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falasser. Como diz Miller, “quando nos encontramos em um

ponto terminal, é lícito ressignificar o que o precede”

9

.

Assim, voltando à pergunta em suspenso

10

, o caráter

‘transgressor’ de estar ‘a sós’ com livros que potencialmente

permitiriam o acesso a um universo imprevisível e, como tal,

prenúncio de experiências proibidas, independe do conteúdo

específico de cada volume, pois o determinante é o contexto

mesmo em que se insere esse objeto no uso que dele é feito,

pela satisfação que produz, mas não sem destacar um ponto

de incongruência em relação a uma verdade construída que

o transforma em outra Coisa. Experiência que, diante da

possibilidade de ser desvelada, produz frisson.

9 Miller, J.-A. (2017). “Uma nova aliança com o gozo”.

Opção lacaniana

, (75), no

prelo.

10 O que pode fazer uma situação de leitura parecer transgressora, mesmo que o

conteúdo do que se lê não o seja?

__________

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Freud, S. (1980[1905]). “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. In

ESOPSF

.

Rio de Janeiro: Imago, vol. X.

Freud, S. (1980[1910]). “Leonardo da Vinci e uma lembrança de sua infância”. In

ESOPSF

. Rio de Janeiro: Imago, vol. XI.

Lacan, J. (1988[1959-60].

O seminário

, livro 7,

a ética da psicanálise

. Rio de Janeiro:

Zahar.

Lispector, C ( 1998). “Felicidade clandestina”. In

Felicidade clandestina

. Rio de

Janeiro: Rocco.

Miller, J.-A. (2017). “Uma nova aliança com o gozo”.

Opção lacaniana

, (75), no

prelo.

Miller, J.-A. [2008-09]. Curso de Orientação Lacaniana: “Coisas de fineza em

psicanálise”

Livros

proibidos

… nenhum

Gustavo Dessal

[AME da AMP/EEP-MADRI]

Menos ainda às escondidas. Sim, de modo solitário, evidentemente. Leio fundamentalmente

ficção, e alterno clássicos com autores modernos. Os últimos:

The invisible man

, de Orson Wells;

14 juillet

, de Éric Vuillard, meu autor francês contemporâneo favorito, junto com Philipe Claudel;

vários contos de Joyce Carol Oates (recomendo fervorosamente

Gun love

, e

Where are you going, where

have you been

, este último dedicado pela autora a Bob Dylan);

All the beautiful horses

, de Corman

McCarthy.

E uma descoberta:

Let´s keep talking. Lacanian tales of love, sex, and other catastrophes

, de Yael

Baldwin. Um conjunto de casos clínicos muito bem contados e argumentados por esta autora norte-

americana. Para que não se diga que nos EUA a psicanálise não existe…

Gustavo Dessal nasceu em Buenos Aires, mas mora e trabalha

em Madri desde 1982. Psicanalista, AME da Escola Europeia de

Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise.  Escreve

ensaiossobrepsicanálisee tambémficções. Doisdosseusúltimos

romances são Clandestinidad (Buenos Aires, 2010) e Micronesia

(Buenos Aires, 2014). Em 2014 publicou o ensaio El retorno del

péndulo (BuenosAireseMadrid, 2014), comZygmuntBauman. Seus

trabalhos foram traduzidos para o inglês, francês, italiano,

português e romeno. Seu romance mais recente,

Surviving Anne:

A Novel

, foi publicado por Karnac em 2015.

Além de responder à pergunta que anima o Bibliô n. 32, Gustavo Dessal honra nosso número

com umas palavras sobre “Amor”, conto da nossa amada Clarice Lispector publicado em Laços de

família, Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1998, p.19. Livro indispensável para o próximo Enapol.