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LANÇAMENTOS
Recém-lançados
em
São Paulo
•
Carta de São Paulo
–
Revista da
Escola Brasileira de Psicanálise
.
São Paulo Nº 1, ano 22. Novembro 2015
Carta de São Paulo 22, um marco de comprometimento com o trabalho
decidido! Em edição especial, a Diretoria da Seção São Paulo, 2015-2017,
nos comunica o novo estatuto desta publicação, periódico semestral! Este
número, carinhosamente preparado para coroar os preparativos para as
Jornadas da EBP-SP, Corpo de Mulher, realizadas em novembro de 2015,
tem como enfoque a publicação de sete textos de analistas da Escola – Marie-
Hélène Brousse, Clotilde Leguil, Domenico Cosenza, Heloísa Caldas, Maria
Josefina S. Fuentes, Silvia Salman e César Skaf -, a maioria deles apresentada
nos encontros da Seção, às quartas-feiras.
Corpo de mulher, fio condutor que entrelaça os textos, fazendo-os
conversar com um mesmo objetivo – discutir diferentes formas com que o
sujeito goza de seu corpo de mulher -, porém pelo viés singular de cada autor.
Como abordar o corpo feminino em pleno discurso do mestre no século XXI?
Como pode gozar um corpo sem estar preso à definição de gênero imposta
pela anatomia e pela sociedade? Vejamos, sucintamente, o que nos dizem os
autores.
O corpo, segundo Lacan, pontua Brousse, não é da ordem do sexo ou do
gênero, mas aquele que um sujeito feminino pode construir em análise, o
resultado da marca do significante “mulher”, e, consequentemente, um estilo
próprio de gozo; Cosenza, por sua vez, aborda, além da visão histórica da
anorexia ao longo das mudanças no discurso do mestre até chegar ao domínio
do capitalismo e do império das imagens, a forma como sujeitos anoréxicos,
cujo objeto
a
“nada” gera desejo nenhum, desenvolvem parceria com seu
sintoma, parceria esta que se apresenta como solução, até mesmo como estilo
de vida; Caldas, alicerçando-se em Simone de Beauvoir, afirma que o corpo
da mulher não existe, é uma invenção! Essa invenção, algumas vezes, está
desvinculada do gênero, porém, apresenta-se marcada pelo trauma causado
pela submissão à linguagem, determinante da subjetividade do sujeito e de
sua forma de gozo singular; Sota Fuentes, discorrendo sobre saídas para o
não-todo
-corpo sexuado da mulher que não encontra representação nem no
significante, nem na imagem do espelho, aponta, apoiando-se em Lacan, o
falocentrismo - “melhor garantia da mulher” (64) -, que implica castração,
perda de gozo e a consequente possibilidade de saída para seus impasses, saída
singular vinculada “ao seu sinthoma, inigualável” (74); Salman questiona
prontamente se a experiência analítica leva à invenção de
uma
mulher, uma
vez que ela não existe. Para embasar sua questão ela retoma a construção
de seu próprio caso, visando a demonstrar a passagem de menina à histeria
e da histeria a
uma
mulher. Afirma, assim, que histeria e feminilidade são
modos diferentes de uma mulher relacionar-se com o falo; Skaf relata,
resumidamente, o caso de uma mulher que mantém parcerias amorosas
com mulheres e alimenta uma fantasia de maternidade, objetivando ressaltar
que o gozo e a sexualidade escapam da normatividade. Para tanto, Skaf tece
comentários sobre o caso da homossexual de Freud.