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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

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“No ser falante o gozo é aparelhado pela linguagem. Aí está mais uma fórmula

que lhes proponho, se é que podemos convir que, o aparelho, não há outro

senão a linguagem. É assim que, no ser falante, o gozo é aparelhado.”

p. 75

“(…) Um corpo, o de vocês, não importa que outro aliás, corpo que se

movimenta pra lá e pra cá, é preciso que ele se baste. Alguma coisa me faz

pensar nisto, um sindromezinho que vi sair da minha ignorância, e que me foi

lembrado –se por acaso as lágrimas parassem de correr, o olho não funcionaria

mais muito bem. È o que chamo de milagres do corpo.”

p. 149

“De tudo que se desenrolou dos efeitos do cristianismo, principalmente na arte

–é nisto que encontro o barroquismo com o qual aceito ser vestido– tudo é

exibição de corpo evocando o gozo…”

p. 154

“Aí há um furo, e esse furo se chama o Outro. Pelo menos foi assim que acreditei

poder denominá–lo, o Outro enquanto lugar onde a fala, por ser deposta –

vocês prestarão atenção nas ressonâncias– funda a verdade e, com ela, o pacto

que supre a inexistência da relação sexual, enquanto ela seria pensada, pensada

pensável, dito de outro modo, e que o discurso não seria reduzido a só poder –se

vocês se lembram do título de um dos meus Seminários– partir da aparência.”

Seminário 18: De um discurso que não fosse semblante

(1971).”

p. 154

“… o osso do meu ensino: que eu falo sem saber. Falo com o meu corpo, e isto,

sem saber. Digo, portanto, sempre mais do que sei”…“É aí que chego ao sentido

da palavra

sujeito

no discurso analítico. O que fala sem saber me faz

eu,

sujeito

do verbo. Isto não basta para me fazer ser.”

p. 161

“É o corpo falante, no que ele só pode chegar a se reproduzir graças a um mal-

entendido do seu gozo. O que é dizer que ele só se reproduz graças a uma rata

do que ele quer dizer, pois o que ele quer dizer –isto é, como bem diz

alíngua

,

seu sem-tido– é seu gozo efetivo. E é ao rateá-lo que ele se reproduz– quer dizer,

ao trepar.”

p. 163-164

“Parece que o sujeito representa para si os objetos inanimados em função de

não haver relação sexual. Há apenas corpos falantes, eu disse, que fazem para

si uma ideia do mundo como tal. O mundo, o mundo do ser cheio de saber, é

apenas um sonho, um sonho do corpo enquanto falante, pois não existe sujeito

conhecedor. Há sujeitos que se dão correlatos no objeto

a,

correlatos de fala que

goza enquanto gozo de fala. Que outra coisa ela amarra senão outros Uns?”

p. 171

“Para todo ser falante, a causa do desejo é estritamente, quanto à estrutura,

equivalente, se posso dizer à sua dobradura, quer dizer, ao que chamei sua

divisão de sujeito. É o que nos explica que, por tanto tempo, o sujeito tenha

podido crer que o mundo sabia tanto quanto ele.”

p. 172

“O que se escreve, em suma, o que seria isso? As condições de gozo. E o que se

conta, o que seria? Os resíduos do gozo.”

p. 177

“Por uma escolha para a qual não se sabe o que o guiou, Aristóteles tomou

partido de não dar outra definição do indivíduo senão o corpo –o corpo

enquanto organismo, o que se mantém como um, e não o que se reproduz”

“O corpo, o que é ele então? É ou não é o saber do um? O saber do um se revela

não vir do corpo. O saber do um, por pouco que possamos dizer disto, vem do

significante Um.”

p. 195

“Não há relação sexual porque o gozo do Outro, tomado como corpo, é sempre

inadequado…”

p. 197

“Não há relação sexual porque o gozo do Outro, tomado como corpo, é sempre

inadequado –perverso de um lado, no que o Outro se reduz ao objeto

a

– e do

outro, eu direi louco, enigmático. Não é do defrontamento com este impasse,

com essa impossibilidade de onde se define um real, que é posto à prova o

amor?”

p. 198

LACAN, Jacques.

O seminário: o sinthoma,

livro 23 (1975 – 1976).

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. Tradução: Sergio Laia

“Quem sabe o que se passa no seu corpo? …Para alguns, chega a ser o sentido

que dão ao inconsciente. Entretanto, se há uma coisa que tenho articulado desde

o princípio com cuidado, é que o inconsciente nada tem a ver com o fato de

um monte de coisa ser ignorado quanto a seu próprio corpo. Quanto ao que se

sabe ele é de uma natureza bem diferente mesmo. Sabe–se um monte de coisas

provenientes do significante.”

p. 145

“O inconsciente de Freud é justamente a relação que há entre um corpo que

nos é estranho e alguma coisa que faz circulo, ou mesmo reta infinita, e que é o

inconsciente, essas duas coisas sendo, de todo modo, equivalentes uma à outra.”

p. 145

“Ter relação com o próprio corpo como estrangeiro é, certamente uma

possibilidade, expressada pelo fato de usarmos o verbo

ter.

p. 146

Jacques Lacan