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A LITERATURA ERÓTICA
GANHA AS RUAS
DA CIDADE
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“O que será que será?
que andam suspirando
pelas alcovas
que andam sussurrando
em versos e trovas
[...] está na natureza,
será que será
O que não tem
decência, nem nunca
terá
O que não tem censura,
nem nunca terá
O que não faz sentido”
Chico Buarque
Em meio à efervescência cultural do estado
pernambucano, a literatura sempre foi um de seus
grandes destaques trazendo nomes como João Cabral
de Melo Neto, Manuel Bandeira, Gilberto Freire,
entre outros. Atualmente, um determinado segmento
literário vem seduzindo o mercado e ganhando o espaço
das “ruas, pontes e overdrives”. Estamos falando da
significativa produção de contos, poemas e romances de
teor erótico. Essas produções, que não são recentes, saem
do limite imposto pela alta censura social para ganhar as
prateleiras das livrarias, as mãos de adolescentes e jovens
e, principalmente, do público feminino. O que era visto
como impróprio, pecaminoso e ficava restrito às leituras
feitas às escondidas, encontra lugar nos espaços coletivos
à luz do dia.
Observamos, assim, que um grupo de jovens escritores
pernambucanos vem recentemente mobilizando o
mercado literário e alcançando visibilidade na grande
mídia. Produzem principalmente poemas e pequenos
contos. Usam as formas do cordel, típica produção
popular, tão apreciada no Nordeste.
Entre eles, temos a criativa Flávia Gomes, que lançou
em 2013 o livrinho de contos eróticos intitulado Doce
de Banana, sob o pseudônimo de Nurett Luttein, com
o selo da Editora LiteraTARA. Flávia descreve que seu
livro mistura libido, liberdade e uma pitada inteligente de
humor. Ela afirma que o oferece ao público em nome da
liberdade nua e crua. A autora vem apoiando e trabalhando
com inúmeros projetos suscitados a partir dessa publicação,
inclusive no campo da dança, das artes plásticas, do teatro
e da gastronomia. Ela aceitou conversar conosco e falar
um pouco dessa produção que vem ganhando a cidade, o
interior do estado e outras regiões do país.
A referida escritora comenta que, desde o início de sua vida
adulta, começou a escrever poemas eróticos mantendo-
os guardados em seu arquivo pessoal, dando apenas a
conhecer a alguns amigos íntimos, que reclamavam pela
publicação dos poemas. Contudo, só há pouco mais de dois
anos resolveu socializar essa produção. Ela comenta que o
livro Doce de Banana nasceu de uma catarse, após ter lido