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Catecismo

Iordan Gurgel

[AME da AMP/EBP-Ba]

Não se tratava de um livro e sim de uma revista (o “gibi dos adultos”),

de fabricação caseira, artesanal – o famoso “CATECISMO”, de Carlos

Zefiro [Alcides Caminha] – e para nada ensinava nenhuma doutrina religiosa

como sugere seu nome de fantasia. Ao contrario, ensinava aos adolescentes

curiosos (e corajosos) o que era sexo, alimentando suas fantasias.

Sempre havia um número novo que era lido escondido (e muito

escondido), por todo menino dos anos 50 a 70. Eu costumava ler no ginásio

(nos anos 1963/66), junto com os colegas e afastado de qualquer adulto

(às vezes íamos para a serraria da Escola e nos escondíamos no galpão de

madeira). Se éramos flagrados pelo “censor” (era como se designava aquele

que fiscalizava os alunos; no nosso caso, o famoso “Seu Geraldo”), o caminho

era a diretoria e o castigo era 3 dias de suspensão; ...e o pior, a recomendação

explícita: “o aluno só poderá comparecer à escola acompanhado dos pais ou

responsável”. Castigo em dose dupla!

Era o máximo de transgressão e libidinagem naqueles anos em que a

censura imperava, a TV engatinhava, o cinema “erótico” era proibido para

menores de 18 anos e a “playboy”, nem em pensamento.

A minha geração passou pelos incentivos eróticos e gozosos de Carlos

Zefiro.

Escondida

Lucíola Macêdo

[AMP/ EBP-MG]

O primeiro livro que li escondido não

me lembro da idade exata que tinha, nem

mesmo o título do livro. O encontrei na

estante de livros da biblioteca de meu pai.

Era um livro que versava sobre as mudanças

corporais dos meninos e meninas com a

chegada da adolescência, com fotos, gráficos,

tabelas por idades e esse tipo de coisas que

uma menina quando entra na puberdade quer

saber, mas morre de vergonha de perguntar...

Depois, já na adolescência, dessa época

me lembro muito bem, circulavam na escola,

entre um pequeno grupo de amigas do

Lice

,

na hora do lanche e dentro de sacos de pão, os

tais livros proibidos.

Depois da escola, nos dias de sol,

costumava sair de bicicleta pra beira do

lago Omodeo, e então devorava com ardor

o conteúdo proibido: os meus preferidos,

à época, foram Teorema, de Pasolini e

I

nutrimenti terrestri

(Os frutos da terra), de

Gide.