

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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que considera que se poderia anulá-lo e eliminar seus efeitos, de forma a
não perturbar o desenrolar da vida segundo as exigencias da produção e de
consumo.”
Drummond, Cristina – Olhar de mãe. In: Revista Curinga, EBP-MG,
2015
“(…) Para muitos
falasseres
esquizofrênicos, encontramos um impasse no
enlaçamento do real do corpo da criança e sua imagem. Para eles, a criança
pode ser tomada como uma extensão do corpo materno e nos deparamos com
vivências de gravidez nas quais o corpo do filho não pode ser imaginado pela
mãe. Nesses casos, a criança pode estar na posição de condensador de gozo
que satura a falta da mãe, encontrando muitos impasses para se separar desse
lugar. Essa apresentação do objeto para além da imagem que o encobre, ou,
ainda separado dela, mostra-se de modo impactante na psicose, sobretudo nas
ocorrências de infanticídio e de negação da gravidez.”
p. 96
(…) Interessa-nos, (…), perceber como o ser mãe é impossível de ser subjetivado
por esse
falasser
e que, na base disso está uma desamarração do imaginário que
não possibilita que esse tenha um corpo e muito menos que possa reconhecer
seu bebê como um filho que tem um corpo distinto do seu. O que aprendemos
com Lacan é que o amor materno é contaminado por um ilimitado que tem
como avesso o ódio, e que esse ódio pode se manifestar em situações graves que
chegam ao ponto de levar a mãe a matar o próprio filho.”
p. 98
Ferreira da Silva, Rômulo. “
O incurável do choque do significante
com o corpo
”. In: Carta de São Paulo Revista da Escola Brasileira de
Psicanálise São Paulo Nº21. O trauma e a clínica psicanalítica no
século XXI. 2014
“(…) Na minha experiência de análise o real foi tocado pelo real não só pela
introdução de significantes que se apresentavam fora do sentido, mas também
por intervenções que engendravam transferência negativa. Ela era fugaz, surgia
no corpo, real, finalizando-se num gesto em direção ao analista.”
p. 91
“Só depois de terminada a análise, no ultrapasse, é que pude novamente articulá-
lo como um significante: ‘toma!’. Um significante que aparece articulado no
discurso do
falasser
de várias maneiras, não mais fixado no modo de gozo
instaurado na constituição do sujeito. Portanto, há uma violência da palavra
sobre o organismo que faz surgir um corpo, um corpo que, por definição via
psicanálise, é traumatizado e em torno do qual o
falasser
constrói sua lógica.”
p. 91-92
Forbes, J. Não tenho a menor ideia. In: Opção Lacaniana Nº55,
Revista Brasileira Internacional de Psicanálise. Edições Eolia, São
Paulo, 2009
“(…) A posição de sujeito suposto saber é insuficiente para tocar o corpo do
parlêtre
. – “Não se conceitualiza mais o paciente como um sujeito – diz Miller
em sua décima-segunda aula [Coisas de fineza] –, conceitualiza-se como um
parlêtre
(…), o que quer dizer que ele depende de um corpo.”
p. 71
“(…) O final da análise, tomado em sua dupla acepção: de objetivo e de
término, parece-me ser a questão mais interessante que se impõe hoje a uma
clínica que diferencia o sinthoma de todas as suas expressões em semblantes –
“O sinthoma, isto funciona, isto não é suscetível de travessia ou de revelação,
é suscetível, não existe um termo em Lacan – diz Miller, ainda em sua aula
doze -, então vou tomar emprestada a palavra do inglês, como herdamos o
insight
, suscetível de uma
re-engineering
(reengenharia em português), de uma
reconfiguração. É isto que se trata de obter: uma reconfiguração através da qual
não podemos dizer que o gozo ganha sentido, não necessariamente, mas uma
re-engineering
que permite passar do desconforto à satisfação: a satisfação do
parlêtre
em questão.”
p. 71
Galletti Ferretti, Maria Cecília. O passe. In: Correio Nº77, Revista da
Escola Brasileira de Psicanálise O corpo falante Analisar o parlêtre,
São Paulo, 2015
“(…) O passe do falasser não é testemunhar sobre a travessia da fantasia; trata-se
da elucidação da relação como gozo e como foi adquirido um saber com o que
não muda no gozo.”
p. 80
Harari, Angelina. A psicanálise fora de quatro paredes: por que as
instituições têm tantas crises? In: Psicanálise: a clínica do Real / Jorge
Forbes [editor]; Claudia Riolfi [organizadora], Barueri, SP: Manole,
2014
“(…) É nessa medida que Miller (2007) postula o avesso de Lacan, não se
tratando de mudança de tópico como em Freud, mas de um recomeço que não
cessa jamais. No avesso de Lacan, o Outro é destituído e o sujeito é pensado a
partir das categorias clínicas: real, simbólico e imaginário. Mas, a rigor, não é
mais do sujeito que se trata aí, não é mais do sujeito do significante, e sim do ser
humano qualificado como
falasser.”
p. 376
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