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HOMENS E MULHERES

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Silvia Tendlarz (EOL/AMP)

No Seminário 18, Lacan afirma que homem e mulher são significantes, feitos do discurso, que estão em relação com o semblante. Isso não significa que não se ponha em jogo o real do gozo, mas não se trata de uma distinção puramente anatômica. Freud coloca uma distinção entre masculino e feminino, em uma oposição entre atividade, do lado do masculino, e passividade, do lado do feminino, em relação ao conceito de falo. Em contrapartida, Lacan propõe dois tipos de gozo que determinam as posições do sujeito no lado masculino ou feminino: um gozo masculino e um gozo feminino “não todo” em relação ao falo. Do lado feminino das fórmulas da sexuação, não é que não se esteja em relação ao falo, mas não toda. Por outro lado, nenhuma dessas posições é exclusiva aos homens ou às mulheres, mas depende da posição do sujeito. A explosão do gênero contemporâneo produz inovações semânticas para nomear esses estilos de gozo pelos quais os sujeitos se reconhecem. Portanto, os seres falantes incluídos no discurso, se distribuem em posições sexuadas que correspondem à sua experiência de gozo.

  1. A clínica dos sexos

O falo, enquanto significante do gozo é um semblante por excelência. O véu com o qual se apresenta dá conta disso. Na dialética entre ser e ter, torna-se uma função frente à qual os sexos são distribuídos. O semblante é uma mistura de imaginário e simbólico em oposição ao real. A natureza está cheia de semblantes e não se confundem com o real. Da mesma forma que o semblante nos permite questionar o que é um homem e o que é uma mulher.

A assunção do sexo, em Lacan, concerne a uma antinomia estrutural. Jacques-Alain Miller ressalta que, a princípio, aparece uma ameaça sobre a vertente masculina, e uma privação sobre a feminina, de acordo com a leitura freudiana de “Análise Terminal e Interminável”. Em seguida, aparece a separação entre o sexo biológico e o “consentimento” que o sujeito dá a essa sexuação biológica. A assunção está ligada à aprovação do sujeito à sua sexuação, pelo que “fazer-se ser” concerne, primeiro, a uma identificação. Por isso, se pergunta: “Sob que condições um sujeito pode proferir um ‘[eu] sou’ na ordem sexual?”  Isso deixa aberta uma clínica da diversidade sexual.

Lacan faz uma constatação, no Seminário 18: “Não é necessário esperar, em absoluto, pela fase fálica para distinguir uma garotinha de um menininho, já que, muito antes, eles não são, de forma alguma, semelhantes. “Para Freud, a distinção se radicava em sua posição em relação ao falo, mas Lacan se separa da dialética fálica introduzindo a categoria de semblante: é uma distinção de semblantes. Na idade adulta, o destino dos falasseres se divide entre homens e mulheres, além disso, não será só homem por si mesmo, mas define o homem em relação à mulher e vice-versa. Não há nada na natureza das coisas que nos permita extrair essas definições de homem ou de mulher da totalidade da experiência falante.

Em “A Lógica da Fantasia”, Lacan retorna à frase “Você é minha mulher” para indicar que não basta dizê-lo para continuar sendo seu homem, pois o pertencimento não esclarece absolutamente nada sobre o homem ou a mulher.

Na realidade, homem e mulher são significantes com os quais as crianças são designadas ao nascer, semblantes por excelência, que repercutem em sua imagem e ficam em confrontação com o real do gozo sexual. Essa partilha faz com que o comportamento do menino possa ser interpretado como o que faz as vezes de homem e dá à menina sinais de que ele o é. “Fazer as vezes de” está na dimensão do semblante. Esses semblantes que recebem, operam de diferentes formas nas identificações sexuadas e determinam a partilha entre as posições feminina e masculina nas fórmulas da sexuação, primeiramente pensadas como identificações sexuadas.

Jacques-Alain Miller, em seu texto ” En dirección a la adolescencia “, afirma que há uma intromissão do adulto na criança, há uma antecipação da posição adulta na criança. Daniel Roy examina esta afirmação e diz: “A criança será conduzida a ser distinguida e a se distinguir menino ou menina, em função do semblante constituído na idade adulta, segundo outra lógica e outra economia de gozo, daquela que prevalece na infância”. Em seguida, enfatiza que essa partilha na infância é posta à prova com a confrontação com o gozo que faz com que os sujeitos se reconheçam em sua diversidade.

A sexuação coloca em jogo uma atribuição que vem do Outro e um consentimento que permite que seja efetiva. Isso não absorve a causa da sexuação que firma suas raízes no enigma do real.

Lacan retoma, no Seminário 18, a cerimônia da corte. Há animais que fazem uma cerimônia particular para que o macho atraia a fêmea e, a partir disso, ocorre a cópula. No reino humano as coisas não funcionam da mesma maneira. Os homens não necessariamente cortejam, e, às vezes, são bastante descorteses, como, por exemplo com o estupro, que objeta esse funcionamento do semblante. O estupro se torna uma passagem ao ato que atravessa o semblante para acessar o corpo do outro e ultrajá-lo, violentá-lo. Ao contrário, a paixão amorosa é justamente o semblante passar à cena a corte amorosa. Esta é a primeira aproximação que faz Lacan à partilha sexuada pela via do semblante.

Mais tarde, ele diz: “Para o homem, nessa relação com a mulher, é precisamente a hora da verdade… uma vez que, no que diz respeito ao gozo sexual, a mulher está em posição de apontar a equivalência entre o gozo e o semblante”.  Seu lugar como objeto de gozo, para onde se dirige o homem, assegura-lhe este lugar. Por outro lado, a mulher como verdade também mostra a ele do que é feito seu semblante. E então, ele continua: “Procure a mulher… para obter a verdade de um homem, seria bom saber qual é sua mulher. Então, torna-se então, o lugar de “pesa-persona“. Para a mulher é diferente, posto que ela tem uma grande liberdade em relação ao semblante. Ela, inclusive, chegará a dar peso a um homem que não tem nenhum.

Após o deslocamento do interesse de Lacan pelo falo como um significante de gozo ao objeto a, como mais de gozo, e ao trabalho sobre o falo como semblante, nos seminários seguintes, ele introduz a função fálica como uma função de gozo. Três termos permanecem em relação ao falo: a função fálica, o gozo fálico e o falo como semblante.

A função fálica é uma função que inscreve tanto o gozo (vertente positiva) quanto a castração (vertente negativa). Sua escrita, Fx, retoma a função proposicional da lógica moderna de Frege. Assim, escreve o gozo sexual fálico como uma função proposicional com um único argumento que representa o sujeito como sexuado. A variável “x” se aloja no furo da função e indica que x se inscreve na função fálica. As distintas articulações entre os quantificadores, as negações e a função fálica dão lugar à constituição das fórmulas de sexuação.

No primeiro ensino de Lacan, o falo era um significante que permitia estabelecer uma relação entre os sexos, uma partilha sexual, o enlace entre os corpos, na medida em que é o único símbolo, no inconsciente freudiano, para os dois sexos. Daí que, por exemplo, em “A significação do falo” ele coloca a relação entre os sexos junto aos impasses gerados pelos mal-entendidos da dialética fálica.

Na clínica dos sexos, o efeito do significante fálico “faz intervir um parecer na relação sexual, o que supõe dar uma função essencial ao semblante para o que ainda não chama a inexistência da relação sexual”, diz Miller. Ser o falo é ser o semblante e ter o falo é possuir um semblante. Daí que, “trata-se de um semblante cuja função do lado do homem consiste em proteger o ter e, do lado da mulher, para mascarar a falta de ter”. Essa análise coloca a relação entre os sexos no registro da comédia.

Lacan se pergunta se há ou não gozo do corpo do Outro, e responde que, na realidade, se goza do próprio corpo e do objeto que está alojado no Outro. O falo como semblante, então, se torna um obstáculo à relação sexual. Ao nível da relação sexual, há um furo no real, não há qualquer significante que possa inscrever a relação entre os sexos. Do lado homem, há um significante que é o falo, mas, do lado da mulher, nenhum significante pode nomeá-la, por isso, A mulher, como universal, não existe. Em seu lugar estão os discursos que estabelecem o laço social, as relações regradas com o Outro.

Apresenta-se, então, uma antinomia entre o gozo e o Outro. Quando o homem goza, o faz autoeroticamente com seu órgão, sem entrar em relação com o corpo do Outro. As mulheres, ao gozarem, têm a solidão como parceira, pois, com seu gozo feminino, ficam em relação ao Outro gozo, não ao falo. Agora, se a experiência de gozo deixa os amantes sozinhos, então, como entrar em relação com o Outro? A solução é através do amor. O gozo dos corpos, sexual, está especificado por um impasse. Isso o leva a formular que não há relação sexual, que é impossível escrevê-la.

  1. As fórmulas da sexuação

Lacan aborda as identificações sexuadas, no Seminário 20, através das fórmulas da sexuação que tiveram um tempo de desenvolvimento conceitual antes de serem nomeadas como tal. Primeiro fala de “identificações sexuais” ou “fatos do discurso”, depois de “valores sexuais produzidos pelo discurso”. Em Mais, ainda, ele retorna às “supostas identificações sexuais” ou às “definições” possíveis, da parte chamada homem e a parte chamada mulher, brindadas pela linguagem quando apresenta as fórmulas. Mais tarde, utiliza a expressão “fórmulas quânticas da sexuação” como são geralmente conhecidas, embora também utilize a expressão “opções de identificação sexuada”. Os seres falantes se distribuem nos valores sexuais apresentados pelas fórmulas, fora de seu sexo biológico. A expressão “fórmulas da sexuação” mostra mais claramente a escolha do sexo pelo ser falante, que se distingue, por sua vez, da escolha de objeto.

Ele as escreve da seguinte forma:

Necessário            $x – Fx                                   -$x-Fx           Impossível

Possível                 $x Fx                          -“x Fx            Contingente

 

O lado esquerdo corresponde ao Um, próprio à posição masculina, à lógica fálica, e o direito, é o da abertura ao Outro, própria da posição feminina. No Seminário 20, Lacan coloca que as mulheres podem situar-se, tanto do lado da lógica fálica, quanto em seu mais além, a partir do gozo suplementar que podem experimentar. Da mesma forma, alguns homens, por exemplo, São João da Cruz, com o gozo místico, podem estar em relação com o Outro, do lado feminino.

Lacan usa o quadrilátero de Aristóteles para explicar as posições masculina e feminina. Mas, em vez de partir do universal para falar da existência, parte da existência para fundar o universal. Coloca a existência do Um que diz não à função castração, que é o pai da horda primitiva, que não é castrado e que goza de todas as mulheres. O Um da exceção, do lado masculino, é necessário para que todos estejam castrados igualmente. Essa exceção, o “ao menos um que não”, não é um universal, é uma existência necessária que possibilita a existência do homem como valor sexual. O necessário funda o possível.

Do lado feminino, falta essa exceção e isso produz o não tudo em expansão em relação à função fálica como conjunto aberto. Isso não significa que as mulheres não possam inscrever-se do lado macho: é contingente que uma mulher esteja do lado do falo ou por fora. Como a mulher não está essencialmente ligada à castração, ela apresenta tanto uma duplicidade, quanto certa indeterminação em relação ao falo, não toda em relação ao falo.

Nesta partilha sexual não há uma total oposição entre o “todo”, o “para todos”, e o “não toda”. Trata-se mais de uma partilha. O não toda da mulher faz com que seja essencialmente dual, porque não existe a exceção que assegure o universal.

Miller aponta, em 1234, que, do lado masculino, ao se incluir o universal afirmativo e o particular negativo como existencial excepcional – que são contraditórios no quadrilátero de Aristóteles –, há certa impossibilidade de verificar a identidade sexual. Do lado feminino não há nenhum significante que diga o que é a Mulher. Esses valores sexuais, em cada caso, tanto do lado do homem, quanto do lado das mulheres, são construções com a impossibilidade de assegurar a identidade sexual.

 

Um Outro

                                

Os seres falantes se dividem em todo e não todo. Do lado do Um, encontramos o falo, um sujeito que está em relação ao gozo fálico e que busca, do lado do Outro, o objeto a tentando entrar em relação. É a construção da fantasia na relação sujeito/Outro. Isto se situa do lado macho das fórmulas da sexuação. As mulheres também têm acesso a Outro gozo. Mas os seres falantes contam com o significante fálico, são sujeitos, e têm relação com o objeto a. A dissimetria se estabelece porque, do lado feminino, do lado do Outro, essa exceção não existe e marca a emergência do “não toda”, em contraposição à teoria aristotélica.

Do lado masculino, a ele está reservada a castração, juntamente com gozo fálico. O homem, na medida em que enfatiza a presença da condição fetichista na escolha do objeto, está “perversamente orientado”: ele toma a mulher como objeto causa de seu desejo. Do lado feminino, está a divisão, o gozo suplementar, que é um gozo aberto, ilimitado, que tem um matiz louco e enigmático. Ela pode condescender ao semblante do objeto a para poder produzir o amor e o desejo no partenaire, na medida em que ela mostra alguma flexibilidade ao fantasma masculino, sem desprender-se da ação de seu próprio fantasma. A ênfase está colocada no fazer-se amar que confere a vertente erotômana do fazer-se amar das mulheres. Por outro lado, Eric Laurent indica que o gozo feminino é um acontecimento de corpo que transborda a ela, uma certeza que não pode compartilhar.

Lacan parte da ideia de que A mulher não existe, não existe qualquer significante que possa nomear o conjunto de todas as mulheres, não há um universal, e apresenta dois vetores: por um lado, se dirige ao falo, não está fora da lógica fálica, mas também pode ter uma relação com o significante da falta do Outro, com o Outro gozo, é não toda.

No Seminário 20, Lacan coloca o gozo suplementar na mulher, que não é complementar ao fálico, é um gozo da não relação sexual. Aqui também inclui o amor extático dos místicos, como Santa Teresa ou São João da Cruz. “A mulher tem um gozo adicional em relação ao falo que é suplementar”, diz Lacan. Mas, “Não é verdade que não esteja de todo, está completamente aí, mas há algo mais…  Há um gozo mais além do falo. Há um gozo dela, dessa que não existe e nada significa. Há um gozo seu sobre o qual, talvez nada saiba, ela mesma, a não ser que o sente. Isso, sim, ela sabe, e sabe quando acontece. Isso não acontece com todas”. Ser mulher não é necessariamente ter um gozo suplementar, pode acontecer ou não. Isso não deve ser confundido com a “pretensa frigidez”, posto que esta questão “está coberta pelo que se chama de pequenas considerações que não deixaram de causar devastações” na medida em que se busca um gozo clitoridiano.  A questão da frigidez é epistêmica, algumas sentem e outras não, elas sabem ou não têm um saber acerca do que seja esse gozo que experimentam e não sabem o que é.

Do lado dos místicos, indica que, assim como São João da Cruz, o macho pode colocar-se do lado do não-todo. “Há ali, homens que estão tão bem quanto as mulheres. São coisas que acontecem.”

Eric Laurent ressalta que a experiência de gozo pode apresentar-se como uma presença inefável, ao mesmo tempo que uma ausência devido a uma falta de representação, por isso se inscreve em uma série que inclui êxtase, o transe ou o “arrebatamento”, de acordo com a palavra usada por Marguerite Duras em seu livro O arrebatamento de Lol V. Stein (1964). “No êxtase, o sujeito não pode dizer nada. Ele é isso, sem imagem e sem representação”. Também indica que este termo vem da mística para designar uma forma de êxtase na qual a alma se sente captada por Deus como uma força superior que não pode resistir.

Ao examinar a partilha sexual, J.-A. Miller indica que, do lado masculino parece uma “fantasia puro gozo”, porque reduz o Outro ao objeto a, juntamente com um gozo do próprio corpo, silencioso, fechado. Lacan chama essa direção para o objeto de “ato de amor”. “Fazer o amor, como indica o nome, é poesia, mas há um abismo entre a poesia e o ato. O ato de amor é a perversão polimorfa do macho”. Do lado macho, aparece o sujeito barrado; do lado do Outro, o objeto a e, assim, se escreve a fantasia. Frente ao gozo fechado masculino, do lado feminino, a abertura ao Outro funciona como uma exceção a esse gozo autista. A “fantasia puro amor” corresponde à vertente erotômana do fazer-se amar, nas mulheres, que produz todo tipo de devastação.

Em relação aos gozos feminino e masculino, Miller diz: “Do lado macho, aprendemos o estatuto autista de gozo, mas, graças ao lado feminino, aprendemos que o gozo está profundamente relacionado com o significante do Outro barrado [S(Ⱥ)].”  A sexualidade feminina como abertura ao Outro permite ser uma exceção frente a esse gozo autista através do amor e produz uma mistura de gozo com o amor.

Esses desenvolvimentos constituem a abertura ao trabalho e para generalizar o gozo que esse encontra no corpo e que havia sido colocado do lado feminino. Quando Lacan vai mais além da problemática da proibição, mais além do Édipo, ele localiza o gozo feminino como exceção ao gozo fálico, fora do Penisneid. Essa positivação do gozo abandona a negativização articulada à falta. O binarismo entre um gozo masculino e um gozo feminino permite a Lacan generalizar o gozo feminino até que seja transformado no regime de gozo como tal, não edípico, que não tem a ver com a negatividade do desejo, e que se reduz ao acontecimento do corpo. Acontecimento de gozo independentemente da posição feminina ou masculina. Dessa forma, há um resto de gozo que não corresponde à dialética fálica também nos homens. Lacan generaliza esse gozo mudo, descoberto na sexualidade feminina, que constitui um acontecimento de corpo que a transborda, e toma o estatuto de um gozo opaco ao sentido, tanto para os homens quanto para as mulheres.

Não obstante, Lacan indica que a partilha que corresponde às fórmulas da sexuação não desaparece. De fato, no Seminário 21, Lacan afirma que não há abolição da diferença entre os sexos, os dois sexos não se confundem. Além disso, amar uma mulher não dá nenhuma garantia quanto à identificação sexual da pessoa que amo, nem da minha. O amor não dá qualquer identidade sexual, identificações sexuadas vão por outra via e não produzem uma abolição entre as diferenças, entre as posições.

No curso “O Um sozinho”, J.-A. Miller indica que há Um, não há relação sexual, e há o corpo (35). Então, fora da partilha sexuada, que também existe, não há dois sexos, mas há Um e o corpo. Primeiramente, há a relação do Um que é corpo. O Um e o corpo, esse corpo que se tem e que também pode soltar, como no caso de Joyce. O ser que fala é a conjunção do sujeito com o corpo, um corpo que se goza. “Sou a maneira como se goza”, diz Miller.  É um gozo opaco que exclui o sentido e que não pode ser simbolizado. Trata-se de uma extensão que localiza, em todo ser falante um gozo opaco fora do sentido, que é o efeito do acontecimento do corpo e que Lacan chama de sinthome. Isso não impede que, sobre esse gozo, se produza a inclusão do ser falante nas fórmulas da sexuação e que produza uma partilha sexuada entre posições masculina e feminina.

A partilha entre masculino e feminino dos seres que falam, não se sobrepõe ao binarismo homem e mulher, e não estabelece qualquer reciprocidade. A partir do não-todo, cada elemento é considerado pela sua singularidade, para constatar que não pode constituir-se um universal, exceção sem regra.

Tradução: Bartyra Ribeiro de Castro (EBP/AMP)
Revisão: Ordália Junqueira (EBP/AMP)
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