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O CORPO FALANTE

X Congresso da AMP,

Rio de Janeiro 2016

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“Assim, o inconsciente se manifesta sempre como o que vacila num corte do

sujeito –donde ressurge o machado que Freud assimila ao desejo– desejo que

situaremos provisoriamente na metonímia desnudada do discurso em causa, em

que o sujeito se saca em algum ponto inesperado.”

p. 32

“O estatuto do inconsciente, que eu lhes indico tão frágil no plano ôntico, é

ético.”

p. 37

“Da última vez, eu lhes falei do conceito de inconsciente, cuja verdadeira

função é justamente estar em relação profunda, inicial, inaugural, com a do

conceito

Unbegriff

– ou de

begriff

do

Un

original, isto é, o corte. Esse corte, eu

o ligue profundamente à função do sujeito como tal, do sujeito em sua relação

constituinte ao próprio significante.”

p. 46

“Para nós, em nossa referência ao inconsciente, é da relação ao órgão que se

trata. Não se trata da relação à sexualidade, nem mesmo ao sexo, se é que

podemos dar a este termo uma referência específica –mas de relação ao falo, no

que ele falta ao que poderia ser atingido de real na visada do sexo. É na medida

em que, no coração da experiência do inconsciente, lidamos com esse órgão –

determinado no sujeito pela insuficiência organizada no complexo de castração–

que podemos perceber em que medida o olho é tomado por semelhante

dialética.”

p. 100

“O inconsciente é a soma dos efeitos da fala, sobre um sujeito, nesse nível em

que o sujeito se constitui pelos efeitos do significante. Isto marca bem que,

com o termo sujeito –é por isso que o lembrei uma origem– não designamos

o substrato vivo de que precisa o fenômeno subjetivo, nem qualquer espécie

de substância, nem qualquer ser do conhecimento em sua patia, segunda ou

primitiva, nem mesmo o logos que se encarnaria em alguma parte, mas o sujeito

cartesiano…”

p. 122

Inconsciente, Gozo, Corpo falante,

Alingua

LACAN, Jacques.

O seminário: mais ainda

, livro 20 (1972 – 1973).

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. Tradução: M. D. Magno

“Aonde isso fala, isso goza, e nada sabe.”

p.142

“… o inconsciente, não é que o ser pense, como o implica, no entanto, o que

dele se diz na ciência tradicional –o inconsciente, é que o ser, falando, goze e,

acrescento que isto quer dizer– não saber de coisa alguma.”

p. 143

“(…) Aonde isso fala, isso goza. E isto não quer dizer que isso saiba de coisa

alguma, porque, mesmo assim até nova ordem, o inconsciente nada nos revelou

sobre a fisiologia do sistema nervoso, nem sobre o funcionamento da ereção,

nem sobre a ejaculação precoce.”

p. 156

“O real, eu diria, é o mistério do corpo falante, é o mistério do inconsciente.”

p. 178

“(…)Esses afetos são o que resulta da presença de

alíngua

no que, de saber, ela

articula coisas que vão muito mais longe do que aquilo que o ser falante suporta

de saber enunciado.” “…

Alíngua

nos afeta primeiro por tudo que ela comporta

como efeitos que são afetos. Se se pode dizer que o inconsciente é estruturado

como uma linguagem, é no que os efeitos de

alíngua

, que já estão lá como saber,

vão bem além de tudo que o ser que fala é suscetível de enunciar.”

p. 190

“É porque há o inconsciente, isto é

alíngua

no que é por coabitação com ela

que se define um ser chamado falante, que o significante pode ser chamado a

fazer sinal, a constituir signo. Entendam esse signo como lhes agradar, inclusive

thing

do inglês, a coisa. (…) O significante é signo de um sujeito. Enquanto

suporte formal, o significante atinge um outro que não aquele que é cruamente,

ele, como significante, um outro que ele afeta e que dele é feito sujeito, ou, pelo

menos, que passa por sê-lo. É nisto que o sujeito se acha ser, e somente para o ser

falante, um ente cujo ser está alhures, como mostra o predicado. O sujeito não

é jamais senão pontual e evanescente, pois ele só é sujeito por um significante, e

para um outro significante.”

p. 194-195

LACAN, Jacques.

O seminário: o sinthoma

, livro 23 (1975 – 1976).

Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. Tradução: Sergio Laia

“Trata-se de situar o que o inconsciente tem a ver com o real, o real do

inconsciente, se o inconsciente for real. Como saber se o inconsciente é real ou

imaginário? É efetivamente a questão. Ele participa de um equívoco entre os

dois.”

p. 98

“Creio poder, por uma topologia grosseira, dar suporte ao que está aqui em

pauta, a saber, à função mesma do real distinguida por mim do que julgo poder

com certeza tomar pelo inconsciente – com certeza porque tenho prática com

o termo inconsciente, não é? Na medida em que o inconsciente não deixa de se

referir ao corpo, a função do real pode ser distinguida dele.”

p. 131

“Entretanto, se há alguma coisa que tenho articulado desde o princípio com

cuidado, é que o inconsciente nada tem a ver com o fato de um monte de coisas

ser ignorado quanto a seu próprio corpo.”

p. 145

Jacques Lacan