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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

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Laurent, E. Apresentação do Seminário. E. Laurent. Falar com seu

corpo-escabelo. In: Rádio Lacan (transcrição pela equipe reunida por

Didier Mathey, 2015. Tradução: Teresinha N. Meirelles do Prado

“(…) Vocês percebem a homologia dessas duas frases? No seminário

O sinthoma

,

temos: “o falasser adora seu corpo porque crê que o tem”. Na realidade, ele não

o tem, mas “seu corpo é a única consistência – consistência mental, pois seu

corpo cai fora a todo instante” e, em Nice, “o homem ama sua imagem como o

que lhe é mais próximo, isto é, seu corpo. Simplesmente, de seu corpo, ele não

tem nenhuma ideia”. Ele crê que seja eu. Cada um crê que seja ele. É um furo. E

depois, fora, há a imagem. E com essa imagem ele faz o mundo.”

p. 12

“O corpo “é um furo”. E o

falasser

tenta preencher esse furo com uma crença.

(…) O

falasser

é um ser de vazio, é o furo da conferência de Nice, tanto quanto

um ter ou uma

terência

[

avoiement

] [11], segundo uma grafia de Lacan, segundo

uma

terência

primeira.”

p. 13

Laia, Sérgio –

Joyce e a modulação do objeto a.

In: Ao pé da letra –

leitura e escritura na clínica psicanalítica. (Ana Lúcia Lutterbach

Holck e Tatiane Grova, organizadoras). Subversos-ICP-RJ, Rio de

Janeiro, 2014

“(…) nas psicoses, o despojamento do corpo, do ego, pode tomar formas

que, por exemplo, vão desde a despreocupação com os mínimos cuidados da

chamada “higiene pessoal” até essa preocupação excessiva com a “aparência

pessoal” que, em muitos casos diagnosticados como Transtorno Dismórfico

Corporal (Body Dysmorphic disorder) pode fazer com que o corpo seja

recortado por infindáveis formas de cirurgia plástica ou mesmo por auto-

mutilações. É possível sustentar que, se os psicóticos podem suportar tal

despojamento do corpo, do ego, é porque não largam esse

ossobjeto

que Lacan

chamou de objeto

a

e ao qual muitas vezes se identificam. Com esse

ossobjeto

,

que é o objeto

a

, os psicóticos procuram se fazer um corpo e se contrapor aos

significantes que a forclusão do Nome-do-Pai faz precipitar sobre eles. Eles se

agarram ao corpo como um

ossobjeto

e podem encontrar nesse tipo de adesão

uma nomeação para o que são, ou seja, uma espécie de “ego”. Trata-se de uma

outra espécie de narcisismo, diverso daquele tradicionalmente problematizado

pela psicanálise e mesmo da acepção mais convencional dessa palavra, porque se

trata de um “narcisismo” ligado a um osso, a um

ossobjeto

, e não a uma imagem

corporal.”

p. 223-224

Leguil, Clotilde. As paixões do corpo no século XXI, in: Papers 2, site

do X Congresso da AMP, O corpo falante : o inconsciente no século

XXI, 2015

“(…) mas sua relação com o significante, relação que é sobretudo, uma relação

de gozo, isto é, de certo modo de fazer vibrar seu ser com o sentido que ele ouve,

que interpreta, de que acredita padecer.”

p. 91

Lutterbach Holck, Ana Lúcia, Patu, a mulher abismada. Subversos,

Rio de Janeiro, 2008

“(…) “a

falta-a-ser

se superpõe a

falta-a-ter (manque-à-avoir)

que corresponde

à vertente imaginária da castração. Nos dois sexos, ter o órgão introduz a

dimensão da falta, em um por temer perdê-lo, na outra porque se sente privada.

No seminário 20 a função fálica não é tornar um parceiro do outro, como está

proposto em

A significação do falo (

Lacan 1998

)

, mas qualificar a relação do

próprio sujeito com essa função e o termo

manque-à-être

, associado ao corpo de

gozo, é substituído pelo termo

parlêtre,

ser falante.”

p. 63

Mandil, Ram Avraham –

Psicanálise de “uma nota só”,

in: Opção

Lacaniana – Revista Brasileira Internacional de Psicanálise Nº68 e

Nº69. Edições Eólia, São Paulo, 2014

“(…) Gostaria de destacar nesse momento a dimensão do

falasser

, mais

precisamente o modo como pude apreender as formas de apresentação do corpo

falante, de sua relação com o inconsciente e com o sinthoma.

Há um modo de experimentar o corpo, de se assegurar de sua pertinência, a

partir de sua sustentação pela fantasia. Trata-se do corpo constituido como

cena, do corpo como unificação de experiências fragmentadas, heterogêneas,

cuja consistência é assegurada por sua forma, pela relação com sua imagem. É

o que permite a Lacan, por exemplo, interrogar-se sobre o sintoma de Joyce,

ao perceber que sua consistência corporal não passava pelo acionamento da

fantasia. Isso está na análise que ele faz do episódio da surra desferida contra

Stephen Dedalus em

Um retrato do artista quando jovem.”

p. 47

“(…) Para concluir, vou retomar aqui o sonho que relaciono ao final de minha

análise. Trata-se de um sonho de duas partes. Na primeira, sou comunicado

por minha mulher que ela estaria me deixando por outro. Imediatamente sinto

uma contração na mandíbula, o que, no entanto, não me impede de falar. Não

há como não reconhecer a presença de um

witz

corporal nesta cena. A palavra

francesa

“mandibule”

articula meu nome de família à forma como eu havia

constituído uma bolha (

bulle

, em francês) em minha estratégia neurótica de

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