MOSTRA PERMANENTE DE CINEMA E PSICANÁLISE
A cada primeira sexta do mês teremos uma conversa viva entre cinema e psicanálise, que acontecerá no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, por meio de uma seção de cinema comentado: uma co-realização da Fundação Clovis Salgado e da EBP-MG.
- 02 de Fevereiro – “Gêmeos Mórbida Semelhança”; David Croneberg – Comentário: Antônio Beneti
- 02 de Março – “O nome dela é Sabine”; Sandrine Bonnaire – Comentário: Elisa Alvarenga
- Abril NÃO HAVERÁ SESSÃO DE CINEMA– Congresso da Associação Mundial de Psicanálise em Barcelona
- 04 de Maio – a definir
- 1 de junho – “Terra em transe”; Glauber Rocha – Comentário: Sérgio de Castro
- 01 de julho – “Bem Vindo a casa de Bonecas”; Todd Solondz- Comentário: Marcus André Vieira
- Horário: 19:00
- Local: Palácio das Artes – Sala Humberto Mauro
LACAN NA ACADEMIA MINEIRA DE LETRAS
Nota sobre a parceria entre AML e EBP-MG
[…] a única vantagem que um psicanalista tem o direito de tirar da sua posição, sendo-lhe esta reconhecida como tal, é a de se lembrar, com Freud, que em sua matéria o artista sempre o precede e, portanto, ele não tem que bancar o psicólogo quando o artista lhe desbrava o caminho.
Jacques Lacan em sua Homenagem a Marguerite Duras pelo arrebatamento de Lol V. Stein.
É importante notar que o psicanalista ao contrário do que se pensa, não é aquele que escuta: é antes aquele que lê, no que ouve, a escritura de um desejo ou, mais ainda, de uma vontade de gozo que pulsa no corpo falante enquanto tenta encontrar, na estrutura da linguagem, um modo de o bem dizer. Falar é dar passagem a uma verdade que nunca será dita toda, mas que se enuncia sob a forma de um semi-dizer. Desde Lacan, estamos advertidos que a verdade tem estrutura de ficção, algo que Carlos Drumond de Andrade já havia declamado em seu poema “Verdade”.
Bem antes da psicanálise, a arte da literatura faz pousar na letra o que não cessa de não se escrever na vida. Ambas se servem da letra como uma instância e testemunham como escrever é, para o ser falante, um esforço de fixar algo pela ficção da escritura. Que Lacan tenha acessado, durante sua obra, assim como Freud, o corpo “literário”, é uma demonstração pública que não existe psicanálise sem dar passagem ao que se lê e se passa pela instância da letra, pela escrita forjada de uma vida. Afinal, o que conta numa análise, é a forma singular como cada um articula palavras e silêncios ao que se lembra e ao que esquece, e consequentemente, ao que se escreve.
O que o encontro da Psicanálise e a Literatura pode provocar é o que anima a parceria da Escola Brasileira de Psicanálise – Seção Minas e a Academia Mineira de Letras, por meio do programa “LACAN na ACADEMIA”, em seções de literatura comentada por psicanalistas e outros convidados, na terceira quarta-feira de cada mês, no auditório da Associação Mineira de Letras.
Estão todos convidados!
Programa para o primeiro semestre de 2018
TEMA: “O feminino, seus corpos e mundos”
Horário: 19h30
Local: Academia Mineira de Letras – Rua da Bahia, 1466. Centro, Belo Horizonte
EMENTA:
A substância do feminino infiltrou-se, de forma definitiva e pública, no patriarcalismo viril.
A psicanálise, ao ler o sintoma que se fala entre quatro paredes, ela própria, oferece uma leitura do contemporâneo cujo impasse está em resolver as consequências da queda do falocentrismo e da ascensão de uma nova erótica que toma conta da ordem social, ao mesmo tempo.
Em psicanálise consideramos que tal impasse tem gerado um movimento designado como uma “feminização do mundo”.
A leitura de autores brasileiros, do século XX, nos permitirá levantar o véu que descortina o prenúncio da expressão do feminino fora das bordas e bordados da intimidade do lar?
Nos propomos verificar, esse semestre, se o feminino já pulsava instalado no corpo literário de Nelson Rodrigues, Oswald de Andrade, Guimarães Rosa e Clarice Linspector.
Extrair a subversão transmitida pela pena desses autores é um delicioso convite a encontrar literatura e psicanálise.
Programação:
- 14 de março: O Demônio do feminino em Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa.
Com Antônio Teixeira (psicanalista) e Gustavo Jardim (cineasta) - 18 de abril: O declínio do patriarcado em Oswald de Andrade.
Com Sérgio de Castro ( psicanalista) e Beatriz Azevedo (a confirmar) - 16 de maio: “E não passava de uma mulher… inconstante e borboleta”, em Clarice Lispector”.
Com Márcia Rosa (psicanalista) e convidado (a confirmar) - 20 de junho: O feminino: corpos e mundos em Nelson Rodrigues.
Com Ram Mandil (psicanalista) e convidado (a confirmar)