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Nº24

Maio/ Junho 2015

BIBLIO

« O que é um livro se não o abrimos?

Um simples cubo de papel e de couro com folhas;

mas se o lemos, alguma coisa estranha acontece,

creio que ele muda a cada vez »

J. L. Borges

EDITORIAL

Anos atrás pensávamos que as bibliotecas fossem um dos recintos cerimoniais mais significativos,

onde os leitores marcavam encontro com o gozo da escrita e da leitura assim como um encontro com

outros leitores numa espécie de epifânia silenciosa e aconchegante. As bibliotecas como oráculos da

cidade onde acudir para decifrar os mistérios do

Zeitgeist

.

Nos tempos após web, e graças à tirania da transparência, podemos descobrir numa fotografia a lenta

agonia de uma delas. A primeira vista parece o mar dos nomes próprios após uma turbulência ou será tal

vez o oceano de falsa ciência de Perelman do qual falava Lacan?

Parece que a morte de uma biblioteca acontece quando seus leitores não mais dão as caras. Ou

será que todos esses livros estão digitalizados e, como o objeto na psicose, habitam no bolso móbil de

cada um? Cada nova liberdade conquistada custa um preço, sabemos. No caso da biblioteca da foto é

evidente que os leitores não mais se encontram para respirar o mesmo ar povoado de ácaros e memórias.