

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
277
276
complacência somática necessária à conversão, que o impulso para a descarga da
excitação vinda do inconsciente utiliza, tanto quanto possível, qualquer via de
descarga já transitável. Muito mais fácil do que criar uma nova conversão parece
ser a produção de vínculos associativos entre um novo pensamento carente
de descarga e o antigo, que já não precisa dela. Pela via assim facilitada flui a
excitação da nova fonte excitante para o antigo ponto de descarga, e o sintoma se
assemelha, segundo as palavras do Evangelho, a um odre velho repleto de vinho
novo. Por estas observações, a parte somática do sintoma histérico parece ser a
mais estável e a mais difícil de substituir, enquanto a psíquica se afigura como
o elemento mais variável e mais facilmente substituível. Todavia, não se deve
pretender inferir dessa relação nenhuma hierarquia entre os dois elementos. Para
a terapia psíquica, a parte psíquica é sempre a mais significativa.”
p. 56-57
FREUD, Sigmund (1916 – 1917). Teoria geral das neuroses (1917
[1916–17]). Conferência XVII: o sentido dos síntomas. In: _____.
Conferências introdutórias sobre psicanálise (parte III)
. Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 16)
“O sentido de um sintoma, conforme verificamos, possui determinada conexão
com a experiência do paciente. Quanto mais individual for a forma dos
sintomas, mais motivos teremos para esperar que seremos capazes de estabelecer
esta conexão. A tarefa, então, consiste simplesmente em descobrir, com relação a
uma idéia sem sentido e uma ação despropositada, a situação passada em que a
idéia se justificou e a ação serviu a um propósito.”
p. 319
FREUD, Sigmund (1916 – 1917). Teoria geral das neuroses (1917
[1916 – 17]). Conferência XVIII: fixação em traumas: o inconsciente.
In: _____.
Conferências introdutórias sobre psicanálise (parte III)
.
Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 16)
“Temos incluído duas coisas como ‘sentido’ de um sintoma: o seu ‘de onde’
e seu ‘para quê’ ou sua ‘finalidade’ –ou seja, as impressões e experiências das
quais surgiu e as intenções a que serve. Assim, o ‘de onde’ de um sintoma se
reduz a impressões que vieram do exterior, que uma vez foram necessariamente
conscientes e podem, a partir daí, ter-se tornado inconscientes através do
esquecimento. O ‘para quê’ de um sintoma, seu propósito, no entanto, é
invariavelmente um processo endopsíquico, que possivelmente teria sido
consciente, no início, mas pode igualmente não ter sido jamais consciente
e ter permanecido no inconsciente desde o início. Por isso, não é de grande
importância se a amnésia influenciou também o ‘de onde’ –as experiências
em que o sintoma se baseia– como acontece na histeria; é no ‘para quê’, no
propósito do sintoma que pode ter sido inconsciente desde o início, que se
baseia sua dependência do inconsciente –e não menos firmemente na neurose
obsessiva do que na histeria.”
p. 335
FREUD, Sigmund (1916 – 1917). Teoria geral das neuroses (1917
[1916–17]). Conferência XIX: resistência e reclaque. In: _____.
Conferências introdutórias sobre psicanálise (parte III)
. Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 16)
“Já sabemos, através da observação de Breuer, que há uma precondição para a
existência de um sintoma: algum processo mental deve não ter sido conduzido
normalmente até seu objetivo normal –que era o objetivo de poder tornar-se
consciente. O sintoma é o substituto daquilo que não aconteceu nesse ponto.”
p. 346
“Os sintomas, conforme sabemos, são um substituto de algo que foi afastado
pela repressão. Entretanto, vai uma longa distância, ainda, desde a repressão
à compreensão dessa estrutura substitutiva. Quanto a este outro aspecto do
problema, surgem de nossas observações sobre a repressão as seguintes perguntas
a que espécie de impulsos está sujeita à repressão? por que forças ela se efetua?
e por que motivos? Até agora, temos somente uma parcela de informação a
respeito destes pontos. Ao investigar a resistência, constatamos que ela emana
de forças do eu, de traços de caráter conhecidos e latentes. São estes, pois, os
responsáveis pelo recalque, ou, pelo menos, têm uma participação nela.”
p. 350
FREUD, Sigmund (1925 – 1926). Inibições, sintomas e ansiedade
(1926 [1925]). In: _____.
Um estudo autobiográfico inibições,
sintomas e ansiedade, a questão da análise leiga e outros trabalhos
.
Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição Standard Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 20)
“Um sintoma, por outro lado, realmente denota a presença de algum
processo patológico. Assim, uma inibição pode ser também um sintoma.
O uso lingüístico, portanto, emprega a palavra inibição quando há uma
simples redução de função, e sintoma quando uma função passou por alguma
modificação inusitada ou quando uma nova manifestação surgiu desta. Muito
Sigmund Freud