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Referências Eixo 1: A “família holófrase”: a crise como seu fundamento – primeira entrega

Referências Eixo 1: A “família holófrase”: a crise como seu fundamento – primeira entrega

Colaboradores: Edgley Duarte e Erick Leonardo

LACAN

  • “O que é um pai? Essa pergunta é uma maneira de abordar o problema do significante pai, mas não nos esqueçamos de que também está em jogo que sujeitos, afinal de contas, se tornam pais. Formular a questão o que é um pai? é algo diverso de ser-se um pai. aceder à posição paterna. Vamos examinar isso de perto.Se é fato que para cada homem, o acesso à posição paterna é uma busca, não é impensável dizer que, finalmente, ninguém jamais o foi por completo.” (p.209)
    Lacan J. (1956-1957) O seminário, livro 4: A relação de objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.
  • “A essência e a função do pai como Nome, como pivô do discurso, estão precisamente no seguinte ponto: afinal de contas, jamais se pode saber quem é o pai. Pode ir procurar, é uma questão de fé (…) Aliás, é certo que a introdução da pesquisa biológica da paternidade não pode deixar de ter incidência sobre a função do Nome-do-Pai.” (p. 149-150)
    Lacan J. (1968-1969) O seminário, livro 16: De um Outro ao outro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
  • “O pai morto é aquele que tem o gozo sob sua guarda, é de onde partiu a interdição do gozo, de onde ela procedeu. (p. 116).”

Lacan, J. (1969-1970). O Seminário, Livro 17: O avesso da psicanalise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.

  • “A propósito do pai, as pessoas se julgam obrigadas a começar pela infância, pelas identificações, e isso é então algo que verdadeiramente pode chegar a uma extraordinária farfalhada, a uma estranha contradição.”

Lacan, J. (1969-1970). O Seminário, Livro 17: O avesso da psicanalise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992

  • “Um pai só tem com o mestre – falo do mestre tal como o conhecemos, tal como funciona – a mais longínqua das relações porque, em suma, ao menos na sociedade com que Freud lida, é ele quem trabalha para todo mundo. (p.94)”

Lacan, J. (1969-1970). O Seminário, Livro 17: O avesso da psicanalise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992

  • “A saber, a idéia de um pai todo-amor. E é justamente isto que designa a primeira forma da identificação das três que ele isola no artigo que eu evocava agora mesmo – o pai é amor, o primeiro a se amar neste mundo é o pai. Estranha sobrevivência. Freud acredita que isso irá evaporar a religião, ao passo que na verdade é a própria substância desta que ele conserva com esse mito, bizarramente composto, do pai.” (p.94)
    Lacan, J. (1969-1970). O Seminário, Livro 17: O avesso da psicanalise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992
  • “Digo que é preciso supor tetrádico o que faz o laço borromeano ­ perversão quer dizer apenas versão em direção ao pai -, em suma, o pai é um sintoma, ou um sinthoma, se quiserem.” (p.21)
    Lacan, J. (1975-1976). O Seminário, Livro 23: O sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.

“A imaginação de ser o redentor, pelo menos na nossa tradição, é o protótipo da pai-versãi. Na medida em que há relação de filho com pai, surge essa idéia tresloucada do redentor, e isso há muito tempo. O sadismo é para o pai, o masoquismo é para o filho. Freud, de todo modo, tentou se desprender desse sadomasoquismo. Esse é o único ponto onde há uma relação suposta entre o sadismo e o masoquismo.” (p.82)
Lacan, J. (1975-1976). O Seminário, Livro 23: O sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.


MILLER

  • “É preciso ver que o fato de dizer fantasia de castração evoca imediatamente para ele a dominância da mãe. Nessa castração, a mãe é o fator desencadeante, a ponto de dizer que não é a irrupção do desejo genital que motiva o Édipo, mas, a reatualização da imago materna primitiva pela angústia que pode suscitar.” (p.13)

Jacques-Alain Miller, Leitura crítica dos “Complexos familiares”, Opção Lacaniana OnLine.

  • “Por todo esse texto, Lacan exalta o papel paterno, de modo que, na ocasião, ele está prestes a atribuir ao desaparecimento do personagem paterno na história de um sujeito os próprios limites de sua forma de objetivação do mundo.” (p.15)

Jacques-Alain Miller, Leitura crítica dos “Complexos familiares”, Opção Lacaniana OnLine.

  • “A metáfora paterna remete, a meu ver, a uma divisão do desejo a qual impõe, nessa ordem do desejo, que o objeto criança não seja tudo para o sujeito materno. Quer dizer que há uma condição de não-todo, que o objeto criança não deve ser tudo para o sujeito materno, mas que o desejo da mãe deve se dirigir para um homem e ser atraído por ele. Portanto isso exige que o pai seja, também, um homem.”

Jacques-Alain Miller, A criança entre a mulher e a mãe, Opção Lacaniana OnLine. novembro 2014, p.3.


AUTORES DO CAMPO FREUDIANO

  • “O pai do psicótico é, então, reduzido ao objeto-pênis. É isso que o psicótico incorporou e do que deve se livrar. No máximo, ele .afeta o Outro sob a forma de um objeto a não caído, excluindo o desejo, mas recaindo sob esta lei implacável do Outro não barrado, não descompletado e dispensador do supereu.” (p.49)

Rosine Lefort. A criança sem o saber. In: MILLER, Judith (org); A criança no discurso analítico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991

  • “Foi necessário a Lacan desarticular previamente o eixo imaginário do lugar do Outro para fazê-lo emergir, o Outro, e num outro tempo demarcar por seu discurso o lugar de a, o qual, repito, é um lugar sem nome . A criança, se não nomeia o Outro, encontra ocasionalmente sua estranheza, para além das suas figuras parentais, pois estas não contêm o Outro. Inclusive, é essa a censura essencial que o analisando, no só-depois, consegue formular a seu respeito. Daquele que é suposto guiar a criança na sua relação ao Outro, seu pai, uma análise poderá permitir-lhe medir os limites.” (p.140)

Guy Clastres, A criança no adulto. In: MILLER, Judith (org); A criança no discurso analítico.   Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.

  • “Lembrarei aqui que, numa lição do Seminário consagrado à ética, Lacan situava o momento do final de um tratamento quando o sujeito conseguira situar seu pai pelo que este realmente era: um pobre sujeito, um imbecil, até mesmo um ladrão. Com efeito, ao pai pode-se dar atributos cômicos ou trágicos, mas ele é, enfim, qualificável. Não o Nome-do-Pai. O Nome-do-Pai é aquilo que regula a relação entre o sujeito e a estrutura, pois não se pode dizer dele que seja um canalha, por exemplo. Pode-se deduzir que ele funcionou ou não.” (p.140).

Guy Clastres, A criança no adulto. In: MILLER, Judith (org); A criança no discurso       analítico.          Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991

  • Si Lacan avait prophétisé la substitution du nommer à – être nommé à quelque chose –, au Nom-du-Père organisant la structure familiale traditionnelle, on constate aujourd’hui que cette prophétie s’est accomplie. Être mère n’est plus l’apanage du sexe féminin, chacun pouvant s’auto-nommer à cette fonction. Dans cette perspective, l’enfant détaché du corps de la mère devient un objet que chacun peut exiger, revendiquer… On y a droit!!
    Patricia B.-Caroz, Holophrases contemporaines: Être mère, et vouloir un enfant. Disponível em:https://www.pipol10.eu/2021/06/28/holophrases-contemporaines-etre-mere-et-vouloir-un-enfant- patricia-b-caroz/
  • Là aussi le psychanalyste est attendu, non pour proférer un jugement au nom d’un prétendu Bien collectif, mais pour accompagner chacun dans la reconfiguration du lien parental qu’il a aujourd’hui à sa charge sans le secours d’aucun discours établi. Dès lors, il aura dans son action quotidienne, grâce à l’opération du transfert, à permettre à la jouissance de condescendre au désir…..

Patricia B.-Caroz, Holophrases contemporaines: Être mère, et vouloir un enfant. https://www.pipol10.eu/2021/06/28/holophrases-contemporaines-etre-mere-et-vouloir-un-           enfant-            patricia-b-caroz/

  • Dans cette configuration, si nous traçons deux cercles qui se recouvrent en partie, et si nous inscrivons dans l’un des cercles les deux signifiants de « père » et « mère », et dans l’autre celui de « enfant », alors nous pouvons écrire dans leur intersection, avec le signifiant de « désir » les deux noms de manque et de nomination. Mais la famille est désormais plongée dans le bain de notre civilisation où les objets issus de la technologie, les objets plus-de-jouir, ont pris autorité et font la loi à toutes les formes de l’idéal. La jouissance y est première.

Daniel Roy, Parents exaspérés – enfants terribles. Texto de orientação para a 7a Journée de       l’Institut             psychanalytique de l’Enfant. https://institut-enfant.fr/wp-            content/uploads/2021/01/PARENTS_EXASPERES.pdf

  • “o pai é aquele que permite apreender a rotina que faz coincidir o significante e o significado. Por isso, é melhor que uma criança tenha acesso a um homem que lhe permita calcular, sob sua presença, a função essencial para todo o ser humano que é a invenção, uma vez que o pai é a invenção do sujeito” (p. 54).

Phillippe Lacadée. “O uso do Nome-do-Pai: a ferramenta do pai e a prática     analítica”. In:     Invenções Paternas. Revista Curinga.  vol. 23, 2006.

  • “La hipótesis de ‘natural’ no es la del psicoanálisis. Constatamos que la ‘ideología edípica’ no alcanza. El punto de vista del psicoanálisis no es restaurar sino de constatar el hecho de que el niño contemporâneo revela lo que es la estrutura para todos. El sujeto tiene la carga de construir su familia, en el sentido de que instaura la distribución de los nombres de padre y de madre. A partir de entonces esta carga no es aliviada ni por la ficción jurídica ni por el aporte de la sociología” (p. 52).

Laurent, Eric. El niño y su familia. 1ª ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Colección Diva, 2018.

  • “El niño es entonces el objeto a, va al lugar de un objeto a, y a partir de allí se estrutura la familia. La misma no se constituye más a partir de la metáfora paterna, que era la cara clásica del complejo de Edipo, sino enteramente en la manera en que el niño es el objeto de goce de la familia, no solamente de la madre, sino de la familia y más allá, de la civilización. El niño ‘es objeto a liberado, producido’” (p. 71).

Laurent, Eric. El niño y su familia. 1ª ed. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Colección Diva, 2018.

  • “La familia moderna es uma holofrase […]. Lacan habló de holofrase a proposito de la psicosis para hacer valer la función de Uno ‘solo’. La holofrase tiene otras virtudes, aquella de hacernos percibir que es la condensación de funciones complejas em un solo elemento que puede tener aspecto simple. La familia moderna es contracción” (p. 187).

Laurent, Eric. Hay um fin de análisis para los niños. 2ª ed. Buenos Aires: Colección Diva, 2003.

  • “No existe un niño sin institución, incluso si está abandonado, está la instituición de la calle que lo recibe. No existe un niño totalmente solo. El niño va con una instituición, es la familia o es lo que viene ocupar ese lugar: la banda, la ley, la jungla si es que hace falta” (pp. 189.190).

Laurent, Eric. Hay um fin de análisis para los niños. 2ª ed. Buenos Aires: Colección Diva, 2003.

  • […] “em consequência, logram afirmar que o pai é esse pai gozador, violador, e não, o lugar vazio (grifo nosso) cuja função é de regular e limitar o gozo dos homens: essa versão não aparece”.

Soria, Nieves. La sexuación en cuestión. Buenos Aires: Del Bucle, 2020.