Table of Contents Table of Contents
Previous Page  67 / 155 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 67 / 155 Next Page
Page Background

10

Entrevários nº15

Questão de Instituto

Sobachamada“QuestãodeInstituto”

vocês poderão acompanhar, no corpo

desta

Entrevários Nº15

, a elaboração

sustentada de uma prática que não

se furta ao questionamento. Um

ponto de amarração possível ao que

aqui nos é apresentado, refere-se

justamente à elaboração do ensino

e da transmissão da psicanálise no

campo dos Institutos do Campo

Freudiano, no que tange à sua ética,

ao seu posicionamento diante do

modo de apreensão do saber e da

verdade no contemporâneo, e por

que não dizer, do seu futuro. Tal

elaboração pode ser acompanhada

em diferentes recortes realizados

pelos autores, nos quais a lógica da

psicanálise em intensão, articulada

ao discurso analítico, se põe em

tensão com o ensino da psicanálise

não desvinculado da ex- periência

analítica.

Trata-se do ensino de uma práxis?

De uma práxis que produz saber? O

ponto primordial, se tomado como a

manutenção da tensão que há entre

a intensão e a extensão, permite que

o trabalho de ensino e transmissão

possa ir além de uma formação

discursiva, como indica Heloisa

Caldas. Eladiscute a viadapsicanálise

como forma de engendrar uma

abordagem do contemporâneo para

além de uma amarração discursiva,

não negligenciando o real em jogo

nas relações humanas. Heloisa nos

fala desse para além do discurso ao

abordar o que a psicanálise pode

aportar à discussão sobre a violência

à mulher, sendo justamente uma

via que permite um acesso ao

violento do gozo feminino para

além de representações, permitindo

um saber fazer que inclui um real

intransmissível.

Luis Francisco Camargo aborda

a disjunção entre saber e verdade

localizando o impossível de ensinar.

Contudo, se o que interessa à

psicanálise é a meia verdade ali

apontada, somente na tentativa

de uma produção de saber é que

essa meia verdade, necessária ao

sujeito, pode ser tocada. Ensino e

política estão atrelados a partir desse

impossível.

Com a clínica, a política da

psicanálise em ato é discutida nos

diferentes casos clínicos, atendidos

na clínica do CLIN-a. O vivo ali

se apresenta fazendo avançar um

desejo de saber marcado pelo real

que se coloca em cada caso. Assim,

os textos de Silvia Jacobo com

comentários de Gustavo Menezes, os

textos de Fernanda Turbat, Mirmila

Musse, e do núcleo CIRANDA-SP

vão tecendo questionamentos que

os trabalhos seguintes tocam.

Maria Cecília Galletti Ferretti

e Patrícia Badari apontam para

um saber fazer com o instituto

justamente a partir do que a clínica

ensina. Patrícia nos alerta para o

tempo do “Outro que não existe” e

o imperativo de gozo marcando as

relações e o ensino na vertente de

suposição de saber, o que se rearticula

à ideia de um ensino próximo do

matema, retomada por Cecília, não

sem uma abertura ao real de um

turbilhão que se apresenta.

As experiências nos núcleos do

CLIN-a em Ribeirão Preto, relatadas

por Diva Rubim Parentoni, dão

testemunho da busca por uma

articulação entre esses dois pontos,

a intensão e a extensão, o suposto

e o exposto. E por fim, Eliana

Figueiredo nos diz da singularidade,

discutindo a supervisão na formação

analítica, em que o que se apresenta

é da ordem do analítico e não do

acúmulo teórico que garantiria uma

prática, efeito de supervisão, efeito

subjetivo.

Convido-os à leitura!

Editorial por Paola Salinas

ENTREVÁRIOS: Revista de Psicanálise: Questão de

Instituto. São Paulo: Clin-a, n. 15, abr. 2015.