15 de setembro de 2022
Frida Kahlo e o trânsito do corpo
Por Rosangela Ribeiro
As telas de Frida Kahlo permitem-nos um mapa íntimo do trânsito por um corpo a saber: os martírios de um corpo acidentado duas vezes, um acidente de um bonde que lhe fraturou a coluna e o acidente do amor por Diego Rivera. Outros acidentes podem ser localizados: ser o objeto de amor preferido do pai; inscrever-se socialmente como artista, mesmo tendo corpo de mulher que lhe negava tal inscrição; a impossibilidade da gravidez que a fez deparar-se com o corpo dilacerado do primeiro filho perdido; as tentativas de masculinizar-se, evidenciado, em seus autorretratos e fotografias, seu buço. Frida amou em trânsito: amou Diego, amou Leon Trotsky, amou mulheres. Transitou entre a não incidência fálica e a insistência do desejo dessa incidência. De um lado, um corpo que lhe impunha o consentimento com a castração, do outro, um mais-de-gozar ao se negar como não-toda. Eis-nos diante de uma possibilidade de reflexão! A leitura desse mapa íntimo enriquece-se ao depararmo-nos com suas telas e outros objetos pessoais em https://www.museofridakahlo.org.mx/es/frida-kahlo/obras/#tab-tb_mb3c501-0 e https://malba.org.ar/