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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

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teria íntima relação tanto com o Édipo quanto com o além do Édipo, por sua

relação com a fantasia fundamental;

– que o sinthoma está presente nos sintomas dos neuróticos, mas de maneira

pouco clara, tal como a fantasia fundamental e que umas das tarefas de uma

análise seria a de que o sujeito pudesse articulá-lo.”

p. 220-221

Ottoni Brisset, Fernanda. Dessa vida que vai além da vida dos corpos.

In:

http://www.encontrocampofreudiano.org.br/2014/05/dessa-vida.html

“(…) Esse esforço de grampear a substância gozante à imaterialidade

significante, deixa um resto, desobediente e sem lei… (A “vida loka”, que

dizem os jovens que sabem e testemunham, no despertar da adolescência, a

força viva que vai além da vida dos corpos) e que, de forma contingente, pode

se manifestar. A vida que conta é a vida que passa em corpos esburacados, em

corpos traumatizados. Há Um que passa por aí, e a psicanálise trabalha para

produzir sintomas, amarrações lá onde isso insiste em passar livremente. Os

analistas testemunham que isso pode passar pelo sinthoma, que cada um pode

encontrar uma forma, não-toda, de dizer e saber fazer com o impossível de dizer.

Talvez hoje não passe mais amarrado à exceção da norma fálica ou paterna, mas

alojado ao que decanta como único, modo de gozo de cada um.”

Pimenta Filho, J. A. - Do acontecimento de corpo a busca do

singular

.

In: Cartas de Psicanálise – Centro de Estudos e Pesquisa em

Psicanálise Nº4, vol. II, Ano 3 –CEPP, Vale do Aço, Ipatinga, 2008

“(…) o corpo para o humano não depende do ser, senão do ter, como Lacan tão

bem e surpreendentemente acentuou ao enunciar, no Seminário “O sinthoma”,

que o homem tem um corpo, não é um corpo (Lacan, J. -

O Seminário, livro

23. O sinthoma

. Rio de Janeiro, JZE, 2007:64). Com essa noção, que ressoa

com o que e tomado pelo discurso do Direito na formula latina do

habeas

corpus

, como nos indica Miller, Lacan propõe que para o homem a questão

do ser se coloca do lado do saber enquanto que o corpo esta do lado do ter.

Se a posição do homem é da ordem do ser, mesmo quando esteja formulada

como falta-a-ser, isso pode ser explicado de maneira mais simples: a partir do

momento em que o sujeito é sujeito do significante, ele não pode identificar-

se com seu corpo e dali procede a sua afecção pela imagem corporal. Assim,

a enorme afetação narcisista da espécie (humana) procede precisamente dessa

falta de identificação subjetiva com o corpo, continua Lacan na sua discussão do

Seminário sobre ”O Sinthoma”, fato que, nos lembra Miller (

La experiencia de lo

real en la cura psicoanalítica

. Buenos Aires, Paidós, 2003:380), fica evidenciado

sobretudo na histeria. Postula-se, portanto, que não há uma conaturalidade do

homem com o mundo, critica de Lacan a Merleau-Ponty na medida em que

ele pressupunha uma identificação do ser com o corpo cujo resultado seria o

apagamento do sujeito. A ideia de descrever o comportamento em termos de

estimulo/resposta, deixando de lado toda a introspecção, descansa em uma

equivalência entre o ser e o corpo. A psicanálise se propõe a discutir a falha

dessa identificação sublinhando que a relação que o sujeito possui com o corpo

e a de ter. (Miller, 2003: 372). O que e proposto pela orientação lacaniana

sobre esse tema do corpo e seus acontecimentos surgiu, originalmente, a partir

daquilo que Lacan nomeou “substância gozante”: “(…) gozar de um corpo,

de um corpo que o Outro simboliza e que, comporta talvez algo de natureza a

fazer por em função uma outra forma de substância, a substância gozante. Não

é lá que se supõe propriamente a experiência psicanalítica? - a substância do

corpo com a condição de que ela se defina apenas como aquilo de que se goza.

Propriedade do corpo vivo, sem duvida, mas nos não sabemos o que e estar vivo,

senão apenas isto, que um corpo, isso se goza. (…) Gozar tem esta propriedade

fundamental de ser em suma o corpo de um que goza de uma parte do corpo do

Outro. Mas esta parte também goza - aquilo agrada ao Outro mais ou menos,

mas e fato que ele não pode ficar indiferente. (Lacan J.,

O Seminário, livro 20 -

Mais, Ainda

. Rio de Janeiro, JZE, 1985: 35).”

p. 165-166

Lutterbach Holck, Ana Lúcia, Patu, a mulher abismada. Subversos,

Rio de Janeiro, 2008

“(…) no sonho, não há história, nem linha, nem centro, o corpo de mulher sem

consistência desliza para dentro, pára de fazer fita e vira fita, sem direito nem

avesso”. Quem está dentro e fora não é o eu, não se trata de angústia ou gozo

mortífero, mas de uma satisfação no corpo.

Essa satisfação é encontrada a cada vez que escrevo um lugar no mundo, que

faço de algo externo um objeto que desliza para algum lugar dentro e volta,

um

sinthoma

que possibilita inscrever, a cada vez, isso que está fora. Não virei

escritora, meu ofício é a psicanálise, uma outra modalidade de tratar o real. O

que introduz o psicanalista na dimensão da escrita é a leitura do que se escuta e a

descoberta do que se escreve ali a cada vez.”

p. 115

Mandil, Ram Avraham –

Psicanálise de “uma nota só”,

in: Opção

Lacaniana Nº68 e Nº69, Revista Brasileira Internacional de

Psicanálise. Eólia, São Paulo, 2014

“(…) Nesse sentido, o que chamamos de travessia da fantasia pode ser

interpretado como a perspectiva que se abre, numa análise, ao se abordar o

trauma por outra via que não a fantasmática, e de poder destacar aí a função do

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