Apresentação Seminário do Passe

Coordenadores: Maria do Rosário Collier do Rêgo Barros e Glória Maron
Datas: 17.05; 28.06; 04.10; 06.12
Horário: 20h
Lizuan. “Delirious 023”, Madrid 2012.

Alinhado ao eixo de trabalho que orienta as atividades da Diretoria – a formação do analista – o Seminário do Passe tomará como ponto de partida a função do passe para a formação. Lembremos com Éric Laurent que Lacan, no “Ato de Fundação” de sua Escola, ao propor uma primeira Seção que se encarregaria de pesquisar sobre a psicanálise pura, colocava em questão a análise didática sustentada pelas sociedades tradicionais vinculadas à IPA. Colocava-se em jogo interrogar o que é um analista de modo que não fosse definido por um traço ideal. O desafio do passe foi deduzido dessa questão1. Antes de tudo, há um esforço de transmitir a função desse dispositivo separando-o de uma perspectiva idealizada e, conseqüentemente, cuidar para que o dispositivo conserve o frescor de sua originalidade, sem nenhum standard ou a priori do que é o analista. Daí a importância da experiência da análise que, ao se opor a um standard, ou seja, a uma formação padronizada, coloca sob exame o resultado obtido de um percurso de análise levado a seu termo, fora de critérios a priori. As variações diversas verificadas no dispositivo do passe, desde sua proposição em 1964, demonstram o enlaçamento com a variedade de testemunhos que colocam sob exame as singularidades do desejo do analista e do ato analítico.

Só existe analista se esse desejo lhe advier, que já por isso ele seja rebotalho [rebut] da dita (humanidade)2. Há, portanto, um resto ineliminável que é condição da passagem de analisante à analista, não um rebotalho qualquer, assim como o saber que daí se extrai não é um saber qualquer, mas um saber furado, aquilo que causa ao analisante horror ao saber. Aqui localizamos um giro quanto à proposição do final de uma análise, não mais apoiada na fantasia mas na inexistência da relação sexual. 

Os testemunhos de passe, a escritura do gozo do Um e suas consequências na clínica e no coletivo ilustram modos de resistência ao universal e tornam-se a prova viva do que há de mais singular em cada um. Essa lógica da singularidade, aquela na qual o vazio e o gozo entram em jogo3, é uma via possível para extrairmos ensinamentos, investigando testemunhos já publicados e, se possível, novos testemunhos. 

Abordaremos a questão dos passadores e o que podemos extrair dos textos da “Proposição” e da “Nota Italiana” sobre essa função no dispositivo do passe.

Pretendemos dar mais um passo nessa direção interrogando como os efeitos desse dispositivo têm retornado para o trabalho de Escola e como têm contribuído para ler a atualidade e dialogar com a civilização. Assim como verificamos mutações na civilização que incidem nos laços sociais, nas modalidades de relação com o inconsciente, nos modos de abordar e tratar o real, verificamos também o dispositivo do passe se atualizar nos diferentes testemunhos dos AEs, contribuindo para abordar as questões da psicanálise em nossa época.

Está em jogo, portanto, como o dispositivo se atualiza a cada testemunho e como o analista, ao analisar o seu próprio inconsciente em conexão com a atualidade da sua época, renova a psicanálise e sustenta o compromisso de transmitir a outros a contribuição da mesma para a civilização.

Notas

1 Laurent, E. “Política do Passe e Identificação Dessegregativa”. Em: Opção Lacaniana 82, Eolia: São Paulo, abril 2020, pg. 47-57.

2 Lacan, J. “Nota Italiana”. Em: Outros Escritos, Zahar:Rio de Janeiro, 2003, pg. 311-315.

3 Laurent

Apresentação Seminário Clínico

Coordenação: Marcia Zucchi e Maria Silvia G. F. Hanna
Datas: 19.04; 21.06; 16.08; 18.10
Hora: 20h
Ugo Rondinone, Primitive, Glasgow, 2012.

É com alegria e entusiasmo que assumimos a coordenação do Seminário Clínico de 2021.

Propomos o tema do amor, em sua vertente transferencial, a partir do qual teceremos conexões com o desejo do analista, a interpretação e o manejo da transferência, interrogando o que há de novo nesse campo e como o analista responde na atualidade.

Para o primeiro semestre, escolhemos dois casos comentados por J. Lacan nos seminários 10 e 11. 

O caso de Lúcia Tower, presente no Seminário 10, possibilitará elaborar sobre a função do desejo do analista como instrumento na passagem do gozo ao desejo. 

O caso Unicórnio, de Serge Leclaire, encontrado no Seminário 11, traz outros aspectos importantes, dentre os quais destacamos a interpretação e o fora de sentido no contexto da formalização das operações de alienação e separação. 

Cada caso será lido e discutido previamente por um cartel que participará do seminário apresentando os pontos que foram se destacando.

O cartel que se dedicará ao Caso de Lucia Tower está constituído por: Ana Beatriz Freire, Ana Tereza de Faria Groisman, Maria Correa e Vania Gomes.

O cartel que se ocupará do caso do Sonho do Unicórnio, de Serge Leclaire, está constituído por: Ángela Bernardes, Dinah Kleve, Isabel Bogéa e Rachel Amin.

Contamos com a presença de todos aqueles que queiram nos acompanhar neste percurso.

Bibliografia:
Lacan, J. A mulher, mais verdadeira e mais real (capítulo XIV). In: Seminário, livro 10. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
Lacan, J. Coisa de Macho (capítulo XV). In: Seminário, livro 10. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
Lacan, J. Da interpretação à transferência. In: Seminário, livro 11. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed,1990.
Leclaire, S. O sonho do unicórnio. In: Psicanalisar. Rio de Janeiro: Perspectiva, 2019.
Tower, Lúcia E. Contratransferência. In: Acheronta 19. Pdf. www.acheronta.org/index.htm 

Rolar para o topo