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Clínica del autismo y de

las psicosis en la infancia

O presente livro retoma a discussão psicanalítica a partir

das diferentes orientações que trabalham, com o autismo

e a psicose na infancia, desde os anos 30. Em alguns

casos os diferenciam, em outros o autismo se confunde

com a esquizofrenia. Cada orientação apresenta uma

proposta para o tratamento das crianças de acordo com

o marco teórico envolvido. Nos últimos anos a posição

decidida pela orientação lacaniana permitiu efetuar uma

diferenciação entre o autismo e a psicose, detendo-se em

suas particularidades e nas consequencias que decorrem

da direção do tratamento.

A psicose nas crianças corresponde à estrutura da

psicose para além da idade cronológica. O retorno

do gozo sobre o corpo o fragmenta na esquizofrenia.e

produz a emergencia das ideias hipocondríacas, ou dá

origen a um outro mau na paranoia, face ao retorno

de gozo sobre o Outro. O fora do discurso conduz o

esquizofrénico, como assinala Jacques-Alain Miller, a

recorrer à invenção para fazer-se um corpo, posto que

a função de cada orgão se torna um problema. Na

paranoia a invenção recai mais sobre o laço social. A

criança psicótica não consegue concentrar o gozo sobre

o falo, por isso pode tornar-se um condensador de gozo

para a mãe, de acordo com a teorização de Lacan dos

anos 60. O acontecimento de corpo se torna então

ser um objeto para outro corpo. Isso permite a Lacan

generalizar a posição de objeto que ocupa o sujeito

psicótico e examinar suas incidencias na direção do

tratamento.

Do lado do autismo o retorno do gozo sobre a borda,

como propõe Eric Laurent em seu livro

A batalha do

autismo,

produz um encapsulamento proposto como

uma neo-borda que não se superpõe com a superficie

corporal. O banho de

lalíngua

no autismo provoca

uma iteração sem corpo pela “foraclusão do furo”: o

acontecimento de corpo o torna um ser sem furo, com

uma impossivel separação do ruído de

lalíngua

como

experiencia alucinatória, com uma iteração do Um da

letra em suas diferentes modalidades. A inexistencia da

borda do furo, diz Laurent, se redobra na inexistencia

do corpo.

Estas considerações permitem refletir sobre a direção do

tratamento da criança autista dada na sutileza do laço, e a

construção de séries, o deslocamento do encapsulamento

autista, o trabalho sobre a borda a partir das diferentes

modalidades da iteração, de seus interesses específicos, e

na busca de algo novo na repetição, a partir do respeito

da singularidade de cada criança.

Silvia Elena Tendlarz

[AME-EOL/ AMP]

TENDLARZ, Silvia Elena. Clínica del autismo y de las psicosis em la

infancia. Buenos Aires: Coleccion Diva, 2016. (Coleccion Diva, v.18).