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Referências Eixo 3: O analista na diversidade dos sintomas da época – primeira entrega

Referências Eixo 3: O analista na diversidade dos sintomas da época – primeira entrega

Colaboradores: Carlange, Éder, Nelson

FREUD

  • “…Um sintoma é um sinal e um substituto de uma satisfação instintual que permaneceu em estado jacente; é uma consequência do processo de repressão…”

Sigmund Freud, Inibição, Sintoma e Ansiedade (1926). In: Obras Completas de S. Freud. Edição Standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p.95.

  • “A formação de sintomas, portanto, de fato põe termo à situação de perigo. Ela tem dois aspectos; um, oculto da visão, acarreta a alteração no id em virtude da qual o ego é afastado de perigo; o outro, apresentado abertamente, revela o que foi criado em lugar do processo instintual que foi afetado – a saber, a formação substitutiva.

Sigmund Freud, Inibição, Sintoma e Ansiedade (1926). In: Obras Completas de S. Freud. Edição Standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996, p.143.

  • “É tempo de nos ocuparmos com a essência dessa cultura, cujo valor de felicidade é colocado em dúvida.”

Sigmund Freud, O Mal-Estar na Cultura (1930). In: Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 337

  • “…O desenvolvimento da cultura parece-nos um processo singular que se desenrola sobre a humanidade, processo no qual muitas coisas nos dão certa impressão de familiaridade. Esse processo nós podemos caracterizar pelas modificações que ele empreende nas conhecidas disposições pulsionais humanas, cuja satisfação não deixa de ser a tarefa econômica de nossa vida. Algumas dessas pulsões são absorvidas de tal maneira que em seu lugar surge alguma coisa que, em um indivíduo isolado [beim Einzelindividuum], descreve como uma particularidade do caráter.”

Sigmund Freud, O Mal-Estar na Cultura (1930). In: Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 346

  • “…De alguma forma o medo se esconde por trás de todos os sintomas, mas ora reclama ruidosamente a consciência toda para si, ora esconde-se tão perfeitamente que somos obrigados a falar de medo inconsciente ou – se quisermos ter uma consciência moral mais puramente psicológica, já que o medo é, antes de tudo, apenas uma sensação [Empfindung] – de possibilidades de medo…”

Sigmund Freud, O Mal-Estar na Cultura (1930). In: Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. p. 392


LACAN

  • “Quer se pretenda agente de cura, de formação ou de sondagem, a psicanálise dispões de apenas um meio: a fala do paciente. A evidência desse fato não justifica que se o negligencie. Ora, toda fala pede uma resposta. Mostraremos que não há fala sem resposta, mesmo que depare apenas com o silêncio, desde que ela tenha um ouvinte, e que é esse o cerne de sua função na análise”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998.  p.248 – 249

  • “É no nome do pai que se deve reconhecer o suporte da função simbólica que, desde o limiar dos tempos históricos, identifica sua pessoa com a imagem da lei. Essa concepção nos permite estabelecer uma distinção clara, na análise de um caso, entre os efeitos inconscientes dessa função e as relações narcísicas, ou entre eles e as relações reais que o sujeito mantém com a imagem e a ação da pessoa que a encarna, daí resultando um modo de compreensão que irá repercutir na própria condução das intervenções”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 279-280

  • “O que ensinamos o sujeito a reconhecer como seu inconsciente é sua história – ou seja, nós o ajudamos a perfazer a historicização atual dos fatos que já determinaram em sua existência um certo número de reviravoltas históricas”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 263 .

  • “O que está em jogo numa psicanálise é o advento, no sujeito, do pouco de realidade que esse desejo sustenta nele em relação aos conflitos simbólicos e às fixações imaginárias, como meio de harmonização destes, e nossa via é a experiência intersubjetiva em que esse desejo se faz reconhecer”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998.  p.281

  • “ O Sintoma “é uma fala em plena atividade, pois inclui o discurso do outro no segredo de seu código”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 282

  • “O eu do homem moderno adquiriu sua forma, como indicamos em outro ponto, no impasse dialético da bela alma que não reconhece a própria razão de seu ser na desordem que ela denuncia no mundo”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 283

  • “Para que a mensagem do analista responda à interrogação profunda do sujeito, é preciso, de fato, que o sujeito a escute como a resposta que lhe é particular”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 292

  • “Para liberar a fala do sujeito, nós o introduzimos na linguagem de seu desejo, isto é, na linguagem primeira em que, para-além do que ele nos diz de si, ele já nos fala à sua revelia, e prontamente o introduzimos nos símbolos do sintoma”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998.  p.294

  • “A forma pela qual se exprime a linguagem define, por si só, a subjetividade”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 299

  • “A função da linguagem não é informar, mas evocar. O que busco na fala é a resposta do outro. O que me constitui como sujeito é minha pergunta”.

Jacques Lacan. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998.  P.301

  • “Hay algo cuya incidencia quisiera indicar. Porque se trata del sesgo de un momento que es aquel que vimos en la historia. Hay una historia, aunque no sea forzosamente la que se cree, lo que vivimos es muy precisamente esto: que curiosamente la pérdida, la pérdida de lo que se soportaría en la dimensión del amor, si es efectivamente no la que yo digo —yo no puedo decirla—“a ese Nombre del Padre se sustituye una función que no es otra cosa que la del “nombrar para” [nommer á]. Ser nombrado para algo, he aquí lo que despunta en un orden que se ve efectivamente sustituir al Nombre del Padre. Salvo que aquí, la madre generalmente basta por si sola para designar su proyecto, para efectuar su trazado, para indicar su camino.”

Jacques Lacan. Les Non-Dupes Errent ou Les Noms Du Père (1973-74). Clase de 19 de março de 1974. Inédito.

  • “Es bien extraño que aquí lo social tome un predominio de nudo, y que literalmente produzca la trama de tantas existencias; él detenta ese poder del “nombrar para” al punto de que después de todo, se restituye con ello un orden, un orden que es de hierro […]”

Jacques Lacan. Les Non-Dupes Errent ou Les Noms Du Père (1973-74). Clase de 19 de março de 1974. Inédito.

  • “Kant rechazó como de antemano de nuestra ética, a saber, que nada de lo que padezcamos puede de ninguna manera dirigirnos hacia nuestro bien; esto es algo que hay que entender no se sabe cómo, como un pródromo, me atrevo a decir, y por eso escribí una vez Kant con Sade, como un pródromo de lo que constituye efectivamente nuestra pasión: que ya no tenemos ninguna especie de idea de lo que, para nosotros, trazaría el camino del bien.”

Jacques Lacan. Les Non-Dupes Errent ou Les Noms Du Père (1973-74). Clase de 19 de março de 1974. Inédito.


MILLER

  • “Para que haya síntoma en el sentido freudiano, sin duda es necesario que haya sentido en juego.”

Jacques-Alain Miller. Ler um sintoma. In: Lacan XXI, Revista FAPOL On-Line, 2016. Disponível em: http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/leer-un-sintoma/

  • “En nuestra práctica asistimos entonces a la confrontación del sujeto con los restos sintomáticos. Pasamos por supuesto por el momento del desciframiento de la verdad del síntoma, pero llegamos a los restos sintomáticos y allí no decimos stop. El analista no dice stop y el analizante no dice stop. El análisis en ese periodo, está hecho de la confrontación directa del sujeto con lo que Freud llamaba los restos sintomáticos y a los que nosotros damos otro estatuto muy diferente. Bajo el nombre de restos sintomáticos Freud chocó con lo real del síntoma, con lo que en el síntoma, es fuera de sentido.”

Jacques-Alain Miller. Ler um sintoma. In: Lacan XXI, Revista FAPOL On-Line, 2016. Disponível em: http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/leer-un-sintoma/

  • “Leer un síntoma […] consiste en privar al síntoma de sentido. Por ello Lacan sustituye al aparato de interpretar de Freud – que Lacan mismo había formalizado, clarificado, es decir, el ternario edípico -, por un ternario que no produce sentido, el de lo Real, lo Simbólico y lo Imaginario. Pero al desplazar la interpretación del marco edípico hacia al marco borromeo, el funcionamiento mismo de la interpretación cambia, y pasa de la escucha del sentido a la lectura del fuera de sentido.”

Jacques-Alain Miller. Ler um sintoma. In: Lacan XXI, Revista FAPOL On-Line, 2016. Disponível em: http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/leer-un-sintoma/

  • “La adicción es la raíz del síntoma que está hecho de la reiteración inextinguible del mismo Uno. […] Es en este sentido que Lacan pudo decir que un síntoma es un etcétera. Es decir, el retorno del mismo acontecimiento.”

Jacques-Alain Miller. Ler um sintoma. In: Lacan XXI, Revista FAPOL On-Line, 2016. Disponível em: http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/leer-un-sintoma/

  • “O que é o dejeto? O termo tem muitas ressonâncias para aqueles que, mesmo que rapidamente, percorrem o ensino de Lacan. É o que é rejeitado e especialmente rejeitado ao cabo de uma operação onde só se retém o ouro, a substância preciosa a que ela leva. O dejeto é o que os alquimistas chamavam de caput mortuum. É o que cai, é o que tomba quando por outro lado algo se eleva. É o que se evacua, ou que se faz desaparecer enquanto que o ideal resplandece.”

Jacques-Alain Miller. A salvação pelos dejetos. In: Revista Correio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, n.67, 2010.

  • “A experiência  demonstra o poder das formações coletivas e  a fraqueza, a fragilidade, a  debilidade  do psicanalista quando ele quer se inserir diretamente.  O discurso do mestre procede exclusivamente pela identificação significante. É por aí, nesse sentido, que ele interdita a fantasia, como estipula expressamente a linha inferior do esquema do discurso do mestre tal como traçado por Lacan. A identificação reina sem divisão.”

Jacques-Alain Miller. A salvação pelos dejetos. In: Revista Correio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, n.67, 2010.

  • “O analista só tem que se inserir no laço social que prescreve o discurso do mestre […]”

Jacques-Alain Miller. A salvação pelos dejetos. In: Revista Correio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, n.67, 2010.

  • “[…] o discurso do mestre crê na saúde mental. Esse ideal é proibido ao analista que oferece uma via inédita, mais precária e, no entanto, mais segura: a salvação pelos dejetos.”

Jacques-Alain. A salvação pelos dejetos. In: Revista Correio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, n.67, 2010.


AUTORES DO CAMPO FREUDIANO

  • “A angústia leva a “refazer o todo” em uma situação na qual o sujeito não crê mais no significante um. O esforço para tornar o Outro todo repousa sobre o insuportável de uma ausência de garantias do gozo. Assistimos então a um duplo movimento. De um lado, apelos “populista” para refazer o todo. De outro lado, tentativas de reencontrar o gozo por intermédio de um acesso em curto-circuito.”

 Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.169

  • “…Trata-se, sobretudo, de suportar a inconsistência do Outro, sua ausência de garantia, sem ceder ao imperativo de gozo do supereu. O importante não é o aparente alívio do sujeito, mas o peso de sua relação com o gozo. Quando o sujeito está aliviado dos deveres da crença, como gozar sem que isso seja sua única obrigação? O psicanalista deve permanecer atópico em relação à corrente principal da civilização que o arrasta…”

Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.171

  • “No que diz respeito ao gozo, o psicanalista deve reenviar o sujeito à sua particularidade”.

Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.172

  • “…Podemos dizer que o grande movimento da civilização, seu hedonismo em massa, faz desaparecer a particularidade do sintoma. A visão hedonista do mundo apoia seu império no acesso ao gozo ‘para todos’”. …”

Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.173

  • “O psicanalista se orienta pelo real do sintoma, sempre parcial, ‘pedaço se real’. Trata-se de um saber que se apresenta sob uma forma que supõe a travessia da angústia.” …”

Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.174

  • “…O sintoma é o ponto impossível de ser incorporado ao mundo em que o sujeito funciona. Ele se apresenta inicialmente como infortúnio, como impossível e na contingência das origens de cada um desses sintomas…”

Éric Laurent, A Sociedade do Sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007, p.174

  • “Baseado no sintoma histérico, Freud reconhece a via na qual se impõe o incômodo do corpo que vem, pelas palavras, recortar mais uma vez, marcar as vias pelas quais o gozo advém. O que constitui o eixo em torno do qual gira a constituição do sintoma histérico é o amor ao pai. Trata-se do que faz com que o corpo histérico esteja sempre prestes a se desfazer, o que faz dele a ferramenta[3], segundo a expressão de Lacan. É precisamente isso que está em questão em nossa época. Por isso, precisamos conceber o sintoma não com base na crença no Nome-do-Pai, mas baseado na efetividade da prática psicanalítica. Essa prática obtém, através do seu manejo da verdade, alguma coisa que toca o real… A partir do simbólico, alguma coisa ressoa no corpo, e faz com que o sintoma responda. O que se colocará para nós como questão é como “falam os corpos” […]”

LAURENT, Éric. Falar com seu sintoma, falar com seu corpo. In: Argumento para o VI ENAPOL, 2012. Disponível em: http://enapol.com/vi/pt/portfolio-items/falar-com-seu-sintoma-falar-com-seu-corpo/


REFERÊNCIAS:

FREUD, S: Inibição, Sintoma e Ansiedade (1926). In: Obras Completas de S. Freud. Edição Standard brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996

FREUD, S. Cultura, sociedade, religião: O mal-estar na cultura e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

LACAN, Jacques. Escritos. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1998

LACAN, Jacques. Les Non-Dupes Errent ou Les Noms Du Père (1973-74). Clase de 19 de março de 1974. Inédito.

LAURENT, Éric: A sociedade do sintoma a psicanálise, hoje. Rio de Janeiro: Contra Capa livraria, 2007

LAURENT, Éric. Falar com seu sintoma, falar com seu corpo. In: Argumento para o VI ENAPOL, 2012. Disponível em: http://enapol.com/vi/pt/portfolio-items/falar-com-seu-sintoma-falar-com-seu-corpo/

MILLER, Jacques-Alain. A salvação pelos dejetos. In: Revista Correio, Revista da Escola Brasileira de Psicanálise, São Paulo, n.67, 2010.

MILLER, Jacques-Alain. Ler um sintoma. In: Lacan XXI, Revista FAPOL On-Line, 2016. Disponível em: http://www.lacan21.com/sitio/2016/04/16/leer-un-sintoma/