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A
loucura de
Hamlet
e a do
mundo
Antoni Vicens*
“Compreende-se o
Hamlet? Não há
dúvida, a certeza é
que enlouquece... (...)
Todos nós tememos a
verdade.”
“Shakespeare (...)
concebeu o tipo de
César. Algo assim não
se intui.”
Friedrich Nietzsche,
Ecce homo
Hamlet segue avançando em nossa
direção, armado dos pés à cabeça com
os signos de nosso ser, e nos lança seu
desafio: Venha até mim, se puder. Saia
a meu encontro e encontre a si mesmo!
Seja o homem de desejo que dizes que
queres ser; mas, antes, passe pela minha
história.
Jacques Lacan dedicou a
Hamlet
suas
sete lições de seminário em 1959
num momento crucial de sua carreira
e de seu ensino. A necessidade de
fazer reconhecer o valor da formação
psicanalítica que ele e seu grupo
dispensavam aparece como um ato no
qual o sentido de sua clínica, de sua
elaboração conceitual e de sua política
estavam a ponto de deixá-lo, como o
homem autêntico, sozinho com seu
desejo. Acredito que essas lições que
dedicou a Hamlet ilustram a posição
tomada por Lacan no destino da