Apresentação da Diretoria da Biblioteca

Por Ana Beatriz Freire

Extraído de: http://bibliotecadelpsicoanalista.blogspot.com/2010/03/from-sigmund-freud-to-jacques-lacan.html

“A Biblioteca é ilimitada e periódica. Se um eterno viajante a atravessasse em qualquer direção, comprovaria ao fim dos séculos que os mesmos volumes se repetem na mesma desordem (que, reiterada, seria uma ordem: a Ordem). Minha solidão alegra-se com essa elegante esperança.” (A Biblioteca de Babel – Jorge Luis Borges)

Como afirmou a nova diretora da EBP-seção Rio, Ruth Cohen, um novo tempo se inicia e, com ele, novos desafios frente à pandemia da Covid 19, que se impõe em proporções universais, exigindo-nos novas invenções na nossa solidão, no infinito particular, de cada um. Infinita solidão que vai em direção à aposta de fazermos laço com os colegas seguindo a orientação da Escola, do Campo Freudiano, em suas três dimensões sintetizadas por Laurent1, epistêmica, clínica e política. A biblioteca, ainda que no recurso virtual, ilimitada e periódica, seguirá dentro do possível as atividades já realizadas pela diretora de biblioteca anterior, Andrea Vilanova:

– Primeiramente, mantendo firme as propostas apresentadas pela FIBOL2, em particular, dar seguimento e manter o ensino, a ação lacaniana, abertos aos interessados em psicanálise, no sentido mais extenso, participando na cidade.

– Retomando a expressão de Jacques-Allan Miller, no sentido “de dedicar-se à ‘educação freudiana’ da população”, pretendemos continuar a abrir as portas da biblioteca, acolhendo, mesmo que de forma on line, a rede possível entre psicanalistas, praticantes da formação do inconsciente e os não analistas.

– Como acolhimento da produção e interlocução do Campo freudiano, lugar imanente de pesquisa, intercambio e curiosidade epistêmica/clínica, a biblioteca seguirá com o projeto de manter firme o campo da palavra inaugurada por Freud, do retorno a este por Lacan em suas próprias invenções, da reinvenção de Miller e comentadores, acolhendo o que de vivo se abre como publicações e debates na rede do Campo Freudiano com portas abertas para a cidade. 

– Pretendemos seguir, na topologia da banda de möebius, uma extimidade com outros saberes na interface com a psicanálise e abrir, não sem torção, nossas inquietações clínicas e conceituais ao que se passa na política de forma mais ampla. 

Nesses tempos sombrios, esperançar, como afirmou Paulo Freire com Stella, é preciso para resistirmos e tratarmos a impotência, nos orientarmos em direção ao impossível, através do saber fazer da rede, infinita e periódica, necessária e contingente, e através do que pudermos construir como lugar de conversação do que nomeamos nossa biblioteca.

Membros da equipe da biblioteca:

Ana Beatriz Freire (diretora), Clarisse Boechat, Cristina Duba Silveira, Felipe Vianna Pinheiro, Isabel Barata Adler, Jeanne Marie Costa Ribeiro, Maria Cristina Antonio Jeronimo,  Maria Elisa Delecave Monteiro , Maria Inês Lamy e Viviane de Lamare 

Notas

1 Laurent, É. “Política do passe e identificação dessegregativa”. Opção Lacaniana, nº 82. São Paulo: Eolia, 2020, p.47.

2 FIBOL – Federação Internacional de Bibliotecas de Orientação Lacaniana do Campo Freudiano (FIBOL), criada em 1990, impulsiona o desenvolvimento de Bibliotecas de psicanálise e disciplinas afins, favorecendo os intercâmbios entre elas. Associação sem fins lucrativos, fundada por Judith Miller

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