

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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1ª. Lição
“Essa fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos é um
dos caracteres mais importantes da neurose e dos que têm maior significação
prática.”
p. 19
4ª. lição
“Os mais profundamente atingidos pela repressão são
primeiramente, e sobretudo, os prazeres infantis coprófilos, isto é, os que se
relacionam com os excrementos, e, em segundo lugar, os da fixação às pessoas da
primitiva escolha de objeto.”
p. 42
FREUD, Sigmund (1901 – 1905). Sobre a tendência universal a
depreciação amorosa (Contribuições à psicología do amor II – 1912).
In: _____.
Cinco lições de psicanálise, Lonardo da Vinci e outros
trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976 (Edição Standard
Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 11)
“Não vacilo em admitir que os dois fatores em atividade na impotência psíquica,
no sentido estrito –os fatores de intensa fixação incestuosa, na infância, e a
frustração devida à realidade, na adolescência– respondam também por esta
característica extremamente comum do amor dos homens civilizados.”
p. 169
FREUD, Sigmund (1914 – 1916). Luto e melancolía (1917 [1915]).
In: _____.
A história do movimento psicanalítico, artigos sobre
metapsicologia e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora,
1976
(Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud, v. 14)
“Do mesmo modo que o luto compele o eu a desistir do objeto, declarando-o
morto e oferecendo ao eu o incentivo de continuar a viver, assim também
cada luta isolada da ambivalência distende a fixação da libido ao objeto,
depreciando-o, denegrindo-o e mesmo, por assim dizer, matando-o.”
p. 290
FREUD, Sigmund (1916 – 1917). Teoria geral das neuroses
(1917 [1916 – 17]). Conferência XXII: algumas idéias sobre
desenvolvimento e regressão: etiologia. In: _____.
Conferências
introdutórias sobre psicanálise (parte III)
. Rio de Janeiro: Imago
Editora, 1976 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, v. 16)
“(…) Permitam-me ainda esclarecer que nos propomos descrever o retardamento
de uma tendência parcial num estádio anterior como sendo uma
fixação
. Isto é,
uma fixação da pulsão”.(…) “É plausível supor que a fixação e a regressão não
sejam independentes uma da outra. Quanto mais intensas as fixações em seu
rumo ao desenvolvimento, mais prontamente a função fugirá às dificuldades
externas, regressando às fixações –portanto, mais incapaz se revela a função
desenvolvida de resistir aos obstáculo externos situados em seu caminho”. (…)
“… há regressão de dois tipos: um retorno aos objetos que inicialmente foram
catexizados pela libido, os quais, conforme sabemos, são de natureza incestuosa;
e um retorno da organização sexual como um todo a estádios anteriores.
Ambos os tipos de regressão são encontrados nas neuroses de transferência e
desempenham importante papel no seu mecanismo.”
p. 399
“Podem afirmar numa abreviação esquemática que a fixação libidinal representa
o fator interno, predisponente, da etiologia as neuroses, ao passo que a frustração
representa o fator externo, acidental.”
p. 405
“São as neuroses doenças
exógenas
ou
endógenas
? São elas o resultado
de determinadas experiências de vida prejudiciais (traumáticas)? Mais
particularmente, são elas causadas pela fixação da libido (e pelos outros aspectos
da constituição sexual) ou pela pressão da frustração? (…) “Quanto à sua
causação, os casos de doença neurótica enquadram–se numa série, dentro da
qual os dois fatores – constituição sexual e experiência, ou, se preferirem, fixação
da libido e frustração – estão representados de tal modo que, quando um dos
fatores é mais forte, o outro o é menos.”
p. 407
Descrição de um caso
“Trata–se de um homem que hoje é
praticamente indiferente aos genitais e a outros atrativos das mulheres, mas
que pode ser tomado de irresistível excitação sexual apenas por causa de um pé
que tenha determinada forma, e que calce um sapato. [Ele] Pode recordar um
acontecimento do seu sexto ano de vida, decisivo para a fixação de sua libido.
Estava sentado num banquinho, ao lado da governanta, uma solteirona de meia–
idade, seca, sem atrativos especiais, com olhos azul–claros e nariz arrebitado,
naquele dia estava com algum problema no pé e, por causa disso, mantinha–o
calçado num chinelo de veludo, estendido sobre uma almofada. Sua perna,
propriamente, estava com decência recoberta pela roupa. Um pé fino, magricela
como aquele que vira pertencendo à sua governanta, desde então, se tornou
(após tímida tentativa de atividade sexual normal lna puberdade) seu único
objeto sexual; e o homem se sentia irresistivelmente atraído se um pé assim
se associava mais a outros aspectos, do qu lembrassem a figura da governanta
inglesa. Essa fixação de sua libido, porém, fazia dele não um neurótico mas um
pervertido – que denominamos fetichista do pé.”
p. 407-408
Sigmund Freud