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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

287

286

2.

Jacques Lacan

II /a. Falasser (

Parlêtre

)

II /a.1 Os Seminários

Falasser, Corpo, Inconsciente

LACAN, Jacques. Seminário de 17 de dezembro 1974. In: ______.

R.

S. I.

: o Seminário: 1974 – 1975, livro 22. Inédito

“Foi o que Freud disse, não foi? (…) Diz que a pulsão genital, no homem não é

nada natural. Não só não é natural mas se não houvesse ese diabo de simbolismo

a empurrá-lo pelo trazeiro, para que ele, afinal, ejacule, e para que isso sirva para

alguma coisa, pois se não, há muito que não mais haveria desses falasseres, esses

seres que não falam só de ser, mas que são pelo ser.”

p. 13

LACAN, Jacques. Seminário de 15 de abril 1975. In: ______.

R. S. I.

:

o Seminário: 1974 – 1975, livro 22. Inédito

“Mas enquanto isso, é novidade; até o presente, só eu disse não haver relação

sexual e que isso faz buraco num ponto do ser, do falasser. O falasser não

abunda! Mas como é mofo, tende a se expandir. Contentemo-nos então em

dizer que o Inconsciente é Real, enquanto no falasser, ele é afligido pela única

coisa que, do buraco, nos assegura, é o que chamo o Simbólico, encarnando-o

no significante cuja definição, no final das contas, não é outra senão essa, o

buraco. O significante faz o buraco.”

p. 61

LACAN, Jacques.

O seminário: o

sinthoma

, livro 23 (1975 – 1976).

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. Tradução: Sergio Laia

“O gozo fálico, em contrapartida, situa-se na conjunção do simbólico com o

real. Isso na medida em que, no sujeito que se sustenta do falasser, que é o que

designo como sendo o inconsciente, há a capacidade de conjugar a fala e o que

concerne a um certo gozo, aquele dito do falo, experimentado como parasitário,

devido a essa própria fala, devido ao falasser.”

p. 55

“O falasser adora seu corpo, porque crê que o tem. Na realidade, ele não o tem,

mas seu corpo é sua única consistência, consistência mental, é claro, pois seu

corpo sai fora a todo instante.”

p. 64

“Não há equivalência, é a única coisa, o único reduto em que se sustenta o que

se chama a relação sexual no falasser, o ser humano.”

p. 98

II /a.2 Outros Escritos

LACAN, Jacques. Joyce, o sinthoma (1979). In: ______.

Outros

Escritos

. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. Tradução: Vera Ribeiro;

versão final Angelina Harari e Marcus André Vieira

“(…) O S.K.belo é aquilo que é condicionado no homem pelo fato de que ele

vive do ser (= esvazia o ser) enquanto tem … seu corpo: só tem, aliás, a partir

disso. Daí minha expressão falasser

[parlêtre]

que virá substituir o ICS de Freud

(inconsciente, é assim que se lê): saia daí então, que eu quero ficar aí.”

p. 560

“(…) Foi para não perdê-lo, esse pulo do sentido

[bond du sens],

que enunciei

agora que é preciso sustentar que o homem tem um corpo, isto é, que fala com

seu corpo, ou, em outras palavras, que é falasser por natureza. Assim surgido

como a cabeça da arte

[tête de l’ art],

ele ao mesmo tempo se desnatura, com

o que toma por objetivo, por objetivo da arte, o natural, tal como o imagina

ingenuamente. O problema é que esse é o seu natural: não admira que ele só o

toque como sintoma.”

p. 562

“(…) Via traçada pelos Irmãos mendicantes: eles se entregam á caridade pública,

que tem de pagar por sua subsistência. Nem por isso UOM (escrito U.O.M

[L.O.M]) deixa de ter seu corpo, a ser revestido, entre outros cuidados. A

tentativa sem esperança feita pela sociedade para que UOM não tenha apenas

um corpo está numa outra vertente: fadada ao fracasso, é claro, ao tornar patente

que, se ele teihum

[ahun],

não tem nenhum outro, apesar de, pelo fato de seu

falasser, dispor de algum outro, sem chegar a torná-lo seu.”

p. 563

“(…) Ter havido um homem que pensou em circunscrever essa reserva e dar

a fórmula geral do escabelo, e a isso que chamo Joyce, o Sintoma. E que essa

fórmula, ele não a descobriu, por não ter dela a menor suspeita. Mas ela já

andava por toda parte, sob a forma do ICS que destaco com o falasser.”

p. 564

Jacques Lacan