15 de setembro de 2022
Editorial Boletim Arranjos #08
Por Juliana Bressanelli Lóra
Dando seguimento às apresentações dos temas das nossas III Jornadas da EBP–LO, O mistério da sexuação, o Editorial #8 traz uma série interessante de textos que nos ajudam a retomar as temáticas trabalhadas ao longo deste ano para o nosso evento.
Contamos com a colaboração sempre gentil de Rômulo Ferreira da Silva e Elisa Alvarenga, que nos concederam excelentes entrevistas sobre os Eixos temáticos 3 (Sexo nas psicoses) e 4 (As fórmulas da sexuação), já apresentados em boletins anteriores. As entrevistas foram realizadas pela Comissão de Divulgação, sendo que partes destas sairão em formato de vídeos em nossas redes sociais. Rômulo nos fala da importância da sexualidade para a psicanálise, desde Freud, mas que, com Lacan, assume outros contornos teóricos. Para Lacan, há algo da ordem de uma escolha em termos de posicionamento frente ao gozo. Para nos referirmos à sexuação em psicanálise, é preciso uma tomada de posição frente aos diferentes modos de gozo. No que diz respeito às psicoses, a escolha por não se posicionar frente a eles, ao gozo fálico ou não-todo fálico, também constitui um mistério, o que implica em alguns impasses. Já Elisa, em sua entrevista, nos aponta como as fórmulas da sexuação, em Lacan, nos permitem pensar o posicionamento do ser falante frente aos dois semblantes, homem e mulher, assim como a multiplicidade de nomeações e escolhas na atualidade, que não se restringem à anatomia, nem às referências paterna e fálica. Ela nos lembra como pensar a sexuação nos obriga a considerar as marcas significantes, as identificações, assim como o gozo experimentado pelo falasser em seu corpo. Ainda, como isso implica em uma escolha: a de como o inconsciente se inscreve no corpo de cada ser falante.
O texto de Denizye Zacharias, “Um abismo radical”, menciona que, no Sem. 19 …ou pior, Lacan marca o lugar do vazio no que diz respeito à inscrição de uma lei que ordene um saber sobre o encontro entre os sexos. Ainda, na contrapartida da inexistência da relação sexual, Há-Um (Yad’lun) do gozo, e a partir disso pode-se depreender o modo como cada ser falante se escreverá nessa inexistência, do lado todo ou não-todo.
Temos também o texto de Adriana Pessoa, “Semblantes”, que toma como referência o texto de J.-A. Miller “Mulheres e semblantes” e mostra que os semblantes exercem essa função de fazer crer ali onde não há. A mulher ocupa facilmente esse lugar de vazio ocupado pelos semblantes, pelas máscaras, sendo que a verdadeira lógica da posição feminina é denunciar os semblantes. O texto aponta ainda para como a psicanálise se lança, cada vez mais, na empreitada de se deparar com o real que interpela o falasser e que faz vacilar os semblantes que ordenam o laço social civilizatório, fazendo comparecer o real do sexo.
No texto de Rosilene Caramalac, “Eu estou depois das tempestades”, a autora menciona como a psicanálise foi responsável pela subverção da ideia da universalidade biológica dos sexos e a perspectiva de garantias a serem oferecidas pela sexualidade humana, já que ela se pauta na experiência do UM. A psicanálise lacaniana, balizada pela categoria do Real, que escapa às tentativas de completude, de explicações absolutas e adequação de indivíduos.
Na sessão Per-Versos, Clarice! A Lispector! Nas doçuras de Deus, a doçura doida e mansa de Aninha. Por fim, uma pitadinha de loucura, pois louco é quem me diz que não é feliz, e é impossível não ser feliz ouvindo a genialidade de Ney Matogrosso.
E lembrem-se! As inscrições para a Jornada podem ser feitas até o dia 15 de setembro pelo link: https://eventos.congresse.me/slo/edicoes/slo-3-edicao/produtos.
Ao trabalho!