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ASUNTOS LIVRESCOS

WAJCMAN, Gérard,

El ojo absoluto

, Buenos Aires: Editora

Manantial. Tradução de Irene Agoff, 2011, 275 páginas.

« Ver é uma arma de poder. Da vídeovigilância até a captação da imagemna medicina,

passando pelos satélites que escaneiam o planeta, inúmeros dispositivos trabalham

para nos tornar integramente visíveis. Quer se ver tudo, até a transparência. Hoje, ir de

compras a um shopping significa ser filmado inúmeras vezes. Outrora eram vigiados os

criminais, hoje são os inocentes os vigiados. Mas, além da vigilância, esse olhar global

se infiltra em todas as zonas de nossa vida, do nascimento até a morte. A ideologia da

transparência que ameaça nossas existências, o espaço privado de nossos lares e o interior

de nossos corpos, dilui cada vez mais a cada dia o que temos de íntimo e secreto »

PEREZ JIMENEZ, Juan Carlos,

De lo trans

, Olivos, Pcia. de

Buenos Aires: Ediciones Grama, 2013, 103 páginas.

« A reflexão sobre a questão trans nos implica. A comoção que produzem as figuras

dos transexuais, o andrógino e o hermafrodita, que vá do fascínio até o ódio visceral,

merece toda nossa atenção uma vez que revela uma conexão profunda comalgo que nos

concerne. Para abordar este assunto são fundamentais as formulações sobre a sexuação

que se encontram no segundo ensino de Lacan, assim como a revisão de algumas das

muitas reflexões que a teoria queer faz sobre o gênero, sem perder de vista a dimensão

social. ComoLacanobserva, desde esta posição interdiscursiva talvez possamos obter um

discursomais débil, mas certamente nãomenos fértil »

BENTES, Lenita,

As patologias do ato

, Rio de Janeiro: Editora

Usina de Letras, 2014, 280 páginas.

«Na atualidade as patologias do ato aparecementre sujeitos em litígio, mas entre sujeitos

em conflito com a ordem pública em razão da inexistência, aparente, do sintoma,

no sentido clássico do sintoma psicanalítico. Lenita Bentes aborda essas patologias

como sintomas sociais, sem com isto correr o risco de fazer uma leitura sociológica da

subjetividade. Se nem todos os atos são patológicos, em todas as transgressões são delitos

e tampouco todo delito supõe uma transgressão, uma vez que a transgressão requer um

sujeito que decida ultrapassar um limite. Para tal deve situar-se em relação à lei e, esta

como limite, está cada vez mais difícil de situar, assim como o que ela proíbe »

DIDI-HUBERMAN, Georges – Passés cités par JLG. L’Œil de l’histoire, 5. Paris,

Les Éditions deMinuit, 2015, 207 páginas.

« No quinto volume de O olho da história, o historiador da arte Didi-Huberman,

autor de O que vemos, o que nos olha, analisa a poética de Godard sob o prisma do

historiador. Com seu trabalho a partir, com e sobre as imagens, Godard nada mais teria

tentado, ao longo de sua filmografia, do que contar histórias (ou mesmo a História),

afastando-se dos cânones narrativos do cinema popular, industrial ou documentário. O

objetivo era “pratiquer l’art du montage comme unart poétique”, fundamentalmente,

uma arte do corte ou cesura, “unart de la césure au sens où Hölderlin avait pu dire,

prenant pour exemple l’intervention de Tirésias – l’homme double, le prophète et

le visionnaire par excellence – dans l’Œdipe roi de Sophocle, qu’elle est invention et

intervention à la fois : invention d’une « pure parole » dans son intervention même de

«suspension antirythmique». Nesse sentido, para Didi-Huberman, as História(s) do

cinema de Godard são um imenso exercício de montagem, em que o cineasta, como

Orfeu, olha para trás, vê e revê e, portanto, “il sera retourné à unnombre considérable de

moments tournés par un nombre considérable de cinéastes”. O resultado é um imenso

trabalho de citações, em tudo equiparável ao atlas Mnémosyne de Aby Warburg ou

ao Livro das passagens de Walter Benjamin, cujas imagens dialéticas nos permitem ler

passadosdeoutro tempo, arcaicos, porém, tornados contemporaneamente legíveis graças

àmontagem, isto é, “la collision de ces « passés cités » avec le présent ou le «maintenant »

de celui qui revoit, recite, remonte, retrouve”. Nesse sentido, Histoire(s) du cinéma

reataria o empreendimento darecherche du temps perdu de Proust e se configuraria, em

suma, como um exercício de arqueologia »