

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
351
350
teria íntima relação tanto com o Édipo quanto com o além do Édipo, por sua
relação com a fantasia fundamental;
– que o sinthoma está presente nos sintomas dos neuróticos, mas de maneira
pouco clara, tal como a fantasia fundamental e que umas das tarefas de uma
análise seria a de que o sujeito pudesse articulá-lo.”
p. 220-221
Ottoni Brisset, Fernanda. Dessa vida que vai além da vida dos corpos.
In:
http://www.encontrocampofreudiano.org.br/2014/05/dessa-vida.html“(…) Esse esforço de grampear a substância gozante à imaterialidade
significante, deixa um resto, desobediente e sem lei… (A “vida loka”, que
dizem os jovens que sabem e testemunham, no despertar da adolescência, a
força viva que vai além da vida dos corpos) e que, de forma contingente, pode
se manifestar. A vida que conta é a vida que passa em corpos esburacados, em
corpos traumatizados. Há Um que passa por aí, e a psicanálise trabalha para
produzir sintomas, amarrações lá onde isso insiste em passar livremente. Os
analistas testemunham que isso pode passar pelo sinthoma, que cada um pode
encontrar uma forma, não-toda, de dizer e saber fazer com o impossível de dizer.
Talvez hoje não passe mais amarrado à exceção da norma fálica ou paterna, mas
alojado ao que decanta como único, modo de gozo de cada um.”
Pimenta Filho, J. A. - Do acontecimento de corpo a busca do
singular
.
In: Cartas de Psicanálise – Centro de Estudos e Pesquisa em
Psicanálise Nº4, vol. II, Ano 3 –CEPP, Vale do Aço, Ipatinga, 2008
“(…) o corpo para o humano não depende do ser, senão do ter, como Lacan tão
bem e surpreendentemente acentuou ao enunciar, no Seminário “O sinthoma”,
que o homem tem um corpo, não é um corpo (Lacan, J. -
O Seminário, livro
23. O sinthoma
. Rio de Janeiro, JZE, 2007:64). Com essa noção, que ressoa
com o que e tomado pelo discurso do Direito na formula latina do
habeas
corpus
, como nos indica Miller, Lacan propõe que para o homem a questão
do ser se coloca do lado do saber enquanto que o corpo esta do lado do ter.
Se a posição do homem é da ordem do ser, mesmo quando esteja formulada
como falta-a-ser, isso pode ser explicado de maneira mais simples: a partir do
momento em que o sujeito é sujeito do significante, ele não pode identificar-
se com seu corpo e dali procede a sua afecção pela imagem corporal. Assim,
a enorme afetação narcisista da espécie (humana) procede precisamente dessa
falta de identificação subjetiva com o corpo, continua Lacan na sua discussão do
Seminário sobre ”O Sinthoma”, fato que, nos lembra Miller (
La experiencia de lo
real en la cura psicoanalítica
. Buenos Aires, Paidós, 2003:380), fica evidenciado
sobretudo na histeria. Postula-se, portanto, que não há uma conaturalidade do
homem com o mundo, critica de Lacan a Merleau-Ponty na medida em que
ele pressupunha uma identificação do ser com o corpo cujo resultado seria o
apagamento do sujeito. A ideia de descrever o comportamento em termos de
estimulo/resposta, deixando de lado toda a introspecção, descansa em uma
equivalência entre o ser e o corpo. A psicanálise se propõe a discutir a falha
dessa identificação sublinhando que a relação que o sujeito possui com o corpo
e a de ter. (Miller, 2003: 372). O que e proposto pela orientação lacaniana
sobre esse tema do corpo e seus acontecimentos surgiu, originalmente, a partir
daquilo que Lacan nomeou “substância gozante”: “(…) gozar de um corpo,
de um corpo que o Outro simboliza e que, comporta talvez algo de natureza a
fazer por em função uma outra forma de substância, a substância gozante. Não
é lá que se supõe propriamente a experiência psicanalítica? - a substância do
corpo com a condição de que ela se defina apenas como aquilo de que se goza.
Propriedade do corpo vivo, sem duvida, mas nos não sabemos o que e estar vivo,
senão apenas isto, que um corpo, isso se goza. (…) Gozar tem esta propriedade
fundamental de ser em suma o corpo de um que goza de uma parte do corpo do
Outro. Mas esta parte também goza - aquilo agrada ao Outro mais ou menos,
mas e fato que ele não pode ficar indiferente. (Lacan J.,
O Seminário, livro 20 -
Mais, Ainda
. Rio de Janeiro, JZE, 1985: 35).”
p. 165-166
Lutterbach Holck, Ana Lúcia, Patu, a mulher abismada. Subversos,
Rio de Janeiro, 2008
“(…) no sonho, não há história, nem linha, nem centro, o corpo de mulher sem
consistência desliza para dentro, pára de fazer fita e vira fita, sem direito nem
avesso”. Quem está dentro e fora não é o eu, não se trata de angústia ou gozo
mortífero, mas de uma satisfação no corpo.
Essa satisfação é encontrada a cada vez que escrevo um lugar no mundo, que
faço de algo externo um objeto que desliza para algum lugar dentro e volta,
um
sinthoma
que possibilita inscrever, a cada vez, isso que está fora. Não virei
escritora, meu ofício é a psicanálise, uma outra modalidade de tratar o real. O
que introduz o psicanalista na dimensão da escrita é a leitura do que se escuta e a
descoberta do que se escreve ali a cada vez.”
p. 115
Mandil, Ram Avraham –
Psicanálise de “uma nota só”,
in: Opção
Lacaniana Nº68 e Nº69, Revista Brasileira Internacional de
Psicanálise. Eólia, São Paulo, 2014
“(…) Nesse sentido, o que chamamos de travessia da fantasia pode ser
interpretado como a perspectiva que se abre, numa análise, ao se abordar o
trauma por outra via que não a fantasmática, e de poder destacar aí a função do
Outros autore