Fragmentos de amuro
Por considerar o amor pelo viés do narcisismo Lacan aponta, nesse tempo de seu ensino, para sua dimensão imaginária em que a hostilidade aparece como a outra face do amor. O traço que o amante atribui ao amado tem sua raiz no narcisismo, naquilo que é seu e que ao buscar no outro carrega a verdade especular do sujeito. A versão voraz surge diante falta de harmonia entre sujeito e objeto, revelando um esforço precário do amor para fazer frente ao furo.
Fabíola Fiuza, Goiânia
Toda a demanda ao outro acaba se constituindo em demanda de amor. Ao pedir por satisfação do que se designa ao outro, nunca se obterá resposta satisfatória ao que é designado. A demanda é do sujeito: nem objeto nem nenhum outro são capazes de satisfazê-la. É nesse jogo de (in)satisfações nunca completo que se pode pontuar a importância do amor para que se exista: o ser humano, para existir, precisa, de alguma forma, a princípio, ser amado, e para que continue vivendo é preciso que ame.
Fábio Mantovaneli, Campo Grande
![Foto: Waléria Paixão](https://www.ebp.org.br/slo/wp-content/uploads/2021/06/amurados006-300x225.png)
Lacan no Seminário, Livro 8 – “A Transferência” nos impacta ao proferir essa frase e em tempos tão difíceis ouvir falar de amor é algo que nos detém, pelo menos por um instante.Lacan nos aponta que a condição para amar supõe uma posição que consente com uma falta, afalta, elemento constituinte do Parlêtre que se estabelece na relação com um Outro. Dessemodo, existir no mundo implica fazer laço, e para isso “é necessário reconhecer que se temnecessidade do outro” acrescenta Miller também ao falar sobre o amor.