Pajubá e a Fulô de Lalíngua

Quantas línguas há na nossa língua mãe? Além daquela do pai, da norma culta; e a da mãe, de ternuras ancestrais, há ainda, muitas mais, muito mais no cristal da língua, nesse mosaico em constante mudança que nos constitui. Nele, cabem até mesmo os brados raivosos dos paranoicos no poder. Boas mesmo são as línguas que trazem fragmentos de um passado perdido, de indefiníveis certezas. Somos transportados a uma zona da memória impossível de localizar. São elas que habitam a tendência irresistível para alguns de fazer, de uma flor, fulô e para outros, para quem flor é flor, ainda assim de bater com o pé no chão quando ouvem “pisa na fulô, pisa na fulô…

 Que memória é essa? A mesma que Proust nos leva a sentir, mesmo não tendo ideia do que seja uma Madeleine. Basta mergulhar nossos fragmentos sonoros no caldeirão da língua quando dizemos, meu dengo, meu araçá.

Para Freud, a memória não tem fim. Melhor, não tem limites. A ideia de um estoque finito, como pensa a neurologia, mostra seu caráter de ilusão quando a mesma ciência não cessa de destacar como as conexões neuronais são incontáveis por se fazerem e refazerem sem cessar. Freud não se interessa pelo arquivo morto. Que nossa biblioteca de memórias seja enorme, de acordo. Mas o que conta, o que desperta e faz sonhar são as memórias do esquecido. Valem as que não se encaixam no verbo da cidade, andarilhas errantes, mais neuras que neuros.

Para tudo que não coube na língua pública e nem na privada, mas apenas ficou como ressonância, ritmo, cor, Lacan inventa um nome, fazendo cantarolar sua langue com o termo lalangue. Na nossa língua um tanto dessa vibração se vai, mas que seja, digamos em português lalíngua. É com ela que em última essência lida o psicanalista ao fazer os fragmentos de história fora da história de cada um falar.

Quanto de alfabestização é preciso para que falemos em bom português, valorizando os encontros consonantais em chiados e erres prolongados? Quanto se encolhem nossas vogais quando dizemos “dentro de mim” em vez de “dendimim”? “Muito prazer” em vez de “ôba!” e assim por diante?

Nessa distância entre lalíngua e a língua oficial brotam dialetos. Vivi um deles por anos, o dialeto médico, com seu jargão entre radicais gregos e latinos, tendo um termo para qualquer evento a fim de evitar que o paciente saiba que dele falam como de uma coisa. De “hanseníase” para lepra ou do atual “cuidados paliativos” para fim de linha, o jargão médico sempre me deu a impressão de um modo pretensioso de esconder a morte ao preço de uma mortificação da linguagem.

Esse número do Radar do analista cidadão busca o encontro com outro dialeto, quase o avesso daquele do médico, o pajubá. É o dialeto dos trans e de sua rua, reinjetando lalíngua na língua oficial, sexualizando a linguagem e falando a seu modo da vida e da morte.

A ideia partiu de Maricia Ciscato, mais especificamente de seu encontro com as falas de Amara Moira que é, ela própria, ponto de encontro entre o pajubá a experiência trans da rua, prostituta que é ao reverberar na ponta de sua língua, tanto o pajubá das ruas quanto, em sua tese de doutorado, as onomatopeias de Joyce.

Conversando com Maricia e com Veridiana Marucio, vimos como podemos aprender com o pajubá um modo de articular passado, presente, interdito e dito e, talvez, alguma coisa do que ocorre em nossa clínica se ilumine por ele. Basta que se ouça Amara em pajubá para que sejamos transportados a essa periferia da língua em que localizamos nosso trabalho e onde ecoam os terreiros, talvez de modo próximo e distinto daquilo que Lélia Gonzalez chama de pretuguês.

Além do dialeto médico, tenho vivido há um bom tempo no lacaniano. A trama de palavras pacientemente tecida por Lacan ao longo dos anos para nos levar o mais próximo do calor dos acontecimentos, pegou muita friagem no caminho ao vir para nossas terras, não apenas perdeu sabor, mas ganhou uma ossatura que mimetiza demais a do francês, nos levando a dizer coisas estranhas como “da ordem de…”, ou “objeto pequeno a” com a maior naturalidade. Meus votos são os de que esse Radar abra os ouvidos dos que usam os termos de Lacan como usavam os médicos de meu passado, para a força e virulência que tinham em seu tempo, como os termos do pajubá têm, hoje, no nosso. 

NECA, PAJUBÁ E A MEMÓRIA DE LALÍNGUA

(conversa em torno de um conto de Amara Moira)

Antes de mais nada, é preciso ouvir Amara Moira lendo ao menos parte de seu conto “Neca” (A resistência dos vagalumes, São Paulo, Nós, 2019, pp. 43-49):

https://www.youtube.com/watch?v=_hzFcNQsbPc

(a partir de 0:57:24)

I Traduzir, abalar

Maricia Ciscato: Outro dia, ouvindo Amara Moira falar sobre tradução, fui remetida ao que Nohemi Brown definiu como o que seria um “momento de inter-câmbio” na nossa Escola. Nele, diz Nohemi, “mais do que extrair um saber de outra disciplina ou oferecer o nosso, é possível localizar o limite do saber e, a partir dessa troca, abrir brechas que, não sem surpresa, forçam ao bem-dizer ou a uma forma, por vezes, inédita de considerar uma questão. ”[1] Amara dizia que pensar a tradução (ela se apoia em Benjamin aqui) é “deixar que o idioma da obra original abale a língua de chegada. Fazer com que a língua para a qual se escreve uma tradução se deixe abalar e se deixe ampliar com base nas experimentações do outro idioma.”[2] Não seria isso o que desejamos quando nos propomos, enquanto psicanalistas, ao encontro com as artes e saberes afins?

Marcus André Vieira: Sim, nos deixarmos, analistas, abalar pelas artes e saberes afins à experiência psicanalítica é fundamental. É nosso modo de dialogar com elas, essencial, talvez hoje mais que nunca, quando uma aspiração supremacista, em nosso país, assume desejos de extermínio com relação a tudo o que lida com o estranho de cada um.[3] Mas talvez fosse bom partir de um ponto anterior. Não há um abalar anterior, no plano do nosso trabalho quotidiano, o da experiência do inconsciente? Na análise, a gente se deixa abalar pelo que nos chega de outro lugar. Ele envolve certamente a memória, ou como diz Lacan para definir o inconsciente, “a memória do que se esqueceu”.[4]

Veridiana Marucio: Se tomarmos a frase de Lacan super conhecida e mais do que nunca recitada entre nós de que deve renunciar à sua prática o analista que não possa ter em seu horizonte a subjetividade de sua época, vale lembrar que ao final do parágrafo ele define nossa função como a de um “intérprete na discórdia das línguas”.[5] Intérprete, entendi eu, nesse sentido mesmo, o da tradução que abala. Cabe bem o termo, se deixar abalar, traduzir, entender, perturbar para tirar do que perturba um saber, um saber que se relaciona a essa memória do esquecido.

Maricia: Talvez o “pajubá”, de que Amara nos dá notícias, possa nos ajudar a avançar com os abalos, línguas e memórias. Em um breve mergulho, com Amara, no universo trans brasileiro, encontrei esse dialeto, muito usado entre as trans no Brasil, e aprendi que ele se origina de palavras e expressões extraídas de várias línguas africanas[6] vindas para o Brasil quando os negros foram traficados de diversas partes da África. O pajubá se fez como uma invenção linguística brasileira – resultada de uma mistura de expressões de línguas africanas com o que do português foi se juntando a elas. Por todo um modo aberto dos terreiros do candomblé a variações da diferença sexual, o pajubá teve nos terreiros seu caldeirão a permitir ebulição.[7] Nos anos de ferro do Brasil, o pajubá se fez ainda mais importante entre a comunidade trans. Enquanto a ditadura queria enrijecer sobre os corpos e línguas dos brasileiros, os corpos trans fizeram das invenções dessa linguagem oral forma de resistência e de vida. Essa língua foi e segue sendo muito disseminada nos territórios brasileiros utilizados para a prostituição trans – espaço de muitos desejos recalcados dos cidadãos de bem deste nosso Brasil, e, por isso mesmo, de violência contra os objetos que os mobilizam. É, então, um dialeto que nasce e que se reproduz nas franjas e esquinas do Brasil, nos cantos em que circula o que não se quer que apareça nos salões.

II Memória

Voltando ao que falávamos sobre o que nos abala na lida analítica com a “memória do esquecido”, me pergunto como será que uma língua tão viva, tão mutante – um dialeto a se transformar constantemente justamente para não perder sua força de resistência e proteção – carrega em suas invenções linguajeiras a memória de suas raízes?

Marcus: Lendo o que escreve Amara, parece mais um dialeto quase todo feito de material “raízes”, mantendo a estrutura do português. Seguindo essa analogia entre a língua oficial e o que a habita como língua inconsciente, ela seria uma linguagem feita de nosso inconsciente linguístico a céu aberto. Não seria essa a questão que mais nos interessa com relação ao pajubá? O modo como o inconsciente da língua o sustenta? Podemos aprender com o pajubá um modo de articular passado, presente, interdito e dito e, talvez, alguma coisa do que ocorre em nossa clínica se ilumine por ele. Por outro lado, ele parece diferente da disseminação dos termos e modos de fala aparentes, mas também ocultos, em nossa língua materna dos povos escravizados, naquilo que Lélia Gonzalez chama de pretuguês.

Maricia: Importante você marcar essa diferença entre o que podemos chamar de “invenções pajubeiras” e o “pretuguês”, de Lélia. Para mim não é muito evidente. Descobrir que o pajubá nasceu da mistura de expressões e palavras de línguas africanas com o português me remeteu rapidamente ao “pretuguês”, essa expressão primorosa de Lélia Gonzalez para indicar que o português nosso de cada dia, língua que, no Brasil, nos constitui, é bem menos europeizada do que nossos brancos ideais gostariam de acreditar. Lélia é irônica, divertida e precisa ao abordar isso em seu canônico texto “Racismo e sexismo na cultura brasileira” – como vocês destacaram no primeiro número do “Radar”.[8]

Marcus: Abrindo um parêntese, eu me pergunto a que ponto a tese de Lélia, de uma neurose cultural brasileira, do negro como elemento fundamental e recalcado, da negritude como o inconsciente da branquitude, seria válida hoje. Quando falamos em genocídio, necropolítica e extermínio, não seria a neurose um mecanismo relativamente fraco para traduzir o momento?

Veridiana: Talvez a tese de Lélia não seja mais válida hoje hegemonicamente, mas siga válida. Vemos que as identidades se multiplicam, voam pelos ares! Exatamente como as identidades sexuais, que se revelam hoje apenas uma imagem perceptiva, que pode se apresentar com uma categoria, que nada mais é do que uma categoria de linguagem. É todo um sistema, feito de múltiplas galáxias e tribos, respondendo ao real de que não há como reunir perfeitamente o concavo e o convexo, ou, como diz Lacan, ao real da relação sexual que não existe.

III Nomeações

Marcus: Exato. Uma coisa é a teoria dela sobre o racismo, outra é o modo como ela o abala, na prática ou, recorrendo a elementos da língua oficiosa que estão, porém, na ponta da língua de todos. É como ela performa – para usar um termo do momento – sua intervenção, quando por exemplo cunha a própria palavra pretuguês. Além de fazer uma teoria psicanalítica sobre o racismo, ela intervém sobre ele, com suas nomeações novas, como pretuguês e améfrica ladina. São intervenções que me parecem muito próximas do que Lacan definiu como interpretação. Não são, como se pensa habitualmente a interpretação do psicanalista, uma leitura, una teoria de si ou do mundo, mas ao contrário o ato de forçamento de uma língua (inconsciente, digamos) sobre outra, consciente, a intrusão de um parasita na língua oficial.

Maricia: Sim! O estilo de Lélia é a força ácida e divertida de seu escrito. É aí que ela nos desmonta. Tem uma passagem do texto de Lélia de que gosto especialmente, quando ela fala da questão da memória:

Consciência exclui o que memória inclui. Daí, na medida em que é o lugar da rejeição, consciência se expressa como discurso dominante (ou efeitos desse discurso) numa dada cultura, ocultando memória, mediante a imposição do que ela, consciência, afirma como a verdade. Mas a memória tem suas astúcias, seu jogo de cintura: por isso, ela fala através das mancadas do discurso da consciência. O que a gente vai tentar é sacar esse jogo aí, das duas, também chamado de dialética. E, no que se refere à gente, à crioulada, a gente saca que a consciência faz tudo prá nossa história ser esquecida, tirada de cena. E apela prá tudo nesse sentido. Só que isso tá aí… e fala.

Marcus: É muito bom como Lélia traz à cena, a cada vez que usa termos ou inflexões populares, por exemplo, crioléu para falar dos negros, como nessa citação que você traz, os ecos, na língua, de uma memória renegada. Ela nos conduz a nos deixarmos abalar pela lalíngua que nos constitui sem que saibamos. E não apenas abalar, mas ter que fazer com ela. E traduzir, nesse sentido é, como Lacan propôs, “fazer com” o que nos chega do inconsciente, se refazer com ele.

Veridiana: Em nossos dias, no tempo que Miller chamou da primazia do “Um sozinho”, cada um por si, a linguagem talvez possa agir como a escritura, no sentido dessa intrusão de pequenas letras, problematizando e perturbando um pouco o discurso (definido, por Lacan como cristalização, fixação, por exemplo, na Conferência em Louvain), que estabiliza, pelo lado comum da linguagem, o laço entre seres falantes, fazendo com que ele funcione.[9]

Maricia: Isso me parece muito importante. Esse é o dia a dia de uma análise. Nosso pretuguês diz através de nós o que não sabemos dizer – deitados no divã vivemos essa experiência intensamente, mas não só lá. Mas nessa pequena viagem sobre o dialeto pajubá, fico aqui pensando… seria ele uma língua feita dos restos do que se quer eliminar da língua padrão? Como será que um acontecimento como o ato falho aparece?

IV Arranjos linguageiros

 Veridiana: Entendo que o Pajubá, apesar de ser um código inacessível aos não falantes, ainda assim é feito para servir à comunicação e a comunicação “faz rir”, diz Lacan, porque o que importa é o modo como os que se servem dele acabam sendo por ele definidos. Já o pretuguês – como você disseé permeado pelo que Lacan chamou de lalíngua (lalangue) que nos constitui sem que saibamos. Pensei em algo que seria mais como uma contaminação, há uma contaminação da linguagem por lalíngua, o gozo de lalíngua contamina a linguagem e isso que dá esse efeito de abalo. Tentar saber sobre lalíngua se apresenta como uma elucubração de saber – esse termo elucubração é já em Lacan depreciativo – por isso acho melhor o termo contaminação.

 Marcus: É verdade, é difícil imaginar uma língua feita de restos, mas uma língua é sempre contaminada, parasitada pelos restos, às vezes ancestrais, dela mesma, que às vezes aparecem como fragmentos de outra, como o yorubá, ou o tupi no português (lembro do Guimarães Rosa e o Tupi, por exemplo em Meu tio Iauaretê). Uma coisa é o resto na ponta da nossa língua, como no pretuguês, outra seria uma língua feita de restos. O mais próximo que consigo imaginar de uma língua feita de restos seria talvez o que Lacan tomou emprestado de Levi-Strauss ao falar de bricolagem, um arranjo, uma gambiarra e que teorizou mais tarde como sinthoma. Aqui há outro ponto de encontro entre Amara e Lacan: Joyce. Segundo Lacan, Joyce cria uma língua feita de restos, mas a gente vê que uma língua assim não dá exatamente para ser considerado uma língua, por isso usamos o termo lalíngua para esse tipo de experiência. Se o que dissemos até aqui vale, se o pajubá serve à comunicação e constituição de uma comunidade, não dá para dizer que seria uma lalíngua.

Veridiana: Essa língua parasita, que na língua marca um sem sentido, está articulada à ambiguidade e ao equívoco. Independentemente da língua em que se esteja, lalíngua é o que irrompe na cadeia.[10] Podem ser elementos de outra língua fazendo esse papel. Não há uma única língua em um espaço único e podemos supor que não houve nunca! Vejam as análises que não são feitas na língua materna. É possível porque para o analista há sempre uma irrupção que se materializa na cadeia de significante, isto é, no discurso, e é ela que conta, às vezes como base para um sentido novo, às vezes apenas para fixar alguma coisa, sem sentido, mas necessária. Se alguém só falasse o pajubá, o ato falho iria provavelmente incluir fragmento do português como língua parasita.

Marcus: Na tese de Amara, encontro lalíngua em vários desenvolvimentos sobre a tradução, mas especialmente no modo como, segundo ela, Joyce traz as onomatopeias à escrita. As onomatopeias se apresentam como um objeto fundamental no trabalho de evidenciação feito por Joyce da lalíngua que parasita a língua inglesa. Elas vêm fazer esse papel de irrupção, musical, mas perturbadora, sonora, mas literal. Tive vontade, ao ler essas passagens da tese de Amara, de ouvir, de modo análogo, a fala vocálica do yorubá permeando nosso português, perturbando os choques dos encontros consonantais tão trás-dos-montes, enchendo-os de vogais, abrindo a língua e fazendo da flor, uma fulô. Às vezes, o único caminho pelo qual a história nos chega é o som.

Maricia: É uma questão vibrante que Amara trabalha em seus estudos e escritos: “É som ou é palavra? Qual o limite entre uma coisa e outra?”[11] Talvez nossos vários palpites e impressões possam pretextos de conversa a endereçarmos a ela!

“Bicha, às vezes cê faz umas caras… e ‘bicha’ não é que eu tou te xoxando não, viu? é pajubá, a língua das bichas, aqui é tudo travesti. Só ficar aqui por um tempo e cê já vai catando.” (…) “Eu arranho um françoá vez ou outra, sivuplê é obrigada, não, não, obrigada é merci, e merci bocu grazie mille, tá, meu bem! Aí como anda le vî, quase igual ao português, je tâm, bom, je tâm tutti lo sanno, trê biâm, bonsuá, zé fini. Sivuplê ho dimenticato, mi scusi. Te digo assim que lembrar. Tudo o que aprendi foi na rua, igual o bajubá. Lá eu falei pá, eu? Pá, bá, bicha, bicha, cê acha que eu sei, cê acha? Eu acho que é com bá. Bá. Bê, bi. Anfã.”[12]


[1] Cf em: https://www.ebp.org.br/carteis-e-intercambios/intercambios/
[2] Moira, A. “Uma aula sobre Ulysses”, realizada na Biblioteca Mário de Andrade. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eIh3wSzzLWM. Um fragmento do conto “Neca”, lido pela própria Amara Moira, pode ser ouvido em entrevista do “Canal M” do youtube, em: https://www.youtube.com/watch?v=_hzFcNQsbPc
[3] Miller, J. A. “Docile au trans”, Lacan Quotidien, n. 928, disponível em https://lacanquotidien.fr/blog/wp-content/uploads/2021/04/LQ-928.pdf.
[4] Lacan, J. O Seminário – livro 7 (A ética da psicanálise), Rio de Janeiro, Zahar, 2008 (2ª ed.), p. 276.
[5] “Que antes renuncie a isso, portanto, aquele que não conseguir alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época. Pois, como poderia fazer de seu ser o eixo de tantas vidas quem nada soubesse da dialética que o compromete com essas vidas num movimento simbólico. Que ele conheça bem a espiral a que o arrasta sua época na obra contínua de Babel, e que conheça sua função de intérprete na discórdia das línguas.” (LACAN, J. Escritos. Rio de Janeiro> Jorge Zahar Ed, 1998, p. 322).
[6] Como o umbundo, quimbundo, quicongo, nagô, ebá, jeje e fom.
[7] https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/homossexualidade-e-candomble/
[8] Cf. “A madame saiu: Lélia Gonzalez e a subversão do sujeito”. Disponível em: http://ebp.org.br/rj/blog/index.php/category/radar/
[9] A linguagem, tal como vemos aparecer no último Lacan, ou seja, o S1 não mais organizado pela ordem hierárquica, não mais a ordem da substituição (metáfora), podemos pensar em um barramento das fronteiras, pois os S1 estão muito mais em uma relação de vizinhança. Eu acho que o extermínio e a necropolitica estão mais desse lado.
[10] Cf, “A interpretação não é um fragmento de construção incidindo sobre um elemento isolado do recalque, como o pensava Freud. Ela não é a elucubração de um saber. Ela não é tampouco um efeito de verdade logo absorvido pela sucessão das mentiras. A interpretação é um dizer que visa ao corpo falante para produzir nele um acontecimento, para passar para as tripas, dizia Lacan.” (Miller, J. A. “O inconsciente e o corpo falante”, em X Congresso da AMP, 2016, disponível em https://www.wapol.org/pt/articulos/Template.asp?intTipoPagina=4&intPublicacion=13&intEdicion=9&intIdiomaPublicacion=9&intArticulo=2742&intIdiomaArticulo=9.
[11] Extraído do Programa “Língua Solta”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_hzFcNQsbPc
[12] Moira, A. “Neca”. In: A resistência dos vaga-lumes. São Paulo: Editora Nós, 2019.
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