21 de novembro 2013 - Hotel Panamericano - Buenos Aires - Calle Carlos Pellegrini 551
Info: haun@ebp.org.br
Argumento
Marcelo Veras - Diretor da EBP
Jésus Santiago - Coordenador da Comissão Científica
Caros amigos, esse ano a Escola Brasileira de Psicanálise realizará seu encontro anual em terras portenhas, no dia 21 de novembro, por ocasião da Buenos Aires Lacaniana, semana de intensas trocas entre as Escolas do Campo Freudiano nas Américas. O local escolhido é o mesmo do VI ENAPOL, o Hotel Panamericano. O nome do Seminário guarda inúmeras ressonâncias: haun. Há um, Aun, haunnn da lalíngua e das brincadeiras das crianças, um nome que evita ser capturado em um significado específico e que se perde nos circuitos da fuga dos sentidos.
Assim nosso Seminário, na forma da disciplina do comentário, terá como tema o cerne do Seminário 19, ‘… ou pire’, expresso pelo aforisma ‘Há um’. A escolha da disciplina do comentário se justifica pela necessidade de considerar a complexidade conceitual e o alcance clínico desse aforisma. Pensou-se, assim, distribuir nosso Seminário, em quatro partes distintas: - argumento ; - disciplina do comentário ; lógica do tratamento e, finalmente, - a perspectiva do conceito.
A pergunta fundamental a ser enfrentada é: de que modo o ensino de Lacan se desloca da primazia do Outro na ordem da verdade e na do desejo para a primazia do Um na dimensão do real ? No fundo, o que está em questão é a rejeição do Dois presente na relação sexual e o da articulação significante (S1-S2). Há toda uma perspectiva clínica que se abre a partir desse aforisma que enuncia ‘o que há’ tomado como complemento do ‘não há’ da relação sexual. Que orientação clínica se institui pelo Um sozinho (l’Un-tout-seul), pelo Um sozinho em um gozo, no tocante à sua natureza autoerótica, como em sua manifestação a-semântica. Com seu ultimo ensino passa-se ao avesso da importância dada ao Outro, ao inconsciente e suas regras na determinação simbólica dos sintomas e das formações do inconsciente. Centra-se na captação do que é o particular de cada um, isto é, osingular – donde o singular significa que não se presta ao universal.
Em última análise, o último ensino de Lacan é assediado pelo problema do autismo do gozo. Neste último ensino o autismo significa que o dominante é o Um e não o Outro. Lacan faz com que a cena analítica gire até o que é próprio de cada um e que, de nenhum modo, é possível compartilhar o que não pode ser generalizado. A tese privilegiada por J.- A. Miller, em "O ser e Um" é que a importância outorgada ao Um, ao gozo do Um, ao segredo libidinal do Um, tem por consequência que a psicanálise apareça como um forçamento. Como é possível esse forçamento que é a psicanálise, esse forçamento do gozo do Um? No primeiro ensino tudo aparece como algo que transcorre pelo próprio curso natural da associação significante endereçada ao Outro no sentido de aclarar a posição do sujeito nas regras do inconsciente. Agora, no Seminário “… ou pire”, a psicanálise torna-se um forçamento do autismo, em decorrência da lalíngua, é o forçamento do Um, do Um do gozo, graças à lalíngua. Esse é o sentido que se pode conferir ao termo autismo do gozo. Se existe essa prevalência do autismo, na acepção clínica do Um, isto se deve que o que está em jogo no tratamento do falasser é o gozo e que o gozo é sempre o gozo do Um.
Essa é a perspectiva que se abre para nossos trabalhos. Vocês são nossos convidados, contamos com a participação de todos, brasileiros e colegas da AMP América. Não se esqueçam de programar sua viagem à Buenos Aires mais cedo, como o Seminário começa às 14 horas do dia 21 de novembro, muitos poderão chegar pela manhã e participar. As inscrições serão feitas exclusivamente aqui em nosso site, qualquer dúvida ou dificuldade basta nos contatar. As vagas são limitadas, portanto inscrevam-se logo.
Até breve, hasta pronto!