz a diferença entre recusa e rechaço, numa leitura que aponta para a recusa do feminino tendo a ver com os semblantes e o rechaço no nível da defesa do feminino, sendo uma de suas formas a violência contra as mulheres, bem como a segregação e o racismo.

Do texto apresentado por Fernanda Martins (Doutora em Ciências Criminais pela UFSC e professora do curso de Mestrado em Direitos Humanos da UniRitter), destacamos uma leitura muito atenta, estratificada e pungente em torno dos modos pelos quais um sujeito – e, nesse caso, especialmente os corpos feminizados – pode ser apreendido no significante. Ao retomar a precarização da vida e a forma como ela se reverte no cotidiano jurídico brasileiro, Fernanda Martins também destacou que há uma dificuldade considerável inclusive em situar a violência: ela pode ser tudo e nada ao mesmo tempo, precisamente porque, na subsunção dos fatos à letra da lei, nem sempre os conflitos são individualizados, produzindo e desdobrando preconceitos mais ou menos velados, mas de efeitos palpáveis. Destacando, então, os esforços da sociedade, da academia e do próprio Estado por tornar inteligíveis os múltiplos atravessamentos dessa questão sistêmica, Fernanda Martins não deixa de perguntar se uma luta social necessariamente precisa desaguar no Direito.

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