Referências Eixo 3: O analista na diversidade dos sintomas da época – segunda entrega
Colaboradores: Carlange Castro, Éder Galiza, Nelson Matheus
FREUD
“(…) o sintoma guarda relações com as vivências do enfermo(…)”.
FREUD, Sigmund. (1916-1917) O sentido do sintoma. In: Conferências Introdutórias à Psicanálise. Obras completas, vol. 13. 1ª edição, São Paulo. Companhia das Letras, 2014, p. 343.
“(…) Não teria se tornado sintomas, se não houvesse penetrado a consciência. Mas suas precondições psíquicas, que descobrimos pela análise, os contextos em que os encaixamos através da interpretação, são inconscientes, pelo menos até que, por meio do trabalho analítico, nós os tornamos consciente para o enfermo.”
FREUD, Sigmund. (1916-1917 A Fixação no Trauma, O Inconsciente. In: Conferências Introdutórias à Psicanálise. Obras completas, vol. 13. 1ª edição, São Paulo. Companhia das Letras, 2014, p. 371.
“(…) Surge assim o sintoma, como derivado bastante desfigurado da realização de desejo inconsciente libidinal, uma ambiguidade engenhosamente escolhida, com dois significados mutuamente contraditórios(…).”
FREUD, Sigmund. (1916-1917 Os caminhos da formação de sintoma. In: Conferências Introdutórias à Psicanálise. Obras completas, vol. 13. 1ª edição, São Paulo. Companhia das Letras, 2014, p. 478.
“(…) A experiência analítica nos mostrou que ao tentar melhorar o que está bom, só o pioramos, que em cada fase da recuperação teremos de lutar contra inércia do paciente, que está disposta a se contentar com uma resolução incompleta.”
FREUD, Sigmund. (1937) A análise finita e infinita. In: Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte. Autêntica, 2020, p. 334-335.
LACAN
“(…)Vislumbrou-se que o problema da carência do pai não concernia diretamente à criança em questão, mas, como ficou evidente desde do início, que era possível começar a dizer coisas um pouco mais eficazes acerca dessa carência, tomando o pai como aquele que tem que manter seu lugar como membro do trio fundamental da família(…)”
LACAN, Jacques. A metáfora paterna. In: O Seminário, livro 5: as formações do inconsciente.(1957-1958). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 173.
“A maneira como cada um sofre em sua relação com o gozo, porquanto só se insere nela pela função do mais-de-gozar, eis o sintoma-na medida em que ele aparece provindo disto: de que já não há senão uma verdade social média, abstrata.”
LACAN, Jacques. Mercado do saber, greve da verdade. In: O Seminário, livro 16: de um Outro ao outro. (1968-1969)Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 40.
“(…) Trata-se do ponto decisivo em que, quaisquer que possam ser as desventuras e sintomas de cada um, todos somos pacientes, ponto este que designo como uma certa disjunção entre saber e poder.”
LACAN, Jacques. Saber Poder. In: O Seminário, livro 16: de um Outro ao outro. (1968-1969).Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, p. 290.
“ No nível do discurso da histérica, é claro que essa dominante, nós a vemos aparecer sob a forma do sintoma. É em torno do sintoma que se situa e se ordena tudo o que é do discurso da histérica.”
LACAN, Jacques. Saber, Meio de gozo. In: O Seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. (1969-1970) Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p. 41.
‘Na medida em que o inconsciente existe, vocês realizam a todo instante a demonstração na qual se baseia a inexistência como preliminar do necessário. É a inexistência que está no princípio do sintoma.”
LACAN, Jacques. Da necessidade à inexistência. In: O Seminário, livro 19: …ou pior.(1971-1972) Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2012, p. 49.
“É sempre, portanto, na relação do eu do sujeito com o [eu] de seu discurso que vocês precisam compreender o sentido do discurso, para desalienar o sujeito”.
LACAN, Jacques. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 305.
“A análise transforma-se na relação de dois corpos entre os quais se estabelece uma comunicação fantasística, onde o analista ensina o sujeito a se apreender como objeto; a subjetividade só é admitida no parêntese da ilusão, e a fala é excluída de uma investigação da vivência que se torna a meta suprema, mas o resultado dialeticamente necessário disso aparece no fato de que, sendo a subjetividade do psicanalista livre de qualquer freio, livra o sujeito a todas as intimações de sua fala”.
LACAN, Jacques. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise (1953). In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, p. 306.
“Daí resulta, no conjunto, alguma coisa, curiosíssima, em suma. Temos ali a histeria – acho que vão ficar impressionados, mas, no final, a opinião de vocês talvez seja outra – que eu poderia dizer incompleta. Quero dizer que, com a histeria, é sempre dois, pelo menos desde Freud. Ela aparece ali reduzida a um estado que eu poderia chamar de material […].”
LACAN, Jacques. De uma falácia que testemunha do Real. In: O Seminário, livro 23: o sinthoma (1975-76). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, pág. 102.
“[…] A psicanálise, ao ser bem-sucedida, prova que podemos prescindir do Nome-do-Pai. Podemos sobretudo prescindir com a condição de nos servirmos dele.
LACAN, Jacques. Do Inconsciente ao Real. In: O Seminário, livro 23: o sinthoma (1975-76). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, pág. 132.
“[…] Toda realidade psíquica, isto é, o sintoma, depende, em última instância, de uma estrutura onde o Nome-Do-Pai é um elemento incondicionado.”
LACAN, Jacques. Conferência dada no dia 16 de junho de 1975, no grande anfiteatro de Sorbone, na abertura do V Simpósio Internacional James Joyce. In: O Seminário, livro 23: o sinthoma (1975-76). Texto estabelecido por Jacques-Alain Miller. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, pág. 163.
MILLER
“A fantasia aparece como uma meditação entre essas duas ordens, enquanto o sintoma inscreve uma relação muito mais direta entre o significante e o gozo. Lacan supõe que não se pode sequer definir o significante sem o gozo, e que não se pode tampouco definir o gozo sem significante, e esta é a nova definição do significante lacaniano: que o significante, como tal, se refere ao corpo, e essa referência se faz sob modalidade do sintoma.”
MILLER, Jacques-Alain. O osso de uma análise + O inconsciente e o corpo falante. 1ªedição, Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 85.
“(…) o sintoma, não o fazemos cair, diferentemente das identificações; que o sintoma não se atravessa diferentemente da fantasia; quer dizer que o sintoma, temos que viver com ele, que devemos, como se diz em francês, faire avec, quer dizer, que devemos haver-nos com ele(…)”
MILLER, Jacques-Alain. O osso de uma análise + O inconsciente e o corpo falante. 1a edição. Rio de Janeiro: Zahar, 2015, p. 90.
“(…) Nada de liberação do sinthoma, trata-se apenas, diz ele, de saber a razão de estar atrapalhado com ele(…)”
MILLER, Jacques-Alain. A Estrutura Côisica. In: Opção Lacaniana, revista Brasileira Internacional de Psicanálise, nº 50 ed. especial, 2007, p. 25.
“(…) E deve ser entendido o mais simplesmente possível: aprendemos a falar, diz Lacan, isso deixa marcas, tem consequência. Aliás, é a essas consequências que chamamos sinthoma.
MILLER, Jacques-Alain. A Estrutura Côisica. In: Opção Lacaniana, revista Brasileira Internacional de Psicanálise, nº 50 ed. especial, 2007, p. 28
AUTORES DO CAMPO FREUDIANO
“(…) Quando a interpretação não opera mais, é quando estamos no inconsciente real. É preciso, para isso, ter esvaziado o inconsciente transferencial de sua verdade mentirosa, bem como das interpretações que cristalizaram os significantes-mestres (…).”
BONNAUD, Hélène. A interpretação de sentido e a interpretação fora-de-sentido, p.4, Disponível em: A Interpretação de Sentido e A Interpretação Fora-De-Sentido – Hélène Bonnaud (Lacanempdf) | PDF | Jacques Lacan | Mente inconsciente (scribd.com)
“A única identidade que se sustenta, que tem consistência, é aquela que J.-A. Miller propõe chamar de identidade sintomal, que não é do sujeito, mas sim do Um-sozinho, do corpo do qual não podemos escapar, de seus furos, que a contingência dos significantes colocou em funcionamento nas experiências singulares de cada um, experiências “triviais e sem igual”.”
BROUSSE, Marie-Hélène. As identidades, uma política, a identificação, um processo, e a identidade, um sintoma. In: Opção Lacaniana online nova série, Ano 9, Números 25 e 26, Março/Julho 2018. Disponível:http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_25/As_Identidades_uma_politica_a_identificacao.pdf
“Resta uma terceira via de investigação, ainda pouco aprofundada clinicamente. Qual seria a homossexualidade feminina que se situaria na esteira operada pela definição do feminino que encontramos no Seminário Mais, ainda, de Lacan? […] De qual “não-todo” a homossexualidade feminina seria, por sua vez, o revelador?”
BROUSSE, Marie-Hélène. A homossexualidade feminina no plural ou Quando as histéricas prescindem de seus homens testas de ferro. In: Mulheres e Discursos. Coleção Opção Lacaniana, n. 15, 2019, p. 52.
“Seguindo a tendência contemporânea ao relativismo, hoje tudo seria possível entre o masculino e o feminino. Seria necessário não fixar nada na educação dos meninos. Chegamos aos tempos do que se chama o gênero fluído, assim como existe o amor líquido?”
ANSERMET, François. Eleger o próprio sexo: usos contemporâneos da diferença sexual. In: Opção Lacaniana online nova série, Ano 9, Números 25 e 26, Março/Julho 2018. Disponível em: http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_25/Eleger_o_proprio_sexo.pdf