

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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FREUD, Sigmund (1925 – 1926). Dois verbetes de enciclopédia
(1923). A teoria do libido.
In: _____.
Além do princípio de prazer,
psicologia de grupo e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora,
1976 (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud, v. 18)
“O que se escreve como pulsão sexual mostra ser de uma natureza altamente
complexa e sujeita a decompor–se novamente em suas pulsões componentes.
Cada pulsão componente é inalteravelmente caracterizada por sua
fonte
, isto é,
pela região ou zona do corpo da qual sua excitação se deriva. Cada uma delas
possui, ademais, como aspectos distinguíveis um
objeto
e um
objetivo.
O objetivo
é sempre a descarga acompanhada pela satisfação, mas é capazde ser mudada
da atividade para a passividade. O objeto acha-se menos estreitamente ligado
à pulsão do se supôs a princípio; é facilmente trocado por outro e, além disso,
uma pulsão qu possuia um objeto externo pode ser voltada para o próprio eu
do sujeito. As pulsões separadas podem permanecer independentes uma das
outras ou –de um modo ainda inexplicável– combinar-se e fundir-se uma com
as outras, para realizar um trabalho em comum. Podem também substituir-se
mutuamente e transferir sua catexia libidinal uma para as outras, de forma que
a satisfação de uma determinada pulsão pode assumir o lugar da satisfação de
outras. A vicissitude mais importante que uma pulsão pode experimentar parece
ser a
sublimação
; aqui tanto o objeto quanto o objetivo são modificados; assim,
o que originalmente era uma pulsão sexual encontra sua satisfação em alguma
realização que não é mais sexual, mas de uma valoração social ou ética superior.
Esses diferentes aspectos ainda não se combinam para formar um quadro
integral.”
p. 309
FREUD, Sigmund (1923 – 1925). As dus classes de instintos. In:
_____.
O ego e o id e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora,
1976. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas
de Sigmund Freud, v. 19)
“(…)
temos de distinguir duas classes de pulsões, uma das quais, as pulsões
sexuais ou Eros, é, de longe, a mais conspícua e acessível ao estudo. Ela abrange
não apenas a pulsão sexual desinibida quanto ao objetivo ou sublimada que dela
derivam, mas também a pulsão autopreservativa, que deve ser atribuida ao eu e
que, no início de nosso trabalho analítico, tínhamos boas razões para contrastar
com as pulsões objetais sexuais. A segunda classe de pulsões não foi tão fácil
de indicar; ao final viemos a reconhecer o sadismo como seu representante.
Com basse em considerações teóricas, apoiadas pela biologia, apresentamos
a hipótese de uma pulsão de morte, cuja tarefa é conduzir a vida orgânica de
volta ao estado inanimado; por outro lado, imaginamos que Eros, por ocasionar
uma combinação de consequências
cada vez mais amplas das partículas em que
a substância viva se acha dispersa, visa a complicar a vida e, ao mesmo tempo,
naturalmente, a preservá-la. Agindo dessa maneira, ambas as pulsões seriam
conservadoras no sentido mais estrito da palavra, visto que ambas estariam
se esforçando para restabelecer um estado de coisas que foi perturbado pelo
surgimento da vida. O surgimento da vida seria , então, a causa da continuação
da vida e tambem, ao mesmo tempo, do esforço no sentido da morte. E a
própria vida seria um conflito e uma conciliação entre essas duas tendências.
O problema da origem da vida permaneceria cosmológico, e o problema do
objetivo e propósito da vida seria respondido dualisticamente.”
p. 54
“Segundo este ponto de vista, um processo fisiológico especial (de anabolismo
ou catabolismo) estaria associado a cada um, as duas classes de pulsões; ambas
estariam ativas em toda partícula de substância viva, ainda que em proporções
desiguais, de maneira que determinada substância poderia ser o principal
representante de Eros.”
p. 55-56
FREUD, Sigmund (1923 – 1925). O problema econômico do
masoquismo (1924). In: _____.
O ego e o id e outros trabalhos
. Rio de
Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição Standard Brasileira das Obras
Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 19)
“O masoquismo moral, , (…) se torna uma prova clássica da existência da fusão
pulsional. Seu perigo reside no fato de ele originar-se da pulsão de morte e
corresponder à parte dessa pulsão que escapou de ser voltada para fora, como
pulsão de destruição.”
p. 212
FREUD, Sigmund (1927–1931). O mal–estar na civilização (1930
[1929]). In: _____.
O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização
e outros trabalhos
. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1976. (Edição
Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud, v. 21)
“(…) é impossível desprezar o ponto até o qual a civilização é construida sobre
uma renúncia pulsional, o quanto ela pressupõe exatamente a não–satisfação
(pela opressão, recalque ou algum outro meio?) de pulsões poderosas. Essa
‘frustração cultural’ domina o grande campo dos relacionamentos sociais entre
os seres humanos. Como já sabemos, é a causa da hostilidade contra a qual todas
as civilizações têm de lutar. (…) Não é fácil
entender como pode ser possível
privar de satisfação uma pulsão. Não se faz isso impunimente. Se a perda não
Sigmund Freud