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Editorial Boletim amurados #02

Por André Pacheco – Comissão de boletim

Miller indica o objeto a e as transformações de seu valor, na medida em que pode ser separado da lógica significante, como aquilo que torna possível uma análise finita (1). Quanto a isso, o testemunho de passe de Elisa Alvarenga “Um amor fora dos limites da lei” presente neste boletim demonstra a mudança de posição enquanto objeto do Outro àquela em que se figura como causa de desejo, para além do gozo fálico, ao final de uma análise. Se o ser falante padecia da observância de uma lei que impunha um modo de amar limitado pelos muros da fantasia, ao entrar pela porta do amor de transferência, foi possível vislumbrar a saída pela porta do passe, em que a repetição deu lugar à possibilidade de inventar um novo amor.

Além disso, na rubrica Aconteceu em tempos de Peste Regina Cheli Prati nos traz a interessante história da intervenção do Papa Alexandre VII que, em meio à ameaça de peste durante o século XVII e orientado pelo conhecimento científico, adotou uma série de medidas que contribuíram para o controle sanitário da doença nos Estados Pontifícios. Já os personagens apresentados por Rosângela Ribeiro e Simone Vieira, não esperaram pelas determinações das autoridades, mas se decidiram pelo isolamento em um castelo bucólico a fim de sobreviver, sem abrir mão de suas delícias. O trágico e o erótico do Decameron de Boccaccio foi transcrito para as telas de cinema por Pasolini e é a indicação cultural desta comissão.

Por fim, já está nos muros da Seção Leste-Oeste o convite a todos para a submissão de elaborações à questão: o que do amor nos tempos das cóleras se escreve? As orientações para o envio dos trabalhos constam neste boletim.

Boa leitura!


(1) MILLER, J-A. (julho de 2010). O amor entre repetição e invenção. Opção Lacaniana online nova série, 1(2). Acesso em 24 de maio de 2021, disponível em http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_2/O_amor_entre_repeticao_e_invencao.pdf
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