

O CORPO FALANTE
X Congresso da AMP,
Rio de Janeiro 2016
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“(…) apresenta o gozo do sintoma, esse gozo oculto como algo estranho, que
tem
Befremdung
, que não é familiar nem reconhecível. Aqui Freud fala do auto-
erotismo ampliado do sintoma, que constitui uma modificação do ser mesmo do
sujeito e, eventualmente, do seu próprio corpo.”
p. 30
Faz com que a castração, o (–
φ
), retorne sobre o próprio gozo. Isso implica,
finalmente, pensar a relação entre a linguagem e o corpo que, para Lacan, se
traduz como a captura do corpo pela estrutura com seu duplo efeito: de um
lado, o (–
φ
), a estrutura leva a castração ao gozo, o deserto de gozo; do outro, o
suplemento, o objeto
a
.”
p. 33
Miller, J.-A. A introdução ao inconsciente. Falo: Revista Brasileira do
Campo Freudiano, Fator II, vol. II. Salvador, 1988
“ (…) introduzir o paciente numa primeira localização de sua posição, em
relação ao seu dito. É o que acabei de demonstrar, que só podemos nos
aproximar do real através do dito.”
p. 118
“A introdução ao inconsciente é, na realidade, uma introdução à falta-a-ser. O
sujeito é uma falta-a-ser, isto é, não tem substância, propriamente existe apenas
como a torção dos três tempos.”
p. 122
“Porém, o neurótico, é justamente o sujeito que tem a mais aguda experiência
da falta da causa-de-ser, que pode experimentar a falta de necessidade de sua
vida, quer seja a ansiedade que pode desaparecer amanhã, quer a contingência
fundamental de sua existência.”
p. 123
“Quando alguém encontra algo impossível, pode dizer isso é real, e localizar o
real como excluído, porém, dentro do próprio campo da linguagem.”
p. 134
Miller, J.-A. Os usos do lapso. In:Agente. Revista de Psicanálise Nº13,
vol. VII. Salvador: EBP- BA, 2000. Tradução: Marise Pinto
“(…) E, por aí, o S1 aqui, que joga essa função eminente no inconsciente, sob a
forma dessas falas que marcam você, esse S1, ele está ao mesmo tempo veiculado
e acarretado no discurso universal.”
p. 18
“Não: quando Freud quer fazer o público acreditar na noção que o inconsciente
é do real, ele recorre ao inconsciente-mestre, ele coloca em evidencia as ações
compulsivas, repetitivas, em que o sujeito aparece evidentemente como
comandado por algo mais forte do que ele, como eu quando chego atrasado a
este
curso.
”
p. 19
“Isto é, que tudo isso, a articulação do inconsciente-verdade, do inconsciente-
mestre e do inconsciente-saber, era feito para gozar, era feito para obter o
Lustgewinn
, um ganho de prazer.”
p. 20
Miller, J.-A. Biologia Lacaniana e acontecimento de corpo. In:
Opção Lacaniana Nº41. Eólia, São Paulo, 2004. Tradução: Ana Lúcia
Paranhos Pessoa
“(…) Isto nos diz qualquer coisa de fundamental sobre o estatuto do corpo,
deste corpo que dá o modelo imaginário do Um. Identificamos de alguma forma
espontáneamente, imaginariamente, o corpo e o ser vivo. (…) Se é lícito, para o
animal, identificar o ser e o corpo, não o é para a espécie humana. Isto concerne
ao estatuto do corpo falante: o corpo não avulta do ser, mas do ter.”
p. 13
“(…) Lacan, no contexto onde tomou a fala, disse que a biología freudiana não é
a biología. Com efeito, a morte de que se trata na pulsão de morte não é a morte
biológica, não é o simples retorno do corpo vivo ao inanimado. É morte em
que se trata do além da vida. Uma biología que inclui a pulsão de morte é uma
biología do além da vida, mas um além da vida que está aberto ao ser falante
pela língua. Este além da vida é materializado pela sepultura, visto que a espécie
humana é a única em que o corpo morto conserva seu valor.”
p. 14
Miller, J. A. Silet – os paradoxos da pulsão, de Freud a Lacan. Jorge
Zahar Editorial, Rio de Janeiro, 2005
“(…) Ora, o corpo lacaniano é imaginário. Só se introduz na experiencia
analítica, na metapsicología, na teoría do significante, por meio da imagem. Esta
é a lição do estágio do espelho. Por isso, há uma conexão esencial entre o gozo
e a imagem. E foi o que fez com que, quando falei aqui pela primeira vez sobre
o imaginário, eu desse como título “As prisões do gozo”, a fim de qualificar as
imagens no sentido de Lacan.”
p. 81
Miller, J. A. Nota passo a passo In: O Seminário:,
O Sinthoma
. Livro
23 (1975-1976) de J. Lacan, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editorial
2007. Tradução: Sérgio Laia
“(…) E cabe a Lacan se interrogar então sobre a origem verdadeira do
significante Um.
“(…) A resposta está aquí, nessa página do
Sinthoma,
que sugere que o corpo
poderia ser o modelo, ou seja, a origen imaginária, não do
um
-
todo-só
, que é
significante, marca, traço, corte, mas do
um-a-mais
que é o conjunto vazio.
Trata-se de dizer, simplesmente, que o corpo existe como saco de pele, vazio,
fora e ao lado de seus órgãos.”
p. 213
Jacques-Alain Miller