Cartéis e Intercâmbios
- Diretor: Bernardo Micherif – EBP/AMP
- Equipe: Andréa Eulálio – EBP/AMP
Cristiane Barreto – EBP/AMP
Giselle Moreira
Heloisa Bedê
Letícia Soares
Atividades
1o semestre de 2025
Produzir em cartel
O que se produz em um cartel?
Seria um saber? No Seminário 20, Lacan (1985) afirma que o saber se renova não pelo aprendizado que se adquire, mas pelo exercício de seu gozo. Lacan se dirige ali a um saber que não se apreende no Outro, um saber que não se importa ou exporta. Não há ensino, transferência de trabalho ou transmissão. Isso ressoa em um termo cunhado por Miller (2016): autoerótica do saber. Ele indica uma mudança no estatuto do saber no mundo de hoje, com a incidência do mundo virtual. Não é preciso buscar o saber no Outro, na medida em que o saber está no bolso, acessível a um clique na palma da mão. Mas, é possível, em cartel, colocar em jogo outro modo de abordar o saber? De que saber se trata no cartel?
E quanto à escrita? Seria uma produção escrita o que se visa em um cartel? Miller (2014) afirma que, no ultimíssimo ensino de Lacan, o escrito não implica um dizer, mas um mostrar. Não se trata de extrair a posição de enunciação no escrito, mas de expor algo “que possa servir” (MILLER, 2014, p. 61). Mas, como conceber, como indica Miller, um escrito que dispensa a palavra? O que se mostra supera a disjunção entre o dito e o dizer? E, mais do que isso, a produção de um texto escrito seria uma palavra de ordem na experiência de cartel? Só se verifica o que se produz em um cartel a partir de um texto escrito?
Por fim, se o saber está capturado no autoerotismo e a escrita, por sua vez, não garante um dizer, o que, da lógica própria do cartel, conduziria à sua dissolução? A permutação é um princípio do funcionamento da Escola que se contrapõe ao efeito de grupo. É preciso permutar para não fazer consistir a ideia do especialista que fomenta a autoerótica do saber. Contudo, seria a permutação o único fundamento da dissolução, o fato de que é preciso deixar cair o grupo para se colocar a trabalho na Escola? Ou haveria algo que não se refere à permutação, que se produz no fazer de um cartel e teria como consequência sua dissolução?
Com essas três perspectivas de abordagem do dispositivo do cartel, convidamos vocês para as três “Noites de Cartéis” do semestre. Uma investigação que pretende interrogar o cartel levando o ensino de Lacan às suas últimas consequências e apostando que há um passo a ser dado no trabalho ao qual nos dispomos como cartelizantes. Essa é a aposta colocada pela equipe da diretoria de Cartéis para o semestre que nos espera.
Referências
LACAN, J. O seminário, Livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.
MILLER, J-A. El ultimísimo Lacan. 1ª ed., Buenos Aires: Paidos, 2014.
MILLER, J-A. Em direção a adolescência. Opção Lacaniana, n. 72. p. 20-30. São Paulo: Eolia. 2016.
Programação do 1º Semestre de 2025
PROGRAMAÇÃO
Qual saber se visa em um cartel?
O que se produz em um cartel? Seria um saber? No Seminário 20, Lacan (1985) afirma que o saber se renova não pelo aprendizado que se adquire, mas pelo exercício de seu gozo. Lacan se dirige ali a um saber que não se apreende no Outro, um saber que não se importa ou exporta. Não há ensino, transferência de trabalho ou transmissão. Isso ressoa em um termo cunhado por Miller (2016): autoerótica do saber. Ele indica uma mudança no estatuto do saber no mundo de hoje, com a incidência do mundo virtual. Não é preciso buscar o saber no Outro, na medida em que o saber está no bolso, acessível a um clique na palma da mão. Mas, é possível, em cartel, colocar em jogo outro modo de abordar o saber? De que saber se trata no cartel?
- Data: 08 de Maio
- Horário:20h30
- Atividade híbrida: presencial e on-line (Zoom)
- Local: Auditório da Sede da EBP-MG
O que se escreve em um cartel?
Seria uma produção escrita o que se visa em um cartel? Miller (2014) afirma que, no ultimíssimo ensino de Lacan, o escrito não implica um dizer, mas um mostrar. Não se trata de extrair a posição de enunciação no escrito, mas de expor algo “que possa servir” (MILLER, 2014, p. 61). Mas, como conceber, como indica Miller, um escrito que dispensa a palavra? O que se mostra supera a disjunção entre o dito e o dizer? E, mais do que isso, a produção de um texto escrito seria uma palavra de ordem na experiência de cartel? Só se verifica o que se produz em um cartel a partir de um texto escrito?
- Data:
Maio:22 - Horário: 20h30
- Atividade híbrida: presencial e on-line (Zoom)
- Local: Auditório da Sede da EBP-MG
O que dissolve um cartel?
Se, como abordamos anteriormente, o saber está capturado no autoerotismo e a escrita, por sua vez, não garante um dizer, o que, da lógica própria do cartel, conduziria à sua dissolução? A permutação é um princípio do funcionamento da Escola que se contrapõe ao efeito de grupo. É preciso permutar para não fazer consistir a ideia do especialista que fomenta a autoerótica do saber. Contudo, seria a permutação o único fundamento da dissolução, o fato de que é preciso deixar cair o grupo para se colocar a trabalho na Escola? Ou haveria algo que não se refere à permutação, mas que se produz no fazer de um cartel e teria como consequência sua dissolução?
- Data: 12 de Junho
- Horário:20h30
- Atividade híbrida: presencial e on-line (Zoom)
- Local: Auditório da Sede da EBP-MG