Table of Contents Table of Contents
Previous Page  100 / 155 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 100 / 155 Next Page
Page Background

2

EDITORIAL 2

Lendo e escrevendo entre as

montanhas de minas

Começamos por uma

BIBLIOTECA LITORAL

,

atentosparaquenãoficassedeladoumadiscussãosobre

a função política de uma biblioteca. Propusemo-nos a

fazer chover letras, letrinhas, palavras, imagens, sons,

livros etc., de modo tal que os sulcos, desassossegando

fronteiras invisíveis, operassem a condição litoral.

Entrar em uma Biblioteca Litoral seria tocar os

furos no saber escavados pelas letras, pelos sons, pelas

imagens, pelos (...), e invocar ou interpelar a

í

o que

resta do gozo no campo da civilização ou da cultura.

Se Freud apresentou a civilização através de um

mal-estar fundado nos imperativos do supereu, Lacan a

apresentou, sucessivamente, como “um empilhamento

demundos que se sucederamemuma loja de destroços”

(1962), como “um esgoto” (1971) e, finalmente, propôs

que se denominasse cultura “um caldo de linguagem”

(1977). Na abertura das atividades, percorremos a

experiência da cidade de Medellín com a Biblioteca

Espa

ñ

a. Debruçamo-nos sobre as “literaturas de

testemunho”, tais como a de Primo Levi e as de

testemunho de passe, e conclu

í

mos com uma discussão

sobre “o desassossego da experiência de escrita”.

Um comentário de Freud - “... tornei-me um verme

de livros” - nos abriu as trilhas para o segundo encontro:

BIBLIOFAGIA

. Se Freud se colocou diante do livro no

sonho sobre a Monografia Botânica, Lacan nos propôs

“comer o livro” para sabermos o que resultaria disso.

Assim, ocupamo-nos dos desassossegos produzidos

pelo objeto livro e pelas inquietações com o ato da

leitura... de Freud, Lacan e outros.

Nessa ocasião, uma artista plástica realizou

uma

Performance

/Instalação sobre o objeto livro e

os nossos convidados nos trouxeram suas produções

sobre “Escritos... para não serem lidos”, sobre os “Livros

de cabeceira: literatura e artes plásticas”, bem como

responderam à nossa pergunta: “Depois de comer o

livro, o que sobra?”

Uma lendanosabriuasportaspara

ABIBLIOTECA

DE CADA UM: “leitor voraz e ciumento, um grão-vizir

da Pérsia carregava a sua biblioteca quando viajava,

acomodando-a em quatrocentos camelos treinados

para andar em ordem alfabética.” Assim, organizamos

nosso terceiro encontro a partir da pergunta “E você?

Como organiza os seus camelos?”.

Para respondê-la, reunimo-nos em torno dos

temas “desempacotando minha biblioteca” e “os livros

que a gente (não) joga fora”, bem como de uma resenha

oral de um livro escolhido:

Lacan chinês

: poesia,

ideograma e caligrafia chinesa de uma psicanálise, de

Cleyton de Andrade, publicado pela Edufal em 2015.

Para concluirmos nossa passagem pelas estantes

da Biblioteca da EBP-MG, interessar-nos-

á

comentar

AS RELIGIÕES DO LIVRO

,

mas também discutirmos

nossa relação religiosa, profana, sacrílega, ..., com os

livros. Para isso, perguntaremos aos nossos convidados:

“Você reza em qual bíblia?”, “Qual livro proibido

você leu escondido?”. Teremos ainda como objeto de

uma resenha oral o livro

O bem-estar na civilização

,

publicado pela CRV em 2016

,

com a presença do autor

Francisco Paes Barreto.

Ficam aqui os agradecimentos a todos que vieram

at

é

a Biblioteca da EBP-MG!

Cada um que deu sua contribuição e esteve

presente fez com que as atividades da Biblioteca A

í

lson

Braz Sena gerassem bastante entusiasmo.

Márcia Rosa