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Nº31

Outubro/ Novembro 2016

Absolutamente bibliófilo esse número do

Bibliô

foi

concebido por uma das bibliotecas mais substanciais da

EBP, a

Biblioteca Ailton Bráz Senna da Seção Minas Gerais

da EBP

. Os textos surgem de experiências de biblioteca, dos

momentos em que elas abrem suas portas para a cidade.

Maria Esther Maciel

nos delicia com suas palavras sobre

a expressão livro de cabeceira. O deleite do livro de cabeceira

que só se experimenta na cama, revela os verdadeiros casos

de amor que cada um tece com eles. Envolvidos ou não

por um enredo, únicos ou substituíveis, a marca do livro de

cabeceira, é sua singularidade multíplice. A autora se apoia

na incorporação do livro-diário de Sei Shonagon,

O livro de

cabeceira

, na escrituralidade fílmica de Peter Greenaway, no

filme do mesmo nome. O filme foi produzido sensualmente,

nos ensina.

Ana Lúcia Lutterbach

nos transmite sua experiência

íntima com o livro como objeto. Difícil não encontrar o que

busca nas suas estantes ordenadas ao modo da enciclopédia

chinesa de Borges: livros para ser devorados, livros para

“não para ler”, livros obra de arte, livros inquietos, livros da

máxima fidelidade, livros cobiçados, livros odiados, livros

incendiados, livros rasgados, livros descartáveis, e claro, não

falta o livro que falta. Em soma, um testemunho de como os

modos de gozo ordenam as bibliotecas, a cada um a sua.

Teodoro Rennó Assunção

nos transmite a perturbação

que causa uma biblioteca sendo desempacotada e de como

lhe permite por em questão o valor de uso e de gozo do

tesouro pessoal. Momento heroico de reflexão bibliofílica,

escreve o autor. Passo a passo nos conduz a acompanhá-lo,

não sem suspense, a abrir os entulhantes caixotes.

Bibliô

vive

uma epifania com esse ensaio.

Além desses três testemunhos palpitantes contamos

com duas colaborações sobre o ato de escrever.

O desassossego

da experiência

da escrita de Suzana Faleiro Barroso traz pérolas

sobre a experiência da escritura da clínica e sobre a assinatura

do que se escreve como ato maior de enunciação. Já Gilson

Iannini no seu texto

Retórica da elaboração poética

. Notas

sobre Freud e a escrita nos introduz nos artifícios retóricos

comuns tanto à escrita poética como na escrita freudiana. A

lupa focaliza na nas pistas deixadas por Freud sobre a relação

de Édipo com Hamlet.

Passo à palavra a Márcia Rosa, diretora de biblioteca da

Seção Minas Gerais, inventora desse número 31.

De resto surfamos com vocês assíduos leitores,

Marcela Antelo

EDITORIAL 1

Instalação: Richard Wentworth “False Ceiling” – Que o ceu nos proteja.